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Agosto foi aprovado pelo senado como mês de proteção à mulher, passo importante para mudar um cenário tão violento

Tamoios News
Imagem Ilustrativa / Arquivo Tamoios News

Agosto lilás, esse é o nome da campanha anual, feita no mês de agosto, para ações de conscientização, esclarecimentos e pelo fim da violência contra a mulher, realidade considerada muito alta ainda nos dias de hoje.

As mulheres brasileiras enfrentam, no dia a dia, diversos tipos de violência, que vão desde assédio moral, sexual até o feminicídio. Segundo dados do Anuário de Segurança Pública, em 2021, 1340 mulheres morreram só por serem mulheres, ou seja, cerca de 25 mulheres por semana, quase quatro por dia no ano passado.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o quinto país no mundo onde mais se mata mulheres. Tamanha gravidade que, desde 2015, o feminicídio passou a ser considerado crime hediondo. “A lei considera feminicídio quando o assassinato envolve violência doméstica e familiar, como também menosprezo ou descriminalização à condição de mulher da vítima”, informa a escritora e jornalista Priscila Siqueira.

Priscila destaca ainda outro grande tipo de violência que as mulheres sofrem, o estupro. “Não é só a morte da mulher que demonstra a violência contra ela em nossa sociedade. A capital São Paulo é considerada a cidade mais violenta contra a mulher juntamente com Nova Deli, na Índia. De onze em onze minutos um mulher é estuprada em plenos locais públicos”, lamenta.

Como jornalista Priscila trabalhou muito tempo contra o tráfico de mulheres pelo Porto de São Sebastião. Foi integrante de uma ONG em São Paulo que, inicialmente, prestava serviço à mulher marginalizada, mas o foco acabou mudando para tráfico de mulheres e meninas para prostituição, tamanho era o problema.

Conhecedora do assunto, ela alerta: “todo esse comportamento é fruto de um sistema econômico social que chamamos de patriarcado, cuja ideologia é o machismo. São crimes motivados por ódio ou sentimento de perda de controle e da propriedade das mulheres”.

A escritora e jornalista diz que está na hora de dar uma basta à tanta violência que traz, além de sofrimento às famílias, um cenário que dificulta a vida em sociedade e deixa diversas crianças sem mães.

Uma realidade que só vai mudar com conscientização e com uma sociedade mais equilibrada. “Sei que essa realidade não é fácil de mudar. Afinal o patriarcado tem cerca de 12 a 14 mil anos na história da humanidade. Mas nós temos que nos indignar com essa violência tão absurda para que nossas filhas netas e filhos e netos, vivam numa sociedade em que todos sejam respeitados por sua condição de pessoas humanas filhas e filhos da Divindade”, diz Priscila.

A especialista no assunto acrescenta, “quem ama não fere e não mata. O que faz um macho matar esposa que quer divórcio pois não suporta mais suas agressões, ou a namorada que não quer continuar o namoro, não é amor. O que é, é a “dor de cotovelo” do macho que não suporta ser abandonado antes dele abandonar”.

É preciso comentar, falar, mostrar e discutir sobre essa problemática vivida ainda pelas mulheres para que as coisas mudem. “É obrigação do Estado ter um comitê para enfrentar esse problema, porém, nenhuma Política Pública nesse sentido está funcionando”, finaliza Priscila.

Por Cynthia Louzada / Redação Tamoios News