Um grupo de fiéis de Caraguá, começa amanhã, segunda(7), uma caminhada de quatro dias, em direção ao Santuário Nacional de Aparecida. Vão caminhar 150 quilômetros, 115 deles, por estradas de terra, passando por Pouso Alto e Redenção da Serra. A romaria exige muito esforço e dedicação, mas quem participa diz que a peregrinação é emocionante
Por Salim Burihan
Um grupo de 150 pessoas inicia nesta segunda, em Caraguá, uma peregrinação, em direção ao Santuário de Nossa Senhora de Aparecida. Eles vão sair da Catedral do Divino Espírito Santo, no bairro do Indaiá, em direção à Aparecida. A caminhada até o Santuário Nacional percorrerá 150 quilômetros e será feita em quatro dias.
A peregrinação acontece há vários anos. E, o grupo de participantes, cresce há cada ano. Cada um, paga R$ 100,00 pela camiseta, alimentação e pelo apoio oferecido durante a peregrinação. Voluntários bancam as despesas de quem não tem recursos para pagar a inscrição.
A Prefeitura de Caraguá, empresários e comerciantes colaboram. A prefeitura cede ônibus. A Vinac, de São José dos Campos, cede um veículo de apoio e água. Outros, colaboram, doando frutas e água, servidos durante o percurso.
Às 6 horas da manhã desta segunda(7), o grupo segue de ônibus até a entrada do Pouso Alto, no início da descida da serra da Rodovia dos Tamoios. Este trecho, é feito de ônibus, porque a policia rodoviária estadual proíbe caminhadas pelo acostamento da rodovia.
No primeiro dia, os romeiros seguem a pé pela estrada de terra em direção ao Pouso Altinho. O percurso é de 21 quilômetros inclui uma parada no Sítio do Acácio, um antigo comerciante de Caraguá, onde é servido um almoço. A caminhada prossegue até o final da tarde, quando os romeiros param para descansar e dormir em barracas ou numa igrejinha.
O segundo dia da peregrinação começa por volta da uma hora da madrugada do dia 8, quando após o café, todos seguem em direção à Redenção da Serra. É uma caminhada que exige dedicação, esforço e superação, para percorrer 40 quilômetros.
Ao longo do percurso, carros de apoio oferecem água e frutas. As pessoas idosas, que sentem o cansaço, podem continuar o trajeto nos carros de apoio, até recuperarem suas forças e energias e voltarem a seguirem a pé a romaria.
Param para almoçar e também para descansar e dormir em Redenção. Dormem em barracas improvisadas ou em casas de apoio, oferecidas por moradores da região.
O terceiro dia de caminhada, também, é bem desgastante e exige muito dos peregrinos. São 40 quilômetros entre Redenção e o bairro Monjolinho. Em Taubaté.
A maioria do grupo, procura trajar bermuda, camiseta e boné, roupas leves para dar mais conforto durante a caminhada. .As mochilas são levadas pelos carros de apoio.
As necessidades são feitas no mato mesmo. As mulheres usam cangas para fazer um cerco e garantir a privacidade. Os homens, sempre dão um jeitinho dentro do mato, mas a maioria, aproveita os pontos de apoio, para fazerem suas necessidades.
Durante o percurso, muitas orações. A fé faz com que todos suportem e superem o desgaste físico e as longas caminhadas. Casais aproveitam para avaliar a vida familiar e buscar novos caminhos.
Outros, aproveitam a caminhada para conhecer pessoas e ganhar novos amigos, todos, movidos pela fé. E, assim, o tempo passa e os obstáculos vão sendo superado.
Mais uma parada para alimentação e descanso. O quarto dia da romaria é o mais longo e o que requer mais cuidado. São 45 quilômetros entre o bairro Monjolinho, em Taubaté, até o Santuário Nacional.
A caminhada começa a uma hora da madrugadas do dia 10 e é feita pelo acostamento da Rodovia Presidente Dutra. Todos seguem em fila indiana, para evitar riscos de atropelamentos.
No trajeto, os peregrinos de Caraguá, encontram vários pontos de apoio. Um deles é do Grupo Unidos pela Fé, de voluntários de Taubaté. O grupo oferece gratuitamente massagens nos pés dos romeiros, serviços médicos, curativos e alimentação.
O Grupo existe há cinco anos e desde então nesta época do ano oferece apoio e solidariedade aos romeiros em suas jornadas de fé, em direção ao Santuário Nacional de Aparecida.
O cansaço é grande, mas a emoção supera o desgaste físico, quando se o grupo de peregrinos de Caraguá se aproxima de Aparecida. Antes de seguirem em direção ao Santuário Nacional, descarregam o andor, ornamentado e com a imagem da santa padroeira do Brasil, para que nos ombros dos peregrinos, siga até o interior do santuário.
Na entrada do Santuário Nacional, a emoção toma conta de todos. Não tem como segurar as lágrimas. O desgaste causado pela longa jornada a pé, desaparece. É pura emoção. Choros misturados com risos de alegria e felicidade. Abraços carinhosos e mais orações. Tudo valeu a pena. A fé vale a pena.
O grupo entra no Santuário em fila indiana atrás do andor. Passa pela imagem da padroeira. Fotos, selfies, filmagens, orações e agradecimentos. Missão cumprida.
Veja vídeo da entrada do andor e dos peregrinos na Basílica:
Quem participou da longa e difícil caminhada, para cumprir uma promessa ou prestar suas homenagens a padroeira, se sente realizado, aliviado e cheio de esperanças para seguir a vida, com benção de Nossa Senhora, a Padroeira do Brasil.
Concluída a jornada, após deixar o interior do Santuário Nacional, o grupo de romeiros de Caraguá se divide. A maioria, retorna de ônibus para a cidade, outros, permanecem em Aparecida, para assistirem as missas do dia 12. O Dia da Padroeira.
Emoção e Fé
“É uma experiência emocionante e indescritível. Requer muito esforço, pois o o desgaste é grande, mas vale a pena. A fé faz a gente superar todas as dificuldades da longa e difícil caminhada, realizada em quatro dias. O grupo de apoio ajuda a todos”, conta Sávio Luiz dos Santos, presidente da Associação Comercial e Empresarial de Caraguatatuba.
Sávio e sua esposa Silvana participam da peregrinação há seis anos. Além, de colaborador, Sávio é um maiores incentivadores da romaria. “Quem participa pela primeira vez sempre continuará participando. A logística é perfeita. Os períodos de caminhada, as paradas, a alimentação e os pontos e carros de apoio garantem à todos uma peregrinação tranquila”, disse.
O momento de maior emoção, segundo ele, é quando o grupo de romeiros se aproxima do Santuário Nacional. “A emoção fica a flor da pele, não tem como segurar a lágrima e o choro. Abraçamos uns aos outros, a fé nos fez superar todos as dificuldades e nos fez vencedores. Tudo por devoção a Nossa Senhora”, destacou.
A corretora de imóveis, Cláudia Macedo, conta que tudo é emocionante. “Desde a preparação da peregrinação, a elaboração da logística, a decoração do andor e a confirmação dos participantes. A gente passa os dias ansiosos com a expectativa da caminhada. A gente conta os dias e as horas que faltam para iniciar a romaria. É uma grande superação, caminhar por quatro dias em devoção a Nossa Senhora”, afirmou.
Cláudia convida todos seus amigos e as pessoas que convive para participar da romaria. Segundo ela, é uma experiência das mais gratificantes. São quatro dias de muito desgaste, mas de muita devoção e fé em Nossa Senhora. “ Após quatro dias de longa caminhada, quando a gente se aproxima de Aparecida, a emoção toma conta da gente. É difícil explicar o sentimento. Só quem participou ou participa, sabe o que estou querendo dizer. É um sentimento inexplicável. É fé, amor e devoção pura”, finalizou.