Na tarde de sábado (20), foi realizada uma carreata, com a presença de mais de 100 carros e 50 motos, em apoio à prefeita de Ilhabela, Gracinha Ferreira. A organização teria partido de grupos nas redes sociais. Segundo a prefeitura, a prefeita não participou da carreata e nem da sua organização.
A carreata partiu da Praça Alan Kardec, no bairro Barra Velha, percorreu parte da Avenida Princesa Isabel, seguiu pelos bairros Reino, Água Branca, Perequê, Itaquanduba e Itaguaçu, e seguiu em direção à Vila e retornou em direção à região central. O fim da carreata ocorreu nesse retorno.
Os apoiadores denunciam tentativa de golpe de um grupo politico opositor, motivada por discriminação e interesse político-eleitoral, após a prefeita se declarar ser pré-candidata.
Os apoiadores sugeriram que deixem a prefeita trabalhar e pensem a eleição no período eleitoral, que de acordo com eles deve ser decidida nas urnas e não por meio de “armação politica”.
Nas faixas e pedaços de papelão, constavam frases como: “Não ao golpe. Disputem a eleição nas urnas”, #FicaGracinha, #GracinhaÉhonesta e #GracinhaÉPovão.
Sem pressão
O presidente da Câmara, Marquinhos Guti, disse que a câmara não se sente ameaçada porque o trabalho sempre foi e é pautado em legalidade .

Segundo Guti, processo é administrativo e não político
“Faltou respeito com a câmara quando algumas pessoas penduraram faixas nas grades da sede do legislativo. Acredito que isso não poderia acontecer, mas já sabemos que fez “, comentou.
Segundo ele, não existe nenhuma motivação política na investigação aberta pela câmara. “Existe um relatório do tribunal de contas e a denúncia é em cima desse relatório. Trata-se de uma investigação de improbidade administrativa. Quem vai decidir se ocorreu ou não irregularidades é comissão”, destacou Guti.
Entenda
A Câmara de Ilhabela aprovou por unanimidade, na última terça-feira(16), o pedido de abertura de investigação contra a prefeita Gracinha Ferreira(PSD). Oito vereadores votaram a favor da abertura do processo de investigação que poderá resultar na cassação da atual prefeita Gracinha Ferreira. O presidente da casa, Marquinhos Guti não precisou dar seu voto.
A Câmara definiu que o vereador Gabriel Rocha será o presidente da comissão processante. A vereadora Nanci Zanato será a relatora. A comissão terá 90 dias para concluir a investigação e decidir pela cassação ou não de Gracinha Ferreira.
Em maio do ano passado, a Câmara cassou o então prefeito Márcio Tenório por improbidade administrativa. Gracinha que era a vice-prefeita, acabou assumindo o cargo.
Denúncia
O morador de Ilhabela, o artista plástico Wilson Luiz Schwartzmann Foz, protocolou na Câmara Municipal, na manhã desta terça-feira(16), um pedido de afastamento e cassação do mandato da prefeita Gracinha Ferreira.
O morador fez o pedido de afastamento com base no relatório do TCE(Tribunal de Contas do Estado de São Paulo) que apurou supostas irregularidades na concessão de ajuda emergencial pela prefeitura aos moradores prejudicados pela pandemia de coronavírus.
Segundo ele, no documento do TCESP foi apontado mais de 1.200 casos de beneficiários que recebem benefícios em duplicidade e até triplicidade. Foram detectadas várias situações de pessoas com patrimônio valiosos que estão sendo beneficiadas pelo programa, que deveria assistir pessoas em estado de vulnerabilidade. O autor da denúncia citou dois casos de moradores beneficiados pela prefeitura, segundo ele, indevidamente.
O da Dra. Laura Piero Blat, advogada conhecida na cidade, que segundo ele, mora numa mansão na Rua São João de frente para o mar, possui dois imóveis de frente ao fórum, um deles alugado para um sindicato, também é proprietária do restaurante Ghaldi, na faixa de areia da praia do Perequê, bem em frente ao Shopping Ardhentia, cujo nome consta na lista de beneficiário do cartão alimentação auxilio emergencial.
Foz relacionou também o caso de Gabriella Pestana Ferreira, esposa do vereador Mateus Pestana, que segundo ele, possuem várias casas de alugueis. Foz afirmou na denúncia que o casal chegou a justificar nas redes sociais que não é porque eles têm casas de aluguel que não estariam passando por situação de dificuldade. Segundo ele, o casal justificou ainda que seu comércio estaria fechado, impedido de funcionar.
Gracinha

Gracinha Ferreira será investigada pela Câmara
Na terça-feira, antes da sessão que decidiu a abertura do processo de investigação, a prefeita Gracinha Ferreira considerou seu pedido de cassação feito por um morador de Ilhabela como “político” e que não tem dúvidas disso.
Gracinha fez um pedido para que os vereadores avaliem a questão com prudência, pois a cidade vive uma pandemia e não é o momento para se discutir um pedido de afastamento. “Os munícipes não merecem passar por isso, neste momento. É muito triste”, alegou.
A prefeita disse ainda que está tranquila com o pedido de cassação, pois tem certeza absoluta de que não fez nada de irregular, a não ser, procurar atender a necessidade da população neste momento de pandemia.
“Não fiz nada de errado. O programa de ajuda visa atender as pessoas em dificuldades, não apenas as pessoas em situação de vulnerabilidade devido a pandemia do coronavírus. As pessoas em situação de vulnerabilidade nós sempre ajudamos através de nossas secretarias. O auxílio emergencial foi e está sendo concedido à todas as pessoas que estão passando por dificuldades neste momento. Todos tem direito desde que cumpram as exigências “, alegou.
Segundo ela, a prefeitura entende que houve má fé por parte de algumas pessoas, mas as providências estão sendo tomadas e serão punidas. Gracinha Ferreira disse ainda que parte dos depósitos da ajuda emergencial está em atraso, justamente, pelo fato da prefeitura estar checando caso a caso. Ela destacou que Ilhabela foi uma das únicas cidades do país a ajudar os moradores porque o município tinha condições para isso.