75 pessoas estão alojadas na escola municipal da Topolândia na região central
Por Ivânio de Abreu
As chuvas que atingiram o município de São Sebastião causaram estragos em diversos bairros. Alagamentos e deslizamentos deixaram muitas famílias desabrigadas. Foram registrados danos da Costa Sul à Costa Norte. Mas a principal área atingida foi o Centro e o bairro da Topolândia. Ao todo 75 pessoas estão alojadas na escola municipal da Topolândia, na região central da cidade.
No local é possível ver crianças correndo enquanto as famílias ficam na esperança de que tudo se resolva o quanto antes. Todos com um olhar apreensivo. Entre elas Sebastiana Silva de Jesus, 48, moradora do bairro da Topolândia há aproximadamente 26 anos, que ficou assustada com a situação. “É a primeira vez que vejo uma chuva desse jeito”, descreve.
Sebastiana conta que a chuva começou durante a tarde e piorou durante a noite dessa quarta-feira (14). “A chuva começou a engrossar e começou a pingar dentro de casa. Chamamos a Defesa Civil e nos pediram para pegar as roupas documentos e sair rápido, pois corria risco de uma pedra deslizar” relembra.
Para ela, o mais difícil não foi sair de casa, mas saber que seus dois filhos, um de 26 e outro de 27, não quiseram abandonar o lugar. “Eles dormiram lá. Não quiseram vir para a escola, meu marido foi lá chamar, mas não teve jeito. É muito ruim deixar nossa casa né, mas não pode arriscar ficar em baixo do perigo”, relata com os olhos cheios de lágrimas.

Movimentação intensa desde a noite dessa quarta-feira (14) devido os estragos da chuva
Outra moradora, que reside desde criança no bairro e que também precisou abandonar sua casa, foi Patrícia Lucia Santos do Nascimento, 29, que por medo e preocupação com seus dois filhos, de um ano e outro de três, não quis arriscar.
“Estávamos em casa e a chuva não parava. Nós acionamos a Defesa Civil, porque um barraco já havia caído e estava um cheiro forte de gás, fio de energia cortado no chão. Nós chegamos aqui na escola já era mais de 22h da noite. Todo mundo molhado. A gente batalha para ter as coisas e de repente do nada acontece isso. Agora para recuperar tudo vai ser difícil”, desabafa.
Para Patrícia e outras vítimas do estrago deixado pelas chuvas, o destino ainda é incerto de quando tudo vai resolver.

Nas ruas do bairro a cena se repete, móveis e colchões no lixo perdido após alagamentos
Messias Pedro, 50, funcionário da escola do bairro, diz que nunca ter visto algo parecido. “Eu moro aqui desde 74, e nunca vi algo desse jeito. Onde eu moro não teve problemas como essa parte do Topo”, relata.
De acordo com a Francieli Hataeishi, coordenadora do Centro de Referência da Assistência Social (Cras) Topolândia as famílias estão passando pela triagem no Cras para a retirada de cobertores entre outros utensílios básicos. “De imediato estamos precisando de colchões, produtos de higiene pessoal, como shampoo, escova de dente e alimentos”, ressalta.