Cidades São Sebastião

Construtora Volpp ainda não quitou dívidas com ex-funcionários

Tamoios News
Empresário foi preso em maio deste ano, mas foi solto em novembro, após aceitar delação premiada

O empresário Adriano César Pereira, dono da Construtora Volpp, ainda não quitou as dívidas trabalhistas com seus 200 ex-funcionários, apesar de ter firmado um acordo na justiça trabalhista de São Sebastião. Denunciado em duas operações da Polícia Federal, o empresário fez delação premiada e cumpre prisão domiciliar na capital

Por Salim Burihan

A construtora Volpp, citada na Operação Torniquete da Policia Federal, que apurou suposto superfaturamento em obras realizadas em São Sebastião, havia se comprometido na justiça, em abril de 2017, a quitar parceladamente os direitos trabalhistas dos ex-funcionários, mas pagou duas parcelas e desde então deixou de fazer os pagamentos.

A demissão dos funcionários ocorreu quando a prefeitura de São Sebastião decidiu em 2017 suspender as obras da empresa no município por suspeita de superfaturamento. Sem obras, a Volpp optou em demitir os trabalhadores contratados para obras em São Sebastião e Caraguá.

A Volpp teria deixado de fazer os pagamentos a partir da Operação Torniquete deflagrada pela Polícia Federal em São Sebastião, em novembro de 2017. A operação apura o desvio de cerca de R$ 100 milhões em obras realizadas entre 2009 e 2016, no município, durante a gestão do ex-prefeito Ernane Primazzi. O ex-prefeito nega o suposto superfaturamento.

Entre as empresas envolvidas no suposto esquema estaria a Volpp, de propriedade do empresário Adriano César Pereira. Somente para a construção do Hospital de Boiçucanga, na Costa Sul, cujas obras estavam sendo feitas pela Volpp, teriam sido pagos mais de R$ 8,8 milhões indevidamente na avaliação de um perito da justiça.

superfaturamento em obras de hospital de Boiçucanga teria sido de R$ 8,8 milhões

O empresário foi preso em maio deste ano, desta vez, por suposto faturamento em serviços prestados na administração do ex-prefeito Márcio Tenório. Adriano ficou preso até novembro numa penitenciária de Taubaté e fez recentemente um acordo de delação premiada com a justiça e está em prisão domiciliar em São Paulo.

Cobrança

Um dos ex-funcionários da Volpp, Jerônimo da Silva Pedro,  disse que está aguardando há mais de dois anos receber os seus direitos trabalhistas, mas que até agora, nada foi pago e não tem informações sobre como está o andamento do caso na justiça trabalhista.

Pedro disse que trabalhou durante dois anos e seis meses na Volpp em obras do Hospital de Boiçucanga e do ginásio de esportes de São Sebastião e na construção da UPA do Perequê-Mirim, em Caraguatatuba.  “Estamos todos desesperados com a situação”, disse Pedro.

A advogada Eloíza Mazzucca, que defende um grupo de ex-funcionários, disse que, a dívida poderia estar sendo cobrada da prefeitura, mas no acordo feito em 2017, os demitidos aceitaram que a Prefeitura de São Sebastião ficasse fora do processo.

“Nessa audiência, a Volpp se comprometeu em pagar R$ 40 mil por mês, mas assim que houve a Operação Torniquete parou de fazer os repasses para quitar os direitos trabalhistas dos ex-funcionários”, explicou a advogada.

Segundo ela, a justiça apreendeu três carros do empresário, mas isso não era suficiente para acertar com todos os demitidos. “Esperamos que a justiça destine o leilão de um imóvel apreendido em São Sebastião, de propriedade de Adriano, avaliado em R$ 5 milhões, para quitar as dívidas trabalhistas, mas a residência foi penhorada por outro motivo. Estamos tentando repassar o dinheiro da venda do imóvel para os ex-funcionários”, disse.

Isso, no entanto, dependerá de uma decisão da justiça. “Não podemos jogar a toalha, temos que tentar todos os caminhos para que a empresa quite suas dívidas com seus  ex-trabalhadores “, finalizou Eloíza Mazzucca.  Não conseguimos contato com o empresário Adriano César Pereira, que envolvido em duas operações da Polícia Federal, “Torniquete” e Prelúdio II” , fez delação premiada e cumpre prisão domiciliar em sua casa na capital.