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Apesar dos protestos, presidente da Câmara autoriza demolição do ginásio do XV

Tamoios News
Ginásio do XV de Novembro está sendo demolido

Apesar dos apelos e protestos feitos pelos moradores da cidade, principalmente, os mais antigos, o presidente da Câmara de Caraguatatuba, vereador Carlinhos da Farmácia, decidiu que irá mesmo demolir o ginásio de esportes do E.C. XV de Novembro, clube mais antigo e tradicional do Litoral Norte.

A Câmara recebeu o prédio em doação pela prefeitura, no ano passado, para construir a nova sede do legislativo, mas a obra dificilmente sairá este ano. Carlinhos afirmou que fará a demolição do ginásio para evitar que moradores de rua continuem ocupando o local.

Por iniciativa de Carlinhos, a demolição do ginásio já foi iniciada, com a retirada das caixas d’águas e de parte do telhado.

Protestos

O presidente do clube, o médico Pedro Norberto dos Santos, lamentou a decisão do presidente da Câmara, pois a demolição do patrimônio irá afetar a memória esportiva da cidade.

Norberto contou que o clube possuía uma dívida trabalhista de cerca de R$ 680 mil e a prefeitura na gestão anterior arrematou a área onde fica o ginásio mantendo a finalidade esportiva.

“O acordo foi que a prefeitura ficaria com o ginásio, mas manteria a finalidade do prédio. Somos contra a demolição do prédio, pois isso vai contra com o que ficou acertado com a administração anterior”, disse o médico, que preside o clube.

Carlinhos rebate alegando que não existe documentação nenhuma alegando que o ginásio deveria ser mantido. “Se existisse isso, o prefeito Aguilar Junior não teria repassado o terreno para a Câmara construir sua sede”, afirmou.

A área repassada pela prefeitura à câmara tem cerca de 3 mil metros quadrados, inclui o ginásio e um estacionamento utilizado pela prefeitura, mas não engloba o campo, os vestiários e as arquibancadas.

Contrários a demolição do ginásio de esportes, os moradores se mobilizam pelas redes sociais protestando contra a medida adotada pelo presidente do legislativo. Os moradores pretendem impetrar uma ação popular na justiça para tentarem proibir a demolição do prédio pelo legislativo.

Para Carlinhos da Farmácia a área não pertence mais ao clube desde quando foi arrematada em leilão pela prefeitura. “O XV não existe mais, não tem nada há ver com sentimentalismo ou preservação de patrimônio esportivo da cidade”, afirmou ele.

O vereador foi diretor de patrimônio do XV, na década de 90,  quando presidia o clube o jornalista Roberto Spíndola, que na verdade representava na direção o empresário Oswaldo Tarola, dono do antigo Supermercado Garça, atual Shibata, um dos maiores investidores no clube.

XV

Equipe titular de 1986

O Clube XV de Novembro foi fundado em 1934. Sempre foi um dos mais importantes do Litoral Norte e o único a disputar o campeonato paulista profissionalmente pela região. Carinhosamente, o clube é conhecido como “o Leão do Litoral Norte”

Ao participar das divisões de acesso da Federação Paulista, o clube acabou acumulando muitas dívidas com treinadores, jogadores e até mesmo, com a prefeitura.

Na década de 90, um ex-presidente da Câmara, Wilson Rangel, que atuava na diretoria emprestou R$ 300 mil da prefeitura. O TCE(Tribunal de Contas do Estado) exigiu a devolução do dinheiro.

Segundo Pedro Norberto dos Santos, o clube tem dívidas atuais na ordem de R$ 4 milhões, incluindo IPTU, devolução dos R$ 300 mil atualizados à prefeitura e R$ 25 mil com a Receita Federal.

“Tivemos proposta para vender toda a área por cerca de R$ 14 milhões para um grupo imobiliário, mas recusamos, pois queremos manter a tradição e lutamos para manter o espaço como um centro de formação de atletas”, afirmou.

Segundo ele, a ideia é passar a área toda de 15 mil metros quadrados para a prefeitura e com o dinheiro quitar todas as dívidas do clube, desde que, o local seja destinado a um complexo esportivo municipal, para formação de atletas.

O clube manteve o projeto “Futibolando” para formação de atletas até dois anos atrás. Mais de 250 crianças participaram do projeto que contava com apoio do Módulo e da Nike, mas que acabou sendo encerrado pelo fato do clube não poder ter patrocínio e nem se beneficiar de leis de incentivos devido a dívida com a Receita Federal.

O clube continua inscrito na Federação Paulista de Futebol. Segundo Pedro Norberto, devido a dívidas com a Receita Federal, o clube não pode acessar leis de incentivos fiscais e nem firmar um patrocínio com a Petrobras. “Trata-se de um patrimônio da sociedade caraguatatubense que não pode e nem deve ser destruído”, finalizou.