Prefeito assinou termo de compromisso; comissão vai reconhecer firma em cartório
Por Marcello Veríssimo
Falta de calçamento, finalização das pontes, pavimentação, precariedade no transporte público, falta de policiais militares, anistia no IPTU, reforma da quadra poliesportiva da escola do bairro, mau atendimento médico e odontológico, falta de remédios. Por mais de 3 horas, o prefeito de São Sebastião, Ernane Primazzi, respondeu na manhã desta terça-feira (9), a essas e outras reivindicações de uma comissão formada por moradores do bairro Cambury, costa sul do município, que realizaram protesto no último sábado interditando o acesso a uma das praias mais conhecidas do litoral norte paulista. Além do prefeito, participaram o secretário de planejamento Roberto Alves dos Santos e o secretário de obras Sergio Felix.
Inicialmente marcada para as 15h, a reunião começou às 11h da manhã com concentração dos moradores da região em frente à prefeitura. A comissão formada por 10 pessoas foi dividida: entraram cinco pessoas e o restante ficou no lado de fora segurando faixas de protesto na frente do prédio.
Liderança do movimento dos moradores, Ingrid Reis fez com que o prefeito assinasse um termo de compromisso. “Nós trouxemos algumas solicitações de melhorias urgentes, que necessitamos no nosso bairro”, explicou Ingrid, que apontou um a um os problemas da comunidade do sertão de Cambury. “A primeira é com relação à ponte do número 2800, a previsão era da obra começar em 7 de maio de 2014 e ser inaugurada em 7 de setembro de 2015. Até o momento a ponte oficial não foi concluída”, disse ela. Aproximadamente 40 famílias moram do outro lado do rio e, sem ponte, são obrigados a atravessar a pé, se molhando, ou de carro, danificando os veículos. A falta destas pontes também já foi cobrada pelo vereador Gleivison Gaspar. A ponte foi retirada, segundo os moradores, em novembro de 2014. “Nós gostaríamos que o senhor prefeito se comprometesse com a data de início e término da obra”, completou.
Outra obra que está paralisada é a da quadra da escola EMEI Cavalinho de Pau. As obras deveriam começar em agosto de 2014. Os portões foram retirados para a entrada de materiais sendo que o repasse de quase R$ 204 mil, cerca de 40% do valor da obra, já foi feito pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. “A alegação de vocês de que o projeto está errado também foi rebatida pelo órgão que diz não ter nada de errado com o projeto”, apontou Ingrid.
Também foi cobrada a conclusão do calçamento da estrada Rio das Pedras e da Rua Tijucas, no sertão de Cambury, que começou em 2011 e, até agora, menos de 1 quilômetro foi calçado. “A comunidade solicita o calçamento até o ponto final da linha, além do Piavu e do Areião”, disse. Para os moradores, nesse caso o direito de “ir e vir” está sendo violado.
Saúde e Transporte – Os moradores de Cambury atualmente têm que andar mais de seis quilômetros para ir até o P.S. de Boiçucanga. Em Cambury, o posto de saúde precisa ser reformado, faltam médicos e dentista, além de uma farmácia para entrega de medicamentos e uma espécie de “treinamento de reciclagem” com os profissionais da saúde para melhorar o atendimento. “Faltam materiais básicos como papel higiênico e bebedouro adequado para atender a comunidade”, explicou Ingrid. A comunidade também necessita de ônibus de qualidade, que entre no sertão todos os dias, inclusive aos sábados e domingos. Atualmente, os ônibus só entram no bairro três vezes ao dia, o que seria insuficiente para atender toda demanda de usuários do transporte público. Eles também solicitam um ônibus adicional para atender às crianças da escola Cavalinho de Pau. São 162 alunos que se dividem entre os que vão de ônibus e a pé.
Calado, Ernane ouviu todos os pedidos e disse que “nunca fui procurado por ninguém de Cambury, sem necessidade de fazer manifestação para marcar reunião”, disse o prefeito. “Nós chegamos à regional de Boiçucanga pedindo, solicitando, implorando por um atendimento decente à população, acreditando que os funcionários que estão lá são capacitados para nos atender”, rebateu outra integrante da comissão, Maria de Fátima Fernandes.
O prefeito disse que vai averiguar todos os casos, pois segundo ele não tinha conhecimento da situação. “Não chegou nada aqui [no gabinete], tanto que soubemos da manifestação via Facebook”.
Agora, outro prazo foi dado até 1° de setembro para uma nova reunião.