A Barra do Sahy, em São Sebastião, tornou-se o epicentro de uma batalha entre o desenvolvimento e a preservação ambiental, com a iniciativa da prefeitura para construir muro de contenção (molhe) na barra do rio Sahy, desencadeando uma série de eventos controversos. Uma liminar concedida pelo juiz Vitor Hugo Aquino de Oliveira, da 1.a Vara Cível de São Sebastião, exigiu que a prefeitura apresentasse esclarecimentos sobre a obra, após a solicitação movida pela Sociedade Amigos da Barra do Sahy – Sabs e pela Associação de moradores da Vila Sahy – Amovila.
A Sabs e a Amovila solicitaram para que a justiça concedesse liminar depois que o prefeito de São Sebastião, Felipe Augusto (PSDB), se recusou a divulgar os detalhes do projeto e das licenças ambientais para os moradores sobre a obra que esta sendo realizada. A falta de transparência gerou preocupações entre os residentes, especialmente considerando que a obra está localizada dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) Baleia-Sahy.
Segundo informação obtida pelas associações a empresa Fortnot contratada para construção do muro de contenção (molhe) no Rio Sahy, no valor aproximado de R$ 24 milhões, não possui experiência prévia nesse tipo de projeto. Um incidente recente envolvendo uma draga utilizada na obra aumentou a tensão na comunidade, quando a embarcação ficou à deriva e colidiu com a ponte do rio Sahy, levantando questões sobre a segurança e a competência técnica da empresa.
A decisão do juiz, datada de 7 de março, estipulou um prazo de 10 dias para que a prefeitura apresentasse projetos, estudos de impactos ambientais, licenças, alvarás, bem como demais documentos que embasam a obra de limpeza, desassoreamento e contenção da margem do rio Sahy. Além disso, o magistrado exigiu que o prefeito exibisse estudos geológicos e hidrológicos, visando garantir a transparência e a legalidade do projeto.
Diante da falta de resposta satisfatória por parte das autoridades, a comunidade da Barra do Sahy está se mobilizando para um protesto de grande escala, que pode parar a rodovia e reunir mais de mil pessoas. A insatisfação é evidente entre os moradores, que se sentem ignorados e desrespeitados em relação às suas preocupações ambientais e de segurança.
A construção do muro de contenção na Barra do Sahy representa uma ameaça iminente ao ecossistema delicado do rio Sahy e ao mangue local, que desempenha um papel crucial na preservação da biodiversidade e na proteção contra inundações. Os caiçaras, habitantes tradicionais da região, temem pela perda de sua fonte de sustento e pela destruição de um importante patrimônio natural.
Recentemente, surgiram suspeitas de que a draga utilizada na obra tenha sido incendiada, adicionando uma nova camada de controvérsia ao conflito. Um inquérito policial está em andamento para averiguar se o incêndio foi um ato terrorista da comunidade ou se foi um incidente acidental. Esta nova reviravolta intensifica ainda mais as tensões na Barra do Sahy e destaca a urgência de um diálogo transparente e eficaz entre as autoridades e a comunidade.
O conflito ambiental na Barra do Sahy ecoa além das fronteiras locais, destacando a urgência de um diálogo transparente e inclusivo entre as autoridades e a comunidade. Enquanto os moradores lutam por seus direitos e pela proteção do meio ambiente, as decisões tomadas pelas autoridades terão um impacto duradouro no futuro da região e no bem-estar de seus habitantes. Em meio à incerteza e à tensão, resta esperar que a busca por soluções sustentáveis e equitativas prevaleça, assegurando a preservação do Rio Sahy e a harmonia entre desenvolvimento e natureza.
Nesse contexto, é crucial promover o diálogo aberto e transparente entre todas as partes envolvidas, dando voz aos moradores, às instituições ambientais e aos órgãos governamentais. A participação ativa da comunidade nas decisões que afetam seu meio ambiente é essencial para construir soluções eficazes e legitimar os processos de desenvolvimento sustentável.
Assesoria de Imprensa