Segundo ICMBio, óleo no mar segue em direção à Costa de São Sebastião
Por Leonardo Rodrigues
“Os peixes contaminaram tudo”. A fala e a constatação simples é de Adilson de Almeida Oliveira, morador da Ilha Montão de Trigo, na Costa Sul de São Sebastião. Pescador, ele assiste desde a noite de sábado (4), o vazamento de combustível de uma lancha que foi abandonada no local. Hoje (6), a embarcação continua lá, o combustível se espalhando no mar também. “O óleo impregnou na costeira. Aqui é região onde os peixes começam a criar; onde fazem a desova. E agora?”, pergunta sem perspectiva de respostas.
Mas a dúvida de Oliveira se soma a de mais 61 pessoas que moram na ilha, e tem na pesca seu ganha pão. “Isso é um crime, prejudica e atinge o Meio Ambiente de São Sebastião. Será que não percebem?”, questiona o pescador.
Ele relata que desde que uma lancha, modelo Ferretti 530, foi avistada abandonada, derramou“muito” combustível no mar, e as poucas aparições desde então vistoriaram o local, mas sem providências imediatas. “O primeiro a vir foi a seguradora da lancha, na manhã de domingo, que analisaram como vão retirar a embarcação. A Marinha, e o ICMbio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) vieram bem mais tarde. O ICMBio diz que a área é de responsabilidade do IBAMA, já que cuida apenas da região de Alcatrazes. Já a Marinha foi atenciosa, mas fez apenas coletas da água para ver a contaminação”, conta Oliveira.
Segundo o pescador, a seguradora da embarcação informou que a proprietária é de São Paulo, e que guarda a lancha em uma marina em Ubatuba. Quanto a análise do incidente para ver de que forma vão retirar a embarcação do local, Oliveira relata que os funcionários da seguradora foram breves nas palavras: “pretendemos tirar o mais rápido possível”.
A coordenadora de proteção do ICMBio Alcatrazes, Edineia Correia, confirmou que uma equipe foi ao local do incidente na tarde desse domingo (5). Segundo ela, ao chegarem constataram que o óleo estava se dispersando na direção noroeste. Ou seja, indo para a costa de São Sebastião, e sem riscos de comprometer Alcatrazes. A equipe do ICMBio cogitou entrar na lancha, que está presa nas pedras na face norte da ilha, para verificar quanto óleo ainda havia no tanque. Mas logo a operação foi descartada por não haver estrutura e segurança na ocasião.
O gerente da agência da Cetesb, Antonio Rivas disse à reportagem que vai tentar conseguir um barco para, assim que verificar as condições de navegação, enviar a Ilha Montão de Trigo. “Mas não sei se conseguiremos nesta segunda-feira. Mas vamos apurar, para identificar o proprietário e fazer a autuação para reparo de danos”, comenta Rivas.
Essa autuação pode variar de uma advertência a uma multa gravíssima. “Dependerá da proporção do dano, da quantidade do vazamento, e se foi em local sensível. Mas isso, só depois de averiguarmos o incidente”, explica.