Um pintor de paredes, que nunca teve aulas sobre pintura, está expondo suas obras na Fundacc, em Caraguá. Ele retrata personagens caiçaras, figuras folclóricas que marcaram a vida dos moradores nas décadas de 60 e 70
Por Salim Burihan
A Fundação Cultural de Caraguatatuba está com uma exposição das mais interessantes: “Passos, Paisagens e Personagens de Caraguatuba”.
As obras foram produzidas pelo pintor de paredes, Arnaldo Passo, de 60 anos, um dos melhores da cidade neste tipo de serviço.
Arnaldo é caiçara, filho de João Passos, família das mais tradicionais do bairro Estrela Dalva, em Caraguá.
Ele sempre viveu do trabalho de pintor de paredes, mas há cinco meses, decidiu pintar, principalmente, paisagens e personagens de sua cidade.
Arnaldo usa material reciclável, apanha nas obras e nas ruas, restos de eucatex ou mdf, trabalha a madeira para fazer suas pinturas.
Usa as tintas que sobram das casas e paredes que pinta. E, em menos de cinco meses, ganha espaço num dos principais espaços culturais para expor sua arte.
Ele tentou fazer um curso de pintura na fundação cultural, mas não conseguiu vaga. Isso, no entanto, não lhe desanimou.
“Fui aprimorando aos poucos, lendo aqui, aprendendo ali e foram surgindo os quadros”, contou Arnaldo, que ainda sonha em fazer um curso para aprimorar ainda mais a sua arte.
Seus traços tem características próprias e chamam a atenção. Uma das coisas que ele mais gosta de retratar são os personagens da cidade, gente que marcou a sua adolescência e de muita gente.
Toda cidade pequena tem seus personagens caricatos e populares. Pois bem, Arnaldo procura retratar todos eles, numa espécie de “álbum de figurinhas caiçara”.
É claro que tem quadros de ex-políticos tradicionais, de gente ligada ao esporte, a educação, a cultura e ao comércio, mas são as figuras folclóricas das décadas de 60 e 70 que mais chamam a atenção.
O “Rin tin tin, um cara muito querido que vendia queijadinha em frente a padaria Capri; “Chico Pulinho”, um homem que morava no asilo; “Miss Goiaba”, superconhecida na cidade, uma mulher que vendia verduras pelas ruas do centro.
Arnaldo quer retratar ainda outras pessoas marcantes na vida dos caraguatatubense como Carolino Carona, comerciante e um dos melhores jogadores de futebol da cidade; seu Francisco Louzada, que participava das congadas; Marino Garrido, um comerciante, entre outros.
Eu mesmo, fiquei surpreso ao visitar a exposição e me retratado pelo Arnaldo. Lá estava eu com a camisa 9 do Cruzeirinho, time amador em que joguei na década de 70, junto com o Arnaldo.
Além de expor seus quadros ou telas, as obras de Arnaldo são postadas nas redes sociais, pelo grupo Caraguatatuba, idealizado pelo Beto Arouca, que destaca coisas da Caraguá antiga.
Mas, tem um detalhe interessante, conforme explica o poeta Pitágoras Bom Pastor de Medeiros: “se o personagem retratado não for reconhecido por pelo menos dez pessoas do grupo, não permanece nas redes sociais”.se destaca por utilizar material reciclado em suas obras.
Pitagoras elogia o trabalho de Arnaldo. “Além de ser um pintor de paredes que se tornou um artista popular, Arnaldo é um artista sustentável pois utiliza material reciclável.
Seus personagens são tão bem retratados pelo artista, que muitas famílias da cidade tem procurado Arnaldo para ele retratar familiares, na maioria, já falecidos.
A exposição de Arnaldo permanece até o dia 30 de abril na Fundacc, que fica na Rua Santa Cruz, no centro da cidade. Vale a pena ver.
Muito legal! Paraaabéns!