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Separando o Joio do Trigo – MENSALÃO e PETROLÃO são Ervas Daninhas?

Tamoios News

O evangelho segundo Mateus, 13

O joio é uma erva daninha – até mesmo venenosa – e usualmente cresce nas plantações de trigo. A semelhança é tão grande que também é conhecida como o “falso trigo”. A parábola que fala sobre as pessoas boas e as pessoas más  é mais ou menos assim: foi semeada a boa semente em um campo de trigo. Enquanto dormiam vieram os inimigos e semearam o joio, que se misturou com o trigo. Ambos cresceram e se misturaram, pois como já dito, eram parecidíssimos. Perguntaram ao Senhor: -De onde veio o joio?  “Um inimigo fez isso”, respondeu o Senhor.  –Quer que arranquemos o joio?  “Não, pois haverá o risco de se arrancar, também o trigo. Deixai-os crescer até a colheita e, então, os ceifeiros arrancarão o joio, em feixes, para ser queimado.  O trigo recolhei-o ao meu celeiro”.

Desse episódio bíblico originou-se a expressão hoje popular “separar o joio do trigo”.  E quando se planta apenas o joio?  Não haveria o que distinguir.  Não creio que alguém conseguisse sustentar que a prática de “mensalões” e “lavas jatos” seja correta. Eu disse intencionalmente, no plural. Com isso quis evidenciar que pouco importa a origem ideológica, partidária, filosófica dos protagonistas dessa prática criminosa.  A disputa entre “direita” e “esquerda” é secular. A origem é a também interminável discussão filosófica que se contrapõem, entre os  “idealistas” e os “materialistas”. 

Na medida em que as relações humanas foram se aproximando e se avolumando percorrendo desde o início do mundo,  a era medieval, a revolução industrial, enfim, percorrendo a própria história, aquela interminável  discussão entre “idealistas” e “materialistas” continua  a inspirar propostas de transformações, agora já no âmbito das relações humanas, sobretudo após a revolução industrial, com novas regras e práticas comerciais, fazendo com que se potencializasse o lado consumista desse misterioso “ser humano”

O que tem isso a ver com os mensalões e lavas jatos? Tudo. Quando alguém se dispõe a desempenhar uma função ou cargo público ele deve entender que estará a serviço da coletividade. É uma entrega!  Este ânimo interior relaciona-se com o espírito de solidariedade, de respeito, de justiça, de equilíbrio.  Por outro lado, se o ânimo interior relaciona-se com o “ter”, com o poder pelo poder, com o culto ao personalismo – seja a uma pessoa, seja a um partido – então não haverá nenhuma identidade desse agente com a coletividade. 

Algumas pessoas mais ligadas a mim conhecem o que sempre repito:  “- nunca compare duas coisas ruins para que não haja o risco de uma delas parecer boa”.  Os “mensalões” e “lavas jatos” refletem uma prática. De quem? De qualquer um que a pratique!  PT, PSDB, PSD, PMDB, P…, P…  – não importa.  Todos estariam cometendo crimes!  Quanto ao mensalão já julgado, os criminosos já foram condenados: Zé Dirceu, Genoino, Delubio, etc.etc… Ainda que tenha havido um “amaciamento” de suas penas, em função do julgamento do recurso “embargos infringentes” (aberração jurídico-processual), o fato é que eles JÁ SÃO CRIMINOSOS!    Foi criada uma verdadeira estrutura criminosa, com engrenagens bem definidas, especialmente destinadas à prática de crimes, com o fim não apenas de corromper parlamentares, MAS DE ROUBAR MESMO!  

Li em um artigo que o Ministro Ricardo Lewandowski foi tido como artífice de um julgamento que primou pela técnica jurídica e bom senso, sem se preocupar com o clamor publico.  Lembro-me de uma sessão plenária do STF na qual foi apreciada denúncia do Ministério Público Federal contra o então Ministro do Lula e da Dilma, Antonio Palloci. A Polícia Federal, no inquérito identificou a autoria, a materialidade, a vítima (era um homem do povão, jardineiro na mansão do Palloci –lembram-se desse episódio?).

O mesmo Lewandowski, quando deu seu voto para receber ou não a denúncia, rejeitou-a, alegando não haver “provas”, nenhum elemento enfim para que se iniciasse a ação penal contra o sr. Palloci. Onde está a coerência?  Por quê, nesse episódio, nenhum “esquerdista” ou “direitista” saiu em defesa do homem do povão, o jardineiro Francelízio?  E observe-se que não se tratava de julgamento. Apenas o recebimento da denúncia que iniciaria a ação penal.

Quando se faz uma análise vestindo uma camisa dos protagonistas há sempre o risco de análise contaminada. Quando analisamos o quadro político atual observamos que as pessoas estão se divorciando do que deveria ser a permanente e única meta e objetivo: a criação da Nação Brasileira! Eles estão – alguns propositadamente, outros inconscientemente (ou ingenuamente) atrelados  ou a partidos, ou a grupos, ou ao esquerdismo ou ao direitismo. Esqueceram-se da Nação! Não se fala mais em Brasil. Fala-se em Lula, ou FHC. No entanto TODOS que se locupletaram e continuam a locupletar-se fizeram pacto com o diabo! 

A corrupção instalou-se de tal forma que saiu dos bastidores do Poder, derramando-se em toda a sociedade civil, militar e eclesiástica.  Repito o que já tenho escrito em outros artigos: se o Poder Judiciário – sobretudo os Tribunais Superiores (STS e STJ) em face de suas competências originárias –  “aliviarem” para os acusados com “foro privilegiado” – apenas por serem políticos –  não há como evitar o rompimento institucional! Ele já se avizinha!  As perspectivas não são promissoras, pois, desde o momento em que o Ministro Toffoli  não se deu como suspeito no julgamento do Zé Dirceu, e, agora, indo presidir a 2ª Turma do STF que apreciará o caso do “petrolão”,  não podemos esperar boas coisas.  E Lula – o maior estrategista diabólico de toda a história contemporânea brasileira – continua incitando e conspirando nos bastidores, sem aparecer, para não receber os respingos de repúdio ao Governo Dilma – que na verdade é o seu próprio governo.  Não entendo o porquê dos grandes jornais (e jornalistas famosos) preservarem tanto essa figura maléfica do Lula, com certeza o maior destruidor contemporâneo da Nação Brasileira!

PAULO ROBERTO MACHADO GUIMARÃES

Ex-secretário municipal de assuntos jurídicos de São Sebastião e Caraguatatuba

Especialista em Direito Constitucional, Administrativo e Eleitoral   

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