O programa “Viagem literária” aproximou leitores de diversas idades e profissões da autora
Por Valéria Andrade
A jornalista Daniela Arbex, autora do premiado best-seller ‘Holocausto Brasileiro’, esteve na cidade nessa terça-feira (30), para falar sobre carreira, jornalismo e os desafios de ser escrever livros no Brasil. Ela, que também é autora de “Cova 312 – A longa jornada de uma repórter para descobrir o destino de um guerrilheiro”, abordou polêmicas que enfrentou para compor a obra.
O primeiro livro-reportagem de Daniela, o “Holocausto Brasileiro”, se passa na cidade mineira de Barbacena, onde milhares de pessoas eram internadas no Hospital Colônia e passavam por todos os tipos de maus tratos. “Sou ostilizada até hoje em Barbacena”, conta.
Para poder escrever, a jornalista passou um ano fora de casa, investigando, coletando dados e conversando com os envolvidos. Ela que é mãe de um menino de seis anos, abdica-se um pouco da presença do filho durante esse processo. Mas acredita ser para um bem maior. “Eu tenho senso de urgência para esse assuntos. Eu preciso falar sobre eles e mostrar para as pessoas”, justifica.
Além de prêmios, Daniela com seus livros-reportagem contabiliza outras conquistas. O Governo de Minas Gerais, por exemplo, reconheceu a culpa pelas mortes em massa no hospital Colônia. Segundo ela, é para ações como essas que as histórias precisam ser conhecidas. Mas mesmo assim não acredita que os responsáveis pagarão pelo que foi feito. “Acho difícil responsabilizar individualmente”, confessa.
Em seu segundo livro, o “Cova 312”, a jornalista conta sobre o suicídio forjado pelas Forças Armadas de um jovem militante político, o Milton Soares de Castro. Ela investiga o suposto suicídio e reconstrói passo a passo por onde passou. Em um tom de orgulho e lembrança, Daniela recorda quando encontrou-se com os familiares das vítimas. “Eles viam em mim uma forma de lembrar a história dele e não aceitavam também a versão dos fatos”, lembra.
A jornalista escritora revela que o seu mais novo livro será lançado em janeiro. Porém, ainda não pode contar o tema, mas garante que será na linha dos outros dois livros. “Estou aqui me segurando para não contar!”, confessa.
Viagem literária – O programa da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo tem como objetivo de aproximar autores, livros e bibliotecas do cidadão paulista.
“A atividade com Daniela encerra o ciclo de conversas com escritores, mas o circuito em Ubatuba ainda inclui uma oficina de escrita criativa, que acontecerá neste semestre, em data a ser divulgada em breve”, informa bibliotecária Keyla Redondo.