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Ciama: Há 22 Anos Lutando pelo Aleitamento Materno

Tamoios News
Marcello Veríssimo
Marcello Veríssimo

Equipe do Ciama

Estoque do único banco de leite do litoral norte está abaixo do esperado 

Por Marcello Veríssimo

Trabalhar para fazer bem ao próximo. Neste caso, para aqueles que ainda estão no começo da vida. Assim é o cotidiano da equipe do Centro de Incentivo ao Aleitamento Materno (Ciama) de São Sebastião, que aproveita a celebração da Semana Mundial de Aleitamento Materno para lembrar a importância da doação de leite materno na região.

Funcionando atualmente no posto de saúde Josiane Pereira de Jesus, no bairro Topolândia, o Ciama já existe há 22 anos e concentra hoje o único banco de leite materno do Litoral Norte, atendendo, principalmente, moradores sebastianenses e de Caraguatatuba. Em média, são oito doadoras por mês. “Até hoje o hospital só usava leite materno, agora estão usando leite industrializado por falta de leite materno”, explicou a enfermeira Carla Bruço, fundadora e coordenadora do Ciama.

O banco de leite está com nível abaixo do esperado, coletando aproximadamente 24 litros mensais, quando o ideal, segundo Carla, seriam 50 litros. A coleta é feita duas vezes por semana – às terças e quintas – na casa das próprias mães, que também podem ligar no centro para obter informações e acompanhamento no período da gestação. “O Ciama, além de apoiar a gestante durante a gravidez, é um amigo para a vida toda, que passa de geração para geração”, explica Carla, que pretende investir ainda no projeto para aquisição de mais um automóvel para ampliar a coleta de leite materno. “Luto muito por um carro próprio do banco de leite”, disse.

A importância do carro pode ser medida entendendo um pouco do processo pelo qual a mulher passa no período de amamentação. “O peito da mãe enche a cada duas horas, é o chamado leite da frente. Imagina se ela vir aqui de duas em duas horas, não faz mais nada da vida”, acrescenta. Além disso, o transporte do leite exige uma série de cuidados, entre eles a temperatura e a embalagem, geralmente de vidro com tampa plástica. “O leite coletado é doado na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) e no pós-alta no Ciama. Amamentar é envolvimento”, conta Carla. Ela disse ainda que as mães “são acompanhadas até estabelecer o ritmo de amamentação”.

De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), o aleitamento exclusivo (só no peito) deve durar até o sexto mês de vida. A amamentação, já inseridas outras dietas adequadas, deve ocorrer até os 2 anos ou mais, o que é chamado de amamentação prolongada. “A essência da boa amamentação está ligada intimamente à autoconfiança e bem estar da mulher”, disse a coordenadora.

Todas as atividades realizadas pelo centro zelam pela intimidade entre mãe e filho, como a dança-terapia para mães e bebês, realizada na última quarta-feira, 3, e que traz benefícios para ambos. “Para as mães, o retorno à vida social, redução de peso, fortalecimento do vínculo com o filho e aumento na produção do leite materno”. Hoje, seguindo com as comemorações, o Ciama promoveu o curso para avós, que tem como objetivo fortalecer “o vinculo familiar e auxiliar a amamentação no pós-parto e cuidados com o recém-nascido de forma eficaz e tranquila”.

Entre as técnicas, as avós puderam aprender a fisiologia da amamentação, suas vantagens, os malefícios do bico artificial, autoestima da mãe e do bebê, além da composição do leite materno e a dieta adequada para cada fase do bebê.

Vidros

Outra campanha em alta no Ciama é a doação de recipientes para a coleta do leite. Carla lembra que devem ser de vidro com tampa de plástico, como, por exemplo, os vidros de café solúvel. Uma urna de arrecadação fica na própria sede do Ciama, para que os vidros sejam depositados.

Família de Mulheres – Para a artesã Maria Tereza Dias, 63, avó de quatro netos, o período do “primeiro contato” com os netos é fundamental. “Ajudei todos. Ensinei a colocar almofadinha, a pegar o bebê corretamente, inclusive também quando amamentei uma vizinha, que hoje me chama de mãe de leite”, disse a avó.

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Matriarca de uma família formada por três mulheres, Maria Tereza ainda conta que sempre fez questão de acompanhar de perto a amamentação dos netos. As filhas confirmam. “A ajuda da minha mãe foi primordial. Meu filho teve meningite e a pediatra disse que o que o salvou foi o leite materno”, disse Débora Dias de Araujo, 33, auxiliar de escritório, que mora em Santos.

A irmã mais velha, Fernanda Dias, 35, mãe de dois meninos, disse que seguiu as orientações para que tudo fosse feito “de forma natural”. Ela produziu leite em quantidade acima da média, chegando inclusive a doar para o banco de leite. O primeiro filho ela amamentou até 2 anos e 7 meses, e o segundo, até 1 ano e 4 meses. “Sou favorável à amamentação até dois anos”, disse.

Ilhabela disponibiliza kits paras mães efetuarem coleta

O posto de coleta de leite materno do Hospital Mário Covas, em Ilhabela, faz a entrega de kits para as mães com gaze, máscara, touca e orientação sobre como fazer corretamente a coleta do leite. Uma vez por semana o leite é recolhido na casa das mães e congelado em uma caixa térmica por enfermeiros do setor de aleitamento materno do hospital. Por semana, de acordo com a enfermeira responsável pelo setor, Jucilene Barbosa, o “índice varia muito”, atingindo nos meses de inverno entre 15 a 20 frascos. Atualmente, o hospital possui 10 doadoras; depois que elas saem da maternidade, as mães participam de um grupo de apoio para receber orientações com um pediatra. Em Ilhabela, o serviço existe há aproximadamente 6 anos.

Em um trabalho integrado com o Ciama, de acordo com o volume da coleta, o leite cru é enviado ao banco de leite em São Sebastião, onde é pasteurizado. Dependendo da necessidade, o leite volta para a maternidade do hospital Mário Covas.

Para colaborar com o banco de leite de São Sebastião, basta entrar em contato pelo telefone (12) 3891-4957 ou visitar o Ciama. O endereço é R. Antônio Pereira da Silva, 280, Topolândia. O local funciona de segunda a sexta das 8h às 17h.

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