As empresas de transporte coletivo que atuam no Litoral Norte estão enfrentando muitas dificuldades econômicas devido a queda de cerca de 85% no movimento de passageiros durante a pandemia de coronavírus.
Em São Sebastião, por exemplo, a Ecobus que transportava em média 18.500 passageiros por dia antes da pandemia, hoje, transporta cerca de 900 pessoas diariamente.
Em Caraguatatuba, a Praiamar, que transportava cerca de 23 mil passageiros diariamente, a partir da quarentena, transporta em média 3 mil pessoas por dia. A queda de movimento de passageiros também ocorre nas empresas Fênix, de Ilhabela e Verdebus, em Ubatuba.
Os dados foram repassados pelo Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Rodoviário, Urbano, Cargas, Anexo e Diferenciado do Litoral Norte que representa a categoria na região. As empresas empregam cerca de 600 trabalhadores, entre motoristas, pessoal da manutenção e do administrativo, segundo o sindicato.
Em Ilhabela e São Sebastião, as prefeitura subsidiam o transporte público. A prefeitura de Ilhabela, por exemplo, investiu R$ 9,8 milhões em subsídios na empresa Fênix, no ano passado. Nos quatro primeiros meses deste ano, a prefeitura teria repassado cerca de R$ 4 milhões para a Fênix, segundo dados do sindicato da categoria.
Em São Sebastião, a prefeitura pode repassar até R$ 500 mil mensais em subsídios para a empresa Ecobus. Em Caraguatatuba e Ubatuba as prefeituras não subsidiam o transporte público.
Em Ilhabela e São Sebastião, não existe lei municipal autorizando o subsídio, que é feito através de decreto municipal. Em Caraguatatuba, apesar de existir lei municipal, autorizando o subsídio, a prefeitura não faz repasses à empresa Praiamar.
Empregos
Segundo o presidente do sindicato, Francisco Israel, a queda no movimento de passageiros deixou as empresas em uma situação econômica bastante complicada.
As empresas Fênix, Ecobus e Pássaro Marrom fizeram acordo de redução de salários e jornadas. As empresas pagam uma parte dos salários e o governo federal, o restante. A Praiamar e a Verdebus não fecharam ainda esse acordo com o sindicato.
Segundo Israel, por causa da queda no movimento as empresas estão com dificuldades para pagar os funcionários. “A maioria depende da ajuda das prefeituras neste momento de crise. Estamos conversando com as empresas e com as prefeituras para tentar preservar os empregos”, comentou.
Israel comentou que em São Sebastião, onde a Ecobus ameça demitir 133 funcionários- todos eles atuam no transporte escolar, a situação é mais crítica. “O transporte escolar significa 55% do faturamento da empresa. Como as aulas estão suspensas, a empresa está sem receber, por isso, poderá ocorrer demissões e atraso no pagamento dos funcionários”, contou.
Israel disse que está preocupado porque a empresa alega que não recebe da prefeitura e a prefeitura, por sua vez, diz que não deve nada para a empresa. Segundo informações da Ecobus, a empresa teria R$ 1,8 milhão a receber da prefeitura por serviços prestados e não pagos.
Segundo Israel, em Caraguatatuba, a situação também está bastante complicada. Ele disse que a Praiamar está sem reajuste nas tarifas desde 2016 e com a redução de usuários devido ao coronavírus, a empresa enfrenta muitas dificuldades e não tem dinheiro em caixa para liberar os adiantamentos.
“A Praiamar, que já atrasou o pagamento por duas vezes e liberou o vale alimentação apenas nesta quarta-feira, dia 22. A empresa corre o risco de parar”, adiantou. A empresa, segundo ele, mantém 130 funcionários.
Israel disse que a prioridade do sindicato é conversar com as prefeituras para garantir os recursos às empresas e com isso evitar demissões.
Segundo ele, o transporte público é um serviço essencial e por isso deveria contar com a ajuda das prefeituras, ainda mais nesta época de pandemia, caso contrário, as empresas poderão parar e dispensar funcionários.
“Nossa data base para negociação de reajuste salarial é maio, deixamos de pensar nisso para garantir a preservação dos empregos. Nesse momento, garantir os empregos é o mais importante”, finalizou.
Empresas
A Praiamar Transportes informou que protocolou ofício na prefeitura de Caraguatatuba solicitando ajuda do poder público para pode superar a crise financeira provocada pela pandemia de coronavírus. Segundo Nervile Caetano, administrador da Praiamar Transportes, a empresa solicitou subvenção e a isenção do ISS enquanto durar a pandemia, mas alega que até agora, não recebeu retorno por parte da prefeitura.
Caetano informou ainda que está concedendo férias aos seus trabalhadores, em revezamento, mas que ainda não pensa em demissões. “Temos nos empenhados em evitar as demissões. A Praiamar Transportes destacou que apesar da queda de 85% no movimento de usuários e da crise que enfrenta, procura manter boas condições no serviço prestado ao município.
A Ecobus informou que em 25 de março encaminhou pedido de medidas emergências pela prefeitura no sentido de socorrer financeiramente o setor de transporte coletivo urbano de passageiros, uma vez que, já era patente o desequilíbrio econômico financeiro do Contrato de Concessão, ante as medidas impostas pelo Município em restringir a circulação de pessoas, bem como abertura de comércios.
A empresa explicou ainda que celebrou junto ao Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Rodoviários, Urbano, Cargas, Anexo e Diferenciado do Litoral Norte a redução de salários e carga horária em 50% de todos os seus colaboradores, mas que mesmo com adoção de todas essas medidas não tem mais condições de honrar com a folha de pagamentos dos seus colaboradores. Procuradas, as empresas Fênix e Verdebus não se manifestaram sobre o assunto até o fechamento da matéria.