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Artistas fazem ação contra ‘desmanche da cultura’ em Ubatuba

Tamoios News
Foto: Renata Takahashi

Na tarde do último sábado (30/09), um grupo de vinte artistas realizou uma ocupação artística com exposição de obras e oficinas em frente ao Sobradão do Porto, na Praça Anchieta, no centro de Ubatuba. O objetivo foi chamar a atenção do poder público e da população para o que eles classificaram como “desmanche da cultura no município”.

Os artistas se queixam que a Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba (FundArt), responsável por planejar e executar a política cultural da cidade, teve muitos problemas nos últimos dois anos, como desorganização interna com mudanças frequentes de gestores, funcionários despreparados para funções que ocupam, falta de funcionários gerando sobrecarga de trabalho, eventos atrasados ou cancelados por falta de verba, atraso no edital da Lei Paulo Gustavo, entre outros. Eles lembram que o Sobradão do Porto está fechado sem previsão de reforma e que faltam locais de exposição ou um centro cultural na cidade para abrigar, por exemplo, o Salão de Arte.

Uma das reivindicações do grupo é a mudança do estatuto interno da FundArt, que eles afirmam ser muito antigo e que precisa de revisão urgente. Eles também pedem mais diálogo com o Conselho Deliberativo da FundArt e o Conselho Municipal de Política Cultural (CMPC), para que FundArt e sociedade civil realizem juntas as mudanças necessárias.

Foto: Renata Takahashi

Recentemente, a FundArt foi assunto na tribuna popular da Câmara de Ubatuba, quando a atriz Cristina Prochaska leu uma carta-manifesto pela cultura de Ubatuba, produzida em reunião do CMPC. A carta menciona que os recursos repassados pela Prefeitura à Cultura, por intermédio da FundArt, “são mesquinhos e insuficientes” e reivindica que os recursos para o Fundo Municipal de Cultura “sejam expressivamente majorados”. O documento na íntegra pode ser lido no site Change: https://www.change.org/p/carta-manifesto-pela-cultura-de-ubatuba

Na semana passada, a FundArt voltou a ser assunto na tribuna. “Seis diretores em dois anos e meio. Está lá o prédio do Sobradão, último prédio histórico de Ubatuba do tempo do café, prestes a ruir”, criticou o professor Janos K. Szenczi. Ele também mencionou que a Cadeia Velha é mais um prédio histórico que precisa ser reformado, comentou sobre a destruição da antiga capela da praia do Félix e sobre o abandono das ruínas da Lagoinha. O professor cobrou mais transparência da FundArt.

O que diz a FundArt

Acredito na legitimidade do manifesto como expressão máxima dos anseios da classe artística de Ubatuba que não reflete tão somente a situação de nosso município, mas infelizmente é reverberação do que vem ocorrendo nas várias camadas administrativas do nosso País.

A Fundação segue em sua missão de resistência, no desejo de que de fato recursos sejam majorados, que o quadro de funcionários seja ampliado frente à crescente demanda que o Município vive com o vertiginoso aumento da população. É fundamental a manifestação por ordem daqueles a quem a Fundação tem o dever de promover desenvolvimento, amparo, acesso e incentivo. Transformar estes anseios em ações é um objetivo comum e deve ser fruto da interação entre sociedade cível, setor público, setor legislativo e demais atores para a efetivação destas propostas.

Podemos e devemos seguir em frente neste processo, em respeito ao estatuto da Fundação, em sua reformulação e adequação ao momento presente e em consonância com a premente necessidade de nossa sociedade.

Renata Takahashi/Tamoios News