“Inclusão, paz, igualdade e mais respeito é o que queremos”, afirma o mestre do grupo
Por Raell Nunes, de Ubatuba
Quem passava pela ponte que liga o Centro de Ubatuba ao Perequê-Açu em Ubatuba, às 20h da sexta-feira (26), certamente ouvia sons de instrumentos de percussão e canções diferenciadas. Já quem se aproximava do evento de cultura popular caiçara, na Ilha dos Pescadores, conseguia sentir de perto o ritmo intenso e frenético do grupo Maracatu Itaomi.
Mais do que música e dança, o Maracatu Itaomi acredita na resistência de um povo sofrido, que dispensa preconceitos, prega a paz e tenta conscientizar as pessoas a terem tolerância com o próximo. Levando toda essa mensagem por meio de apresentações artísticas, moradores e turistas ficaram atentos ao movimento. Muitos seguiram o compasso musical envolvente. Até o mais tímido acompanhava o balanço mexendo os pés ou a cabeça.
Ainda assim, essa expressiva manifestação cultural é pouco conhecida, divulgada e, por falta de informação, ainda sofre uma série de discriminações. “Existe preconceito e intolerância, sim. Alguns dizem que é coisa do diabo. Mas o que queremos é levar uma mensagem. Inclusão, paz, igualdade e mais respeito é o que queremos”, disse o mestre do grupo, Edison Soler.
O Maracatu Itaomi teve seus primórdios nos ensaios de percussão e dança afro, que aconteciam nos finais de tarde no Itaguá, na Praça da Baleia, em 2013. O nome Itaomi homenageia as origens do povo brasileiro. Reunindo assim “Ita”, que significa pedra em Tupi-Guarani e “Omi”, que é água em Yoruba, uma língua falada por muitos povos africanos.
De acordo com a organização do evento, o Maracatu é uma manifestação cultural afro-brasileira pernambucana. Conforme aponta, o movimento é um importante símbolo de resistência histórica das comunidades afrodescendentes no Brasil, em defesa de seus direitos, a manifestação da cultura e religiosidade ancestrais.
Segundo a Fundart (Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba), o Itaomi se propõe a difundir a prática e o conhecimento desta manifestação cultural, promovendo ensaios, oficinas e apresentações. O setor ainda esclarece que o grupo comparece em eventos escolares, festas populares nas comunidades, principalmente em datas que lembram a luta do movimento negro no Brasil.
Já faz alguns anos que houve uma expressão de comportamento sociocultural no Recife (PE). Essa nova atitude mesclou o ritmo Maracatu com a música eletrônica moderna. Com esse feito, revelou-se o movimento Manguebeat, idealizado por Chico Science, líder e vocalista da famosa banda iniciada na década de 90, a Nação Zumbi.