Por Simone Rocha
O marinheiro e estudante de faculdade de logística Adriel Domingos dos Santos, de 30 anos, surpreendeu a todos com seu novo hobby. Em novembro do ano passado ele começou a criar abelhas Jataí no quintal de casa, no bairro Pontal da Cruz, em São Sebastião. O mais novo meliponicultor, como é chamado aquele que se dedica à criação de abelhas, tem em sua residência quatro locais de produção de mel puro, sendo dois de abelhas Jataí, um de abelha Mirim-Guaçu e um da chamada solitária, a Euglossa. Todas são do tipo sem ferrão, nativas do Brasil, que não oferecem qualquer perigo ao serem manuseadas.
Adriel conta que a história das abelhas na vida dele começou depois que uma obra no quintal do vizinho revelou uma criação de abelhas Jataí, dentro de um buraco em um muro. Depois disso ele passou a pesquisar o assunto e resolveu fazer uma isca, que é feita com garrafa pet enrolada em um saco plástico, que leva a aplicação de uma essência de própolis e álcool, para atrair as abelhas. “Comecei a ler o estudioso Paulo Nogueira Neto, que dá o passo a passo de como iniciar e manter a criação das abelhas sem ferrões”, lembra Adriel, que aprendeu a confeccionar as caixas de madeiras, onde as abelhas produzem o mel.

Caixas confeccionadas por Adriel para a produção do mel da Jataí
Como a criação é recente ele produziu cerca de 500 ml do mel até o momento. “No período de um ano uma caixa desse modelo de Jataí produz cerca de um litro de mel, se fosse da abelha com ferrão, em uma caixa um pouco maior seriam produzidos 40 litros de mel. A respeito de valores, enquanto um litro de mel da abelha com ferrão é encontrado até por 15 reais, o mel da Jataí é comercializado por dez vezes mais, seriam 150 reais”, explica.
Dentro da colmeia da abelha jataí existem as operárias (que são aquelas que fazem todo o trabalho), zangões (responsáveis pela fertilização da rainha) e a rainha, que não sai da caixa. O mel fica guardado em espécies de potes e os favos são construídos, no sentido horizontal, em camadas sobrepostas. Na entrada do ninho, elas confeccionam um tubo de cera, para entrada e saída.

O mel fica em espécies de potes e os favos são construídos no sentido horizontal
Ele explica que o mel da Jataí é mais fino e tem um gosto um pouco azedo e deve ser armazenado em geladeira logo após a sua extração. O mel produzido pela jataí apresenta características muito favoráveis, por ser um suplemento alimentar em potencial; diurético, digestivo e laxativo; e também por aumentar a resistência do organismo; além de ser antianêmico e antisséptico.

Na entrada do ninho, as abelhas confeccionam um tubo de cera, para entrada e saída
Adriel não pretende comercializar o mel. O plano dele é muito mais audacioso! Ele quer espalhar a ideia, conquistar novos meliponicultores na região começando por parentes e amigos mais próximos e assim colaborar cada vez mais com o meio ambiente. “Poucas pessoas sabem que as abelhas fazem o transporte de pólen de uma flor para a outra. Isso é importante, porque por meio desse processo as flores são fecundadas, dando início ao desenvolvimento de frutos e sementes, fazendo com que as árvores deem muitos frutos e de boa qualidade. E as abelhas também são responsáveis por 40% do reflorestamento da Mata Atlântica. Dessa forma, para mim a criação das abelhas vai muito além da comercialização do mel. Quero fazer minha parte para construção de um mundo melhor, ” finaliza.