Idosos, adultos e crianças foram atendidos por profissionais das áreas de oftalmologia, ginecologia, pediatria, infectologia e clínico geral
“Foi muito bom para nossa comunidade, para as crianças, trouxeram dentistas, médicos, foi muito positivo, um trabalho muito satisfatório. Toda uma equipe montada para melhor atendimento da comunidade”, contou o Cacique Adolfo Timoteo.
A ação da Ong Doutores da Amazônia em prol da saúde dos moradores da Terra Indígena Ribeirão Silveira entre os dias 24 e 26 de março resultou em 1.233 procedimentos em diversas especialidades.
No total, 312 indígenas, idosos, adultos e crianças foram atendidos por profissionais das áreas de oftalmologia, ginecologia, pediatria, infectologia, clínico geral, tratamentos de canal e testagem em massa.
Também foram entregues 56 óculos de grau, medicamentos, kits de higiene bucal. Os casos mais complexos foram encaminhados para o município. O trabalho é realizado com apoio de empresas da área médica e odontológica, que emprestam equipamentos, materiais e produtos para a ong e os médicos trabalham voluntariamente.
A instituição tem uma ótica portátil, que possibilita fazer os óculos na hora. “A gente não pode fazer ações em terra indígenas e não levar uma solução imediata para eles. Não adianta ir à aldeia, fazer o exame oftalmológico e dar a receita para eles. Eles não têm condições de pagar os óculos. Então a gente leva os técnicos, leva uma ótica portátil, já monta os óculos na hora e faz a doação para os pacientes que precisam”, explica Dr. Caio Eduardo Machado, sócio fundador da Ong Doutores da Amazônia.
A ação na Aldeia Rio Silveira contou com apoio das Secretarias de Saúde (SESAU), de Desenvolvimento Econômico e Social (SEDES), Fundação de Saúde Pública (FSPSS) e da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) com profissionais e medicamentos, testes rápidos e tendas.
Esta foi a primeira ação da entidade em uma aldeia no litoral paulista. “Foi através de uma matéria do Portal Tamoios News que estabelecemos contato com a Aldeia Guarani Rio Silveira durante a pandemia e fizemos uma doação grande para eles. Essa foi a nossa 27ª missão, 26 em território amazônico, mas foi muito especial para mim, me emocionei muito com as crianças, os indígenas daqui. Estamos fazendo um acompanhamento com a prefeitura de São Sebastião com os casos encaminhados e já recebemos os agendamentos de casos mais especializados e o município se prontificou a pegá-los na aldeia e levar para as consultas”, conta Machado. “É difícil a saúde mais especializada nessas aldeias, muita criança com problema de visão que foram encaminhados à secretaria de saúde da cidade”.
Ele conta que se surpreendeu com a aldeia, pois sempre atuam em terras indígenas de difícil acesso, acostumados com indígenas que tem dificuldade de deslocamento diário e percebeu que mesmo tão próximos da cidade, eles vivem como os da Amazônia, mantém a tradição, falam pouco, ficam isolados na aldeia.
“Mesmo estando perto do município têm dificuldades e preconceitos muito grandes. Acho até que sofrem mais preconceito do que os indígenas da Amazônia que a gente atende. Lá, os ‘não indígenas’ acabam tendo mais contato com eles. Aqui têm uma estrutura melhor, estão perto do centro, mas é difícil quando se trata indígenas, porque os costumes e hábitos são diferentes. Senti que aqui o preconceito que as pessoas têm com eles, faz com que acabem não saindo da aldeia”, aponta o dentista.
“Nossas ações tem começo, meio e fim. Vamos criar um cronograma, vamos retornar, não fazemos um atendimento pontual. Estamos combinando com o Cacique Adolfo, vamos marcar uma próxima ação para todos os Guaranis, de São Paulo, Parati, Angra dos Reis. Foi muito satisfatório, no último dia eles dançaram e cantaram para toda a equipe agradecendo, foi muito emocionante”, relembra.
Para saber mais sobre o trabalho da Ong, acesse:
www.doutoresdaamazonia.org.br
Texto: Adriana Coutinho / Tamoios News