Josy Santos foi selecionada para o Operalia 2018, promovido pelo tenor espanhol Plácido Domingo
Por Salim Burihan
A cantora lírica caraguatatubense Josy Santos, radicada na Alemanha, foi selecionada para participar do concurso internacional de ópera “Operalia”, uma iniciativa do tenor espanhol Plácido Domingo, que pela primeira vez será realizado em Lisboa, entre o dia 27 deste mês e o dia 2 de setembro.
O Teatro São Carlos, em Lisboa, vai ser o cenário da 26.ª edição do Operalia, concurso ao qual se candidataram, além de Josy Santos, outros 39 cantores líricos, de 24 países.
Josy Santos é a única brasileira selecionada para o concurso, que terá seis candidatos da Rússia; cinco dos Estados Unidos; três da Itália; três da China; dois de Portugal; e o restante de vários países europeus.
Em sua página no Facebook, Josy Santos, que atualmente é membro do Ensemble do Teatro de Hannover(Alemanha), falou sobre a alegria de ter sido selecionada para o Operalia.
“Estou muito feliz em anunciar que participarei do Concurso de Canto Operalia 2018 em Lisboa,
O Operalia é um concurso considerado muito importante, por revelar novos talentos da música lírica internacional.
Podem participar do concurso, desde que selecionados, cantores líricos de todo o mundo, entre os 18 e os 32 anos, em todas as categorias vocais. Os 40 finalistas deste ano são, em sua maioria, meio-sopranos e tenores, havendo dois baixos e dois baixos-barítonos e, os restantes, sopranos e barítonos.
Os 40 finalistas vão ser avaliados por um júri formado por 13 profissionais, entre os quais Jonathan Friend, administrador artístico da Metropolitan Opera House, de Nova Iorque, Peter Katona, diretor da escolha de elencos da Royal Opera House, de Londres, e Joan Matabosch, diretor artístico do Teatro Real, de Madrid.
O júri é presidido pelo tenor e maestro Plácido Domingo. Também fazem parte da equipe de jurados, Patrick Dickie, diretor artístico do TNSC, Marta Domingo, encenadora, Jean-Louis Grinda, diretor geral da Opéra de Monte Carlo e dos Chorégies d’Orange, de França, e Ilias Tzempetonidis, diretor de seleção de elencos da Opéra National de Paris.
A primeira edição do Operalia, ocorreu em 1993, em Paris, ocorreram edições em Tóquio, Hamburgo, Budapeste, Milão, Moscou, Pequim, Verona, Los Angeles, Cidade do México, Londres, Madrid e Guadalajara.
A edição de 2017, aconteceu na Ópera de Astana, no Cazaquistão. Os vencedores foram a soprano romena Adela Zaharia e o tenor sul-africano Levy Sekgapane.
Josy Santos
A cantora mezo-soprano Josy Santos, aos 26 anos, ganha cada vez mais destaque internacional. A história de Josy é das mais interessantes.
Em Caraguá, aproveitou uma oportunidade no Projeto Guri e, depois no Água Viva Coral, ambos em Caraguá, para revelar seu potencial artístico.
Ela contou ainda, com a colaboração e apoio da professora e pianista Maria Luísa França, que percebeu em Josy um potencial fenomenal e decidiu orientá-la profissionalmente.
A família de Josy é natural de Araras, Distrito de Campo Formoso, interior da Bahia. Vida dura e muito sofrida. A família deixou à seca e as dificuldades há 22 anos e veio morar em Caraguatatuba.
Josy tinha cinco anos de idade. Ela cursou o primário e o colegial (estudou no Thomaz Ribeiro de Lima). Com 12 anos, começou a cantar no coral da igreja.
Foi quando um professor sugeriu que ela participasse do Projeto Guri, uma parceria da prefeitura local como Governo do Estado. Em seguida, Josy foi cantar no Água Viva Coral, que tinha como coordenadora, a maestrina Eliane Baneza.
Foi nesta época, que a professora Maria Luísa França, que vivia em Caraguá, desde 2003, e que tinha trabalhado como professora de música da Fundação Cultural local, resolveu orientá-la profissionalmente.
Josy, alojada na casa de Maria Luísa, na capital, passou a ter aulas de técnica vocal e repertório com a professora soprano Márcia Regina Soldi.
Em seguida, foi cursar Canto Lírico, na Universidade Cruzeiro do Sul. Em 2012, Josy obteve uma bolsa no Mozarteum Brasileiro Associação Cultural e foi para a Alemanha.
Em 2016, concluiu o seu mestrado em Ópera na HFMDK Frankfurt e, no mesmo ano, passou a integrar o Ópera Estúdio, da Ópera de Stuttgart. Desde então, participa de vários festivais de ópera na Europa, com muito sucesso.
Em 2013 viveu “A Mãe” na estreia mundial da ópera “O Menino e a Liberdade”, de Ronaldo Miranda. Em 2014, seu talento e voz ganharam espaço no exterior e sua estreia internacional como Zita na ópera “Gianni Schicchi”, de G.Puccini aconteceu em Frankfurt.
Participou também de masterclasses com grandes nomes da música erudita, como Marjanna Livopsek, Prof. Rudolf Piernay e Helmut Deutsch (Lied).
Obteve o primeiro prêmio no 11º Concurso Maria Callas e como solista atuou no Oratório de Natal de C. Saint Säens, Requiem de J. Michael Haydn, na Missa em Si Bemol do Padre José Maurício e Réquiem de G. B. Pergolesi. Em 2014 e 2015 foi convidada pelo Mozarteum para participar do Festival de Trancoso (em Porto Seguro, na Bahia), no qual interpretou o Hino Nacional Brasileiro, transmitido pela TV Globo.