Dois deslizamentos de terra ocorridos neste ano em um morro próximo ao quilômetro 33,8 da BR-101, na região de Itamambuca, em Ubatuba, afetaram não apenas parte da pista da rodovia, mas também algumas ruas do loteamento que existe abaixo do local, que passaram a sofrer com a lama que desce desse morro. As ruas mais prejudicadas foram a 20, 22, 28 e 30. Como a prefeitura não solucionou o problema, que começou em abril e se agravou em setembro, a Associação Amigos de Itamambuca (SAI) resolveu agir por conta própria para retirar a lama das vias, utilizando trator, patrol, caminhão e equipe com enxadas, pagos com dinheiro do caixa da associação.
Segundo a presidente da SAI, Ana Cristina Romano, a decisão de intervir com recurso próprio sobrecarrega o caixa da associação, mas precisou ser tomada para resolver os transtornos dos proprietários de imóveis dessas ruas, que não conseguiam acessar as casas por conta do excesso de lama.
“A prefeitura participou de reuniões presenciais com a CCR e SAI. Fomos diversas vezes ao local. Falei semanalmente com o antigo secretário de obras e nada. Com a troca do secretário, teríamos que começar o diálogo do zero e o novo secretário não vê como prioridade e disse que não há verba para a execução das obras. Fizemos de tudo para conseguir. Porém, quando vi que não tinha jeito, resolvi autorizar a intervenção nos locais que podemos, sem problema com meio ambiente, ou seja, fora das áreas de proteção ambiental”, conta Ana.
A presidente da SAI elogia a atuação da concessionária CCR RioSP, que realizou uma obra de solo grampeado para recuperar o trecho afetado da rodovia. “A concessionária foi muito séria e atenciosa com nosso problema. Tive algumas reuniões com eles sempre que solicitei. Atenderam e executaram o trabalho, encerrando no prazo. E quando teve o segundo desmoronamento atuaram imediatamente”, afirma a presidente.
Ana Cristina também ressalta a importância da SAI, que na ausência de atuação do setor público, acaba atuando como uma espécie de subprefeitura nos cuidados e manutenção do loteamento e da praia. Ela conta que após as obras feitas pela CCR houve melhora na queda da lama. Porém, na parte do morro fora da área de domínio da concessionária, não foi realizada nenhuma obra pela prefeitura até o momento. “Nosso receio é o grande volume de chuvas no verão. Toda a intervenção que estamos fazendo pode ser em vão”, diz Ana.
O que diz a prefeitura
Questionada sobre a necessidade da realização de uma obra no morro após os deslizamentos, a prefeitura de Ubatuba enviou a seguinte nota:
“Esta é uma demanda que já foi questionada pelo MP e devidamente respondida pelos órgãos competentes, inclusive, com os quais já houve reunião, que também contou com a presença de representantes da CCR – Companhia de Concessões Rodoviárias. Estão sendo realizados estudos através da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social para o início do projeto de obras de drenagem, providências quanto às licenças e autorizações de intervenções de máquinas para realização das obras com prudência e planejamento necessário a fim de normalizar a situação, pois o local se trata de uma área verde sobre a qual é necessário o aval da Cetesb. Entretanto, de acordo com a Defesa Civil do Município, a terra que desceu está compactada e não oferece riscos aos moradores/comunidade. O local fica a 300 metros da última rua do condomínio, por isso, o estudo poderá ser realizado seguindo o cumprimento de todas as etapas necessárias para evitar qualquer dano ambiental.”
Por Renata Takahashi / Portal Tamoios News