Por Everson Tidioli
Ao se falar sobre deficiência é comum a confusão entre a deficiência de um órgão e a incapacidade de se realizar uma determinada função. A condição de deficiência evidencia uma situação de desvantagem que só é compreensível em uma situação relacional, comparando com aqueles que têm vantagens.
Quem já nasceu com uma deficiência, como quem teve sequelas advindas de uma doença ou de um acidente não encontra apenas desafios sociais, mas desafios pessoais, relacionados à constituição da identidade individual.
Diante dessa condição, o sujeito tem o árduo trabalho de construir/reconstruir sua identidade, sua imagem corporal, a visão que tem de si mesmo, além das diferentes formas de relacionamento, seja com a família, os amigos ou a sociedade.
Os desafios, muitas vezes, podem abalar a estrutura emocional e a tonalidade afetiva daqueles que possuem uma deficiência, e, também, daqueles que convivem com os mesmos.
A falta de acessibilidade é um dos problemas que tolhem de diferentes formas a construção da identidade do deficiente. A acessibilidade é um meio de permitir que o indivíduo tenha conhecimento dos limites do próprio corpo e transite por espaços que lhe deem liberdade para o desenvolvimento de suas capacidades.
É preciso salientar que limitar o espaço físico não limita apenas as dimensões corporais/físicas, mas também as dimensões psicológicas, as quais envolvem pensamentos e emoções.
As dificuldades de interação com diversas barreiras ambientais podem impedir que a pessoa com deficiência tenha uma participação efetiva na sociedade, em igualdade com as demais pessoas.
A não realização de um sonho profissional, de conhecer um ponto turístico ou qualquer outro local por falta de acessibilidade, por exemplo, podem gerar frustrações, condicionando-os a se isolarem socialmente, aumentando a chance de desenvolverem depressões e/ou distúrbios de ansiedade, além de ocasionar o desencadeamento de outros problemas de saúde que podem ter relação com a deficiência.
Dessa forma, é possível observar que a existência de barreiras arquitetônicas dificulta as possibilidades de vagas para emprego, direitos civis garantidos, inclusão nas escolas e sistemas de saúde.
Ao se promover um ambiente facilitador, eventualmente, será possível romper com explicações puramente biológicas, dar abertura para a expressão de suas reais capacidades e o desenvolvimento saudável de sua identidade.