Afinal, existe ou não tubarão na costa do Litoral Norte? Já ocorreu algum ataque a banhista na região? Tubarão e cação é a mesma coisa? O tema tubarão sempre atraiu o interesse de muita gente. Vamos tentar esclarecer esses assuntos através dos depoimentos e informações repassadas por especialistas, oceanógrafos e biólogos.
Por Salim Burihan
Como disse acima, escrever sobre tubarão sempre atraí os leitores. Como jornalista atuando na região há muitos anos não me recordo de ter feito uma reportagem falando sobre ataque de tubarão a banhistas nas praias do Litoral Norte.
Escrevi muitas vezes, sobre a presença desta espécie de peixe em nossa costa e, até mesmo, da captura deles, a maioria delas, por pescadores.
É bom deixar claro que tubarão e cação é a mesma coisa. Segundo um dos pesquisadores consultados quem compra cação, na verdade, está levando para casa carne de tubarão.
A explicação até que foi interessante: já imaginou a peixaria vender carne de tubarão! Quem iria comprar? Por isso, sempre que você for comprar um cação, jamais verá a cabeça dele. A cabeça e aqueles dentes, tipo “serrote”, dificilmente, iriam atrair o desejo de qualquer comprador.
Ouvimos isso do pesquisador científico Dr. Alberto Ferreira Amorim, um dos mais renomados do Instituto de Pesca do Estado de São Paulo e dos oceanógrafos Júlio Cesar Avelar e Hugo Gallo, este último, presidente do Instituto Argonauta e diretor do Aquário de Ubatuba, entre outros especialistas consultados.
O tubarão chega a medir até seis metros de comprimento e pesar mais de 800 kg. O tubarão se alimenta de peixes, tartarugas, focas, lulas e também, de outras espécies de peixes.

Tubarão, da espécie mangona, que pode ser visto no Aquário de Ubatuba. Fotos: Aquário de Ubatuba
Litoral Norte
Caro leitor, fique esperto! Nossa costa tem sim tubarão. É o que garantem os pesquisadores e oceanógrafos consultados. Essas espécies de peixe fazem parte do ambiente marinho e de sua cadeia alimentar.
“O tubarão habita a nossa costa. Vive nas ilhas, na costa e, também, no raso, mas não ataca o homem. Vive em harmonia com o meio ambiente”, explicou o Dr. Amorim, pesquisador científico do Instituto de Pesca.
Segundo ele, o tubarão reage quando importunado ou atacado. Isso quando ocorre, por exemplo, quando o peixe é capturado acidentalmente por uma rede de pescador. “Ataque a banhista, na costa do Litoral Norte é uma raridade”, afirmou.
O pesquisador contou ainda que não existe diferença entre tubarão e cação. “Quando capturam um cação tigre ou tintureira, na verdade, capturaram um tubarão. Esses peixes (cação grande) possuem dentes parecidos com um serrote. Algumas espécies são bem agressivas.”, detalhou.
Tentamos uma entrevista com professor Otto Bismarck, que é considerado um dos maiores especialista em tubarão no Brasil, mas não recebemos seu retorno até o fechamento da matéria.
Em entrevistas dele aos jornais, na década de 90, o biólogo Bismarck, afirmou que no verão, época de reprodução e nascimento dos filhotes, os tubarões ficam mais próximos da costa.
Bismarck, que é representante no Brasil do Arquivo Internacional de Ataques de Tubarões –órgão ligado à Universidade da Flórida (EUA), é pesquisador da UNESP.
Na década de 90, segundo Bismarck, o litoral paulista era o segundo em ataques de tubarão no país. Em 1994, por exemplo, foram registrados nove ataques no Litoral de São Paulo; sete no Maranhão; e, seis no Rio de Janeiro.
O oceanógrafo Hugo Gallo também confirmou a presença do tubarão em nossa costa. “Temos tubarões sim no litoral norte de SP e muitas vezes são pescados e vendidos no mercado com o nome de cação, então muita gente já comeu tubarão e nem sabe”, afirmou.
Segundo ele, a maioria das espécies está ameaçada de extinção. Existe até uma lista de tubarões ameaçados, que estão em uma lista internacional, todos com sua pesca e comercialização proibidas.
O oceanógrafo Júlio Avelar, que conhece profundamente o Litoral Norte, confirma. “Tubarão é um termo genérico. O cação que você compra na peixaria é um tubarão. Tem muitas espécies de variados tamanhos. Alguns agressivos, mas a maioria não”, informou.
“Tem tubarão no litoral norte, mas quase não se aproximam mais e são muito capturados pela pesca, por conta das barbatanas. Algumas espécies já estão ameaçadas de extinção”, esclareceu Avelar.
Ataques
Atualmente, o litoral de Recife, em Pernambuco, é onde mais ocorre ataques de tubarão na América do Sul. Na Praia de Boa Viagem, em Recife, é onde tem ocorrido a maioria dos ataques. Diversos cartazes estão espalhados pela praia alertando os turistas sobre a presença desses animais.
As espécies mais encontradas são os tubarões cabeça chata e tubarões-tigre. No Litoral de Pernambuco, foram registrados nos últimos anos, 62 ataques, 32 deles contra surfistas e 30 envolvendo banhistas.
No Litoral Paulista, o último ataque desta espécie de peixe, ocorreu em Bertioga, em fevereiro de 2003. A vítima foi um garoto de 13 anos, Geílson Alves Bezerra quando ele surfava na praia de Guaratuba.
O pesquisador Otto Bismarck, um dos maiores especialista em tubarões, visitou o garoto no hospital e confirmou: as características da lesão revelavam tratar-se de uma abocanhada de tubarão. Ele explicou, na ocasião, que “ o ferimento causado por um animal destes(tubarão) é irregular, não tem um formato simples, não é simétrico e, muitas vezes, traz perfurações individuais de dentes”
O garoto foi mordido em uma das coxas pelo tubarão, passou vários dias internado em um hospital de Santos e se recuperou.
Aparições

Tubarão-tigre capturado em Mongaguá no ano passado
De 1994 para cá, tivemos notícias apenas de aparições e capturas, acidentais ou não, por pescadores.
Em 2003, dois tubarões de mais de 200 quilos aparecem enroscados em rede de pescadores nas praias de São Sebastião.
Um foi encontrado com vida por três pescadores no final do mês de abril, daquele ano, na Praia Paúba.
O outro foi localizado alguns dias depois, na Praia Toque-Toque Grande, também com cerca de 200 quilos e quase dois metros de comprimento.
Em abril do ano passado, um grupo de moradores de Mongaguá, no litoral de São Paulo, encontrou um tubarão de cerca de 70 kg preso a uma rede no mar da cidade.
O animal capturado na praia do centro, era da espécie tigre e tinha pouco mais de 1,5 metro, pesando cerca de 70 kg.
Em junho do ano passado, um tubarão de grande porte foi retirado do mar por pescadores em Praia Grande. o animal era um Carcharias taurus, também conhecido como tubarão-mangona.

Tubarão-mangona capturado em junho do ano passado em Praia Grande
Onde ver um tubarão
Quem quiser conhecer e ver um tubarão basta apenas ira até o Aquário de Ubatuba. No aquário estão três tubarões, um de cada espécie.
Tem um tubarão mangona ( Carcharias taurus), que é uma espécie brasileira, ameaçada e pode ser encontrada no nosso litoral. Apelidada de “Valente” é uma fêmea que está no local a 5 anos. É o peixe que mais chama a atenção dos visitantes. Valente pesa por volta de 100 quilos e tem mais de 2 metros de comprimento.
Tem também um Tubarão lixa (Ginglymostoma cirratum), também uma espécie brasileira ameaçada de extinção e que pode ser encontrada no litoral norte de São Paulo. Apelidada de “Moana”, o tubarão fêmea, foi encaminhada ao aquário pelos órgãos ambientais.
O tubarão vivia em um aquário particular, porém ficou muito grande e não estava se alimentando normalmente. “Moana” tem 1,82 metros de comprimento e pesa 40 quilos.
O terceiro tubarão do Aquário de Ubatuba é um macho, apelidado de “Mathias”, um tubarão-gato (Atelomycterus marmoratus). O peixe é o menor dos tubarões do local, pesa 408g, já é um adulto e tem por volta de 60 centímetros de comprimento.
O Aquário de Ubatuba fica na Rua Guarani, 859, no bairro do Itaguá, em Ubatuba, abre todos os dias. Informações podem ser obtidas pelo telefone (012) 3834-1382.
Olá.
Agradeço a lembrança de meu nome na matéria sobre tubarões no litoral norte de SP e apenas gostaria de esclarecer que em nenhum momento fui contactado pela reportagem de modo de que a informação de que fui procurado mas não havia dado retorno até o fechamento da matéria não procede. Obrigado
Texto cheio de erros de português….
Ouu expert em Português, onde você viu erro de Português no texto?