Caraguatatuba Cidades

Covid: Máscaras estão sendo descartadas como lixo nas praias do Litoral Norte

Tamoios News

As máscaras de proteção ao covid-19 estão se transformando num dos lixos mais comuns nas praias do Litoral Norte. A constatação foi feita, inicialmente, por Gillard Ferreira conhecido como “guardião” das praias de Caraguatatuba. Ele se dedica, diariamente, a recolher micro lixo das praias da cidade, voluntariamente. Na quinta-feira(16), o  Instituto Argonauta divulgou um boletim do lixo destacando o número elevado de descarte de máscaras nas praias da região.

Ferreira mostra a quantidade de máscaras descartadas na praia do centro de Caraguatatuba

No início do mês,  ele recolheu mais de 20 delas apenas na praia central da cidade.  “A areia das praias está de transformando num dos locais preferidos para o descarte de máscaras usadas durante a quarentena”,  comentou, em um vídeo postado nas redes sociais.

Ele classificou as máscaras como a “camisinha” da nova era do Covid-19. Segundo ele, nas suas coletas sempre recolhia uma quantidade muito grande de preservativos descartados nas areias das praias que limpa.

“O pessoal tem que descartar corretamente as máscaras, elas podem estar contaminadas e colocar em risco a vida das demais pessoas”, comentou.

Argonauta

A equipe técnica do Instituto Argonauta para Conservação Costeira e Marinha tem registrado o descarte inadequado desses aparatos de segurança através do Boletim do Lixo, emitido mensalmente pela instituição em parceria com o Aquário de Ubatuba.

De acordo com o Boletim, desde o início da Pandemia mais de 20 máscaras foram encontradas nas areias das praias do LN até o último dia 7 de julho. O material foi encontrado pela equipe nas praias: Capricórnio, Cocanha, Massaguaçu, Mococa e Prainha em Caraguatatuba, Vermelha do Centro, Tenório e Praia Grande de Ubatuba, Engenho D’Água e Armação em Ilhabela, Boraceia, Boiçucanga, Olaria e trilha do Camburizinho em São Sebastião e Maresias, e esse número não para de crescer. Somente em um dia foram recolhidas 5 máscaras pela equipe.

“As máscaras têm componentes orgânicos e sintéticos, e o descarte incorreto tanto pode representar um risco a saúde humana, porque uma máscara de alguém contaminado ainda pode conter por algum período o vírus, quanto elas representam um risco a fauna marinha, como todo resíduo sólido humano de uma forma geral. Muitas delas tem tecido sintético e tiras de elástico que perduram por muito tempo, e tudo isso pode durar um tempo no ambiente marinho e fazer mal a fauna marinha”, explica o oceanógrafo Hugo Gallo Neto, diretor executivo do Aquário de Ubatuba e do Instituto Argonauta.

O problema do lixo sempre foi uma preocupação para o Aquário de Ubatuba e para o Instituto Argonauta. O Aquário e o Projeto Tamar de Ubatuba foram as primeiras instituições a trabalharem no Brasil a problemática do lixo no mar. A partir disso, diversas linhas de atuação foram adotadas, sempre no intuito de alertar a população sobre os impactos no meio ambiente, na saúde, e até na economia das quatro cidades que formam o Litoral Norte de São Paulo, baseadas principalmente no turismo.

O Boletim do Lixo fornece um grande banco de dados que ajuda na gestão e no direcionamento dos esforços de limpeza, na elaboração de artigos científicos e no fomento de ações de Educação Ambiental na região.