Ele venceu três argentinos levantando 190kg nos braços
Por Raell Nunes, de Ubatuba
Depois de conquistar o campeonato brasileiro em julho deste ano, ocorrido no Rio de Janeiro, José Caetano Lourenço, o conhecido Fofão, foi vitorioso mais uma vez ao erguer a taça do Sul-Americano de supino, na categoria máster 1.
Ao levantar 190kg, o esportista caiçara, além de campeão, tornou-se recordista em sua classe. O antigo recorde era de 170Kg.
A competição ocorreu esta semana em Santos, e foi organizado pela Conbrap (Confederação Brasileira de Powerlifting). O atleta ubatubense disputou com mais três brasileiros e três argentinos.
“Ganhar é sempre bom. Mas ganhar da Argentina é muito melhor. O argentino que ficou em segundo lugar nem subiu no pódio”, relata o vencedor.
O supineiro ainda ficou em terceiro lugar na categoria coeficiente, incluindo todos os competidores. Nessa esfera ganhava quem levantasse o maior número de carga equivalente ao peso do próprio corpo.
Aos 47 anos de idade, Fofão mantém uma academia comunitária no bairro do Ipiranquinha, na qual expõe suas medalhas e troféus. Além de desenvolver trabalhos sociais, ele também ensina aos jovens algumas técnicas do supino e pretende formar futuros campeões.
O atleta cresceu sem a presença do pai e da mãe e se apegou ao esporte para não entrar no caminho da criminalidade. Conforme falou, seu objetivo futuramente é participar do campeonato mundial, em Lass Vegas, nos EUA.
Confira a entrevista exclusiva do recordista Sul-Americano concedida para o Tamoios News.
Tamoios News (TN) – Foi difícil disputar o campeonato Sul-Americano?
Fofão (FF) – Foi complicado. O dia da pesagem foi um e o dia do campeonato outro. Eu pesei e fiquei em Mogi (SP) e depois voltei a Santos para disputar. Nas duas situações eu acordei às 5h para pegar condução. Isso tudo é cansativo e atrapalha na hora de levantar o peso.
TN – O que passou na sua cabeça ao ganhar a competição?
FF – Foi um cala-boca. Muita gente não acreditava em mim. Diziam-me que isso não ia dar em nada. Aliás, a vida inteira eu escutei isso. Meus próprios familiares falavam que musculação era coisa de vagabundo. Eu fui um cara que fez muita coisa errada. O esporte me salvou e me deu tudo que tenho hoje.
TN – Você pratica um esporte que não é muito conhecido em Ubatuba. Qual a maior dificuldade para participar de campeonatos importantes como, por exemplo, o Sul-Americano?
FF – A maior dificuldade sempre é a questão do dinheiro. Tenho poucos patrocínios e, infelizmente, o supino não é muito conhecido por aqui. Até na Argentina, que é economicamente inferior ao Brasil, se tem reconhecimento e incentivo ao esporte.
TN – Conte como é sua rotina de treinamento.
FF – Quando não estou em época de campeonatos, eu treino a semana toda. Já no período que se aproxima as competições, eu só treino três vezes por semana. É importante guardar as energias. Quando estou prestes a competir, treino só duas vezes por semana. Nos treinos, com meus amigos, chego a levantar 240kg.
TN – Você faz alguns trabalhos sociais e paralelamente quer lançar novos jovens no supino. Como vão os projetos?