Reserva é admirada por sua rica área de preservação ambiental de Mata Atlântica e por ser o lar de mais de 400 índios
Por Maria Jaislane
A reserva indígena Rio Silveiras, localizada na Mata Atlântica, KM 183 na rodovia Manoel Hipolyto Rego, situada a menos de um quilômetro de distância da praia de Boracéia, na Costa Sul de São Sebastião, está de portas abertas e apresenta programação para celebrar o Dia do Índio.
Nesta quinta-feira (19), será dado o inicio da programação de festa cultural na Aldeia. Serão quatro dias de evento, repleto por atrações, como o canto, a dança, comida típica, e adquirir os produtos diretos da aldeia.
O evento cultural está programado para começar a partir das 10h, encerrando só no domingo (22). Para participar do evento, pede-se a contribuição espontânea da população com 1kg de alimento não perecível.
“O dia do Índio é um símbolo que se da à resistência dos povos indígenas, de luta, demarcação de terras, direitos a saúde, direitos a educação e a agricultura. E assim, mostrar a nossa resistência a toda a população de São Sebastião, Bertioga de todo o Estado de São Paulo, aqui é a única área preservada, que precisamos proteger. É conhecendo que a gente valoriza e respeita a cultura diferente. Venha conhecer a nossa aldeia”, convida o cacique Adolfo Timóteo.
O objetivo com a programação dentro da reserva é de aproximar os caiçaras e visitantes da cultura indígena. Quem for ao evento poderá conhecer e desfrutar da cultura, costumes, da língua, a arte e culinária da tribo.
Preservando a cultura indígena, os guaranis produzem artesanatos, cultivam palmito Jussara, fazem pintura corporal e praticam atividades como tiros de arco e flecha e trilha, até a cachoeira do povoado.
Às 9h, a programação será aberta com a apresentação do canto e dança da aldeia. Em seguida, às 10h, os índios farão a tradicional apresentação de dança do xondaro; na sequência, haverá também apresentações com arco e flecha, cabo de guerra e luta corporal. Ao meio dia, será preparado o almoço com a culinária tradicional indígena, e no período da tarde, acontecerá a apresentação dos grupos Porteira, Cachoeira, Rio Pequeno e Silveira e muito mais.
Saúde – De acordo com o Sistema Instituto Ayrton Senna de Informação (Siasi), na aldeia vivem mais de 400 índios da etnia tupi-guarani, distribuídos em 948,40 hectares. Os índios têm como moradia pequenas casas construídas em pau a pique cobertas com palha ou casas feitas com madeira da própria Aldeia. Havendo uma escola, própria para as crianças indígenas, e também uma unidade básica de saúde, que os atende exclusivamente.
Atualmente não há nenhum caso de febre amarela registrado na reserva indígena, que faz divisa entre os municípios de Bertioga e São Sebastião. Segundo a enfermeira Samira Brum: “Por habitarem em meio à mata fechada, os nativos são imunizados contra doenças como a febre amarela, hepatite B, Varicela, entre outras, a partir dos nove meses de idade. Desse modo, crescem protegidos e isentos de futuros problemas de saúde”, afirma.
Os atendimentos no posto de saúde da aldeia Rio Silveira são feitos de segundas a sextas-feiras a partir das 8h às 16h.
Trilha – Em comemoração ao Dia Nacional do Índio (19), a Prefeitura de São Sebastião, através da Secretaria de Turismo (Setur), da Fundação Educacional e Cultural Deodato Santana (Fundass), e da Secretaria de Serviços Públicos (Sesep), deu início à primeira fase de estruturação da trilha de acesso ao Rio Silveira.
Segundo o Cacique Adolfo, o início da aldeia se deu nas margens deste rio, mas por conta da dificuldade do acesso, que só é possível por trilha, a aldeia acabou se estabelecendo próxima à rodovia. Ele frisa a importância da estruturação do acesso, pois o Rio Silveira é usado diariamente pela aldeia, para o lazer, plantio, cerimônias religiosas como o batismo indígena, e o turismo, que hoje é a principal fonte de renda dos indígenas.
De acordo com o Secretário Adjunto de Turismo, Leandro Saadi, a reserva indígena tem um enorme potencial turístico. ”Em um mesmo local, você possui turismo cultural, ecoturismo e turismo de aventura. Tem atividade para todos os gostos e idades”, disse Saadi.
Nesta primeira etapa, está sendo feita a drenagem da trilha, instalação de degraus, corrimãos, passarelas e sinalização. A intenção é dar estrutura para os índios trabalharem com excelência. O secretário diz estar otimista. “Em reunião com os líderes da aldeia, pude perceber o desejo deles em desenvolver um turismo profissional e de padrão internacional. Iremos mobilizar toda aldeia, ministrando cursos de capacitação e qualificação voltados ao turismo”, finalizou ele.
Confira a programação completa de 19 a 22 de Abril:
9h – Apresentação do canto e dança da Aldeia;
9h30 – Apresentação – Fala da Autoridade e Liderança;
10h – Dança do Xondaro;
10h45 – Apresentação com Arco e Flecha;
11h – Cabo de Guerra;
11h30 – Luta Corporal;
12h – Almoço;
14h10 – Apresentação dos grupos;
14h20 – Grupo Porteira;
14h30 – Grupo de Cachoeira e Grupo do Rio Pequeno;
14h40 – Grupo do Silveira;
15h – Corrida de Tora.