Vários representantes de entidades ambientalistas que atuam na região estiveram presentes ao lançamento do Plano Nacional de Combate ao Lixo no Mar, feito pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, em Ilhabela. Todos eles, se mostraram bastante otimistas com a iniciativa. Nos últimos três anos, dos 6 mil animais marinhos encontrados mortos em nossa região, 25% deles morreram devido a ingestão de lixo plásticos descartados indevidamente nas praias ou nas cidades
Por Salim Burihan
O oceanógrafo Hugo Gallo, do Instituto Argonauta, foi um dos convidados do ministro Ricardo Salles para prestigiar o lançamento do Plano Nacional de Combate do Lixo no Mar. O oceanógrafo contribuiu na elaboração do plano, segundo ele, muito importante para a preservação da fauna marinha e, também, para a preservação das praias e o bem estar dos banhistas.

Hugo Gallo, a esquerda, na selfie com o ministro Ricardo salles
“É uma iniciativa importante, pois não dá mais para conviver com essa realidade. O governo é as prefeituras farão a sua parte, mas é importante que os moradores e frequentadores do nosso litoral evitem deixar lixo nas praias. Também é importante dar a destinação correta ao lixo doméstico, pois o lixo depositado nas indevidamente nas calçadas e praças com as chuvas vão parar no mar”, alertou.
Galo foi um dos idealizadores do Boletim do Lixo nas Praias do Litoral Norte, um relatório pioneiro no litoral paulista e, possivelmente, brasileiro, sobre a questão do lixo nas praias da região.
O boletim, mensal, mostra as condições de cada praia monitorada em Ubatuba, Caraguá, São Sebastião e Ilhabela com relação ao lixo constatado nas areias das praias avaliadas mensalmente.
Outro ambientalista presente ao lançamento do Plano Nacional de Combate ao Lixo no Mar, foi Júlio Cardoso, do Projeto Baleia à Vista, de Ilhabela. Cardoso que monitora baleias, golfinhos e todas as espécies de animais marinhos em suas saídas para o mar tem registrado a presença de todo o tipo de lixo no mar de Ilhabela, entre eles, carcaças de geladeira, de televisores e mesas e cadeiras de plástico.
Cardoso se mostrou bastante otimista com a iniciativa encabeçada pelo ministro Ricardo Salles, afinal, alguma coisa tinha que ser feita a nível federal para se combater e impedir tanto lixo no mar. Cardoso prepara para 12 de julho o lançamento do início da temporada da presença de baleias jubartes no Litoral Norte. A expectativa é que esse ano um número maior de baleias deve aparecer na região.
Berenice Gallo, do Tamar(Tartarugas Marinhas), cuja sede é em Ubatuba, também compareceu ao evento. As tartarugas vem sendo as maiores vítimas do lixo plástico descartado no mar. Entre 2015 e 2018 , em nossa região, foram encontradas mortas, 3805 tartarugas, 25% dessas mortes foram provocadas por lixo descartados no mar ou nas praias.
Boto
Um golfinho encontrado morto no mar durante uma ação ambiental em Ilhabela, na semana passada, não morreu por ingestão de lixo plástico.
O golfinho, na verdade, um Boto cinza, macho, adulto, da espécie Sotalia guianensis, foi recolhido do mar pelos ambientalistas e encaminhado ao Instituto Argonauta para análise.
A constatação de que o animal não morreu por ingerir lixo plástico foi feita por técnicos do Instituto Argonauta. O boto teria morrido após ser capturado em uma pesca acidental, caso que ocorre muito na região.
Segundo o presidente do Instituto Argonauta, Hugo Gallo, apesar do animal estar em decomposição avançada, foi realizada triagem detalhada do TGI(trato Gastro Intestinal) e não tinha nenhum resíduo sólido em seu intestino, apenas a presença de presas semi digeridas.
O número de animais marinhos mortos por ingestão de plástico tem sido grande no Litoral Norte, segundo Gallo.
Ele relatou que no período de agosto de 2015 a março de 2019 foram encontrados 5.434 animais mortos nas praias do Litoral Norte.
Daqueles que foram passíveis de necropsia, 31% apresentaram algum tipo de interação antrópica, sendo que a maior parte (53%) foi interação por ingestão de lixo, principalmente, plástico.