Num dos prédios mais antigos e mais visitados de São Sebastião, funciona uma loja de tecidos, onde trabalha há mais antiga comerciante ainda em atividade na cidade, dona Nilza Vasques Fernandes
Por Salim Burihan
A Casa Esperança, na avenida Altino Arantes, a avenida beira mar de São Sebastião, é um dos cartões postais da cidade.
Localizada no chamado “Centro Histórico” o prédio foi construído no século XVIII, em pedra e sal, onde a argamassa era obtida a partir da moagem das conchas, areia e óleo de baleia . As pedras que enfeitam as esquadrias vieram de Portugal.
No teto do piso superior, existem três pinturas, uma delas representando a chegada da família real ao Rio de Janeiro, são de autor desconhecido.
Devido a sua importância, é o único prédio da cidade tombado pelo IPHAN(Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional) e Condephaat(Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico).
O prédio, um dos mais visitados da cidade, pertence à família Vasques Fernandes, uma das mais tradicionais de São Sebastião.
No interior do prédio, funciona há mais de 75 anos um comércio. No começo, era de secos e molhados, administrado por Izidro Fernandes, já falecido. O comércio atendia toda a região.
Há 50 anos, o comércio passou a vender tecidos. Hoje, só vende tecidos, talvez a loja deste ramo mais antiga na região.
E, atrás do balcão dessa loja, que recebe à todos com muito carinho e dedicação está dona Nilza Velasques Fernandes, de 71 anos.
Trata-se, sem dúvida nenhuma, da mais antiga comerciante em atividade em São Sebastião.
Há 53 anos, dona Nilza, trabalha na loja. De segunda a sexta, das 8 às 18 horas e aos sábados, das 8h30 às 12 horas.
Dona Nilza, conhece tudo de tecido e faz questão de orientar seus clientes, tanto com relação ao material, quanto no preço.
A loja tem uma variedade muito grande de tecidos, de todos os tipos e cores. Os clientes são praticamente “amigos” pessoais de dona Nilza.
Ela sugere o modelo ideal, sem se preocupar com o preço, mas sim, com a satisfação de sua clientela.
Dona Nilza é tão querida que a câmara propôs lhe fazer uma homenagem, mas ela, não aceitou.
“Acho que realmente sou a comerciante mais antiga ainda em atividade na cidade. Mas faço isso com o maior prazer, nunca faltei um dia ao trabalho”, contou.
Dona Nilza, também, conhece como ninguém, a história da cidade. Faz questão de explicar que a família Vasques Fernandes, apesar de ser uma das mais antigas e tradicionais da cidade, jamais se envolveu na política local.
Conta, que sua irmã Nair, de 91 anos, foi a primeira telefonista da cidade; e que, a outra irmã, Neuza, de 75 anos, foi uma das primeiras bancárias de São Sebastião.
É uma família extremamente envolvida com a cultura. Seu filho, Reinaldo Vasques, além de trabalhar na loja de tecidos, também administra o Espaço Cultural Adriana Vasques Fernandes, que fica no piso superior da loja.
Nesse espaço, também muito visitado pelos turistas, Reinaldo que é formado em artes plásticas e tem experiências em cenografia, figurino e iluminação, mantém no local uma galeria de arte que é aberta ao público apenas nas quartas e quintas, das 15 às 18 horas.
Como se vê, a Casa Esperança, além de ser uma atração turística pela sua arquitetura portuguesa, também é uma memória viva da cidade, graças à dona Nilza.