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MP instaura inquérito civil para apurar irregularidades nos gastos do prefeito Felipe Augusto ao combate do coronavírus

Tamoios News

Inquérito civil instaurado dia 25 de agosto pela Promotoria de Justiça de São Sebastião investiga se o prefeito Felipe Augusto (PSDB) cometeu improbidade administrativa. O objetivo é apurar possíveis irregularidades na gestão municipal relacionadas às medidas de enfrentamento à pandemia causada pelo novo coronavírus (covid-19) apontadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), como superfaturamento de preços, ausência de contabilização de todas as receitas federais e ausência de prestação de contas. O relatório do TCE aponta que “os gastos públicos realizados com o enfrentamento da pandemia vêm sendo excessivos e desarrazoados”.

O Ministério Público (MP) deu o prazo de 30 dias para que o prefeito preste informações devidamente justificadas acerca de todas as irregularidades apontadas pelo TCE. Ainda dentro do prazo de 30 dias, o MP pede que o prefeito apresente os documentos que foram requeridos mas não foram apresentados ao TCE.

As diversas irregularidades em investigação dizem respeito a medidas adotadas pelo município, receitas, despesas, aspectos orçamentários, contábeis e fiscais, aquisições, contratações de serviços e obras, aquisições de produtos, assistência social, saúde e fidedignidade dos dados informados.

Entre os apontamentos estão:

– Ausência de indicação de membros representantes do Conselho Municipal de Saúde no Comitê de Gestão de Crise;

– Ausência de contabilização de todas as receitas federais recebidas para o enfrentamento da Covid-19 e divergência entre as receitas informadas no link de transparência do Covid-19 do site da Prefeitura;

– Ausência de proporcionalidade e razoabilidade nos atos e despesas praticados com fundamento no estado de calamidade pública, indicando falhas de planejamento e ineficiência da gestão pública;

– Realização de despesas em desacordo com o plano de contingência do executivo municipal e não atendimento à requisição da fiscalização relativamente à comprovação das despesas selecionadas;

– Ausência de proporcionalidade e pertinência nas ações e gastos públicos realizados, evidenciando uma gestão temerosa que contraria os princípios da eficiência e da economicidade, podendo levar a um elevado e desnecessário déficit orçamentário;

– Ausência de fixação prévia de critérios objetivos para apuração dos valores que serão pagos a título de indenização pelos bens particulares requisitados pela administração;

– Realização de despesas e contratações utilizando-se de informações e dados desatualizados, revelando desproporcionalidade dos gastos;

– Verificação de despesas com relevantes disparidades nos preços de aquisição dos insumos, tais como superfaturamento; 

– Compras do mesmo produto realizadas no mesmo dia, com fornecedor mais caro, elevação significativa do preço do insumo dentro do mês, variação expressiva de valor no preço quando verificada a fonte de recurso (preço do mesmo produto é mais caro com o recurso do Tesouro do que com o recurso federal);

– Não atendimento à requisição da fiscalização relativamente ao envio de documentos;

– Ausência de elaboração de plano de enfrentamento dos efeitos da covid-19 sobre a população pela Secretaria Municipal de Assistência Social (não houve a participação do Conselho Municipal de Assistência Social no planejamento e acompanhamento das medidas sociais de enfrentamento à covid-19 adotadas pela secretaria);

– Realização de contratações para a execução de Hospitais de Campanha sem a elaboração de estudos efetivos, atualizados e adequados, dando margem para desacertos verificados, considerando especialmente que tais equipamentos estão fechados por falta de demanda, o que indica ineficiente gestão e planejamento públicos;

– Implantação de hospital de campanha em localidade inadequada, ensejando a necessidade de transferência da instalação para terreno particular, o que motivou custo extra aos cofres públicos em razão da requisição administrativa realizada, evidenciando descoordenação da atuação do município, ausência de adequado planejamento e ofensa aos princípios da eficiência e economicidade (os dois hospitais de campanha implantados estão fechados, até o momento, pela ausência de demanda);

– Divergências entre os dados informados pela origem e aqueles verificados pela fiscalização. 

Prefeitura

O portal Tamoios News questionou a Prefeitura Municipal de São Sebastião a respeito do inquérito em andamento, mas não teve retorno até o fechamento desta matéria.