Especialistas apontam que a rede estava no mar há tempos
Por Raell Nunes
Uma baleia foi encontrada morta e enroscada numa rede de pesca na tarde dessa quarta-feira (22), no Canal de São Sebastião. Um morador de Ilhabela deu auxílio à equipe do Instituto Argonauta para retirar a rede.
Em seguida, a Defesa Civil de São Sebastião rebocou o animal e prosseguiu com os trâmites para fundear o mamífero – para evitar transtornos e acidentes. Segundo o Instituto Argonauta, a baleia é da espécie de Bryde, com aproximadamente 12 metros de comprimento .
Durante três horas e com o apoio da Defesa Civil de Ilhabela, a Bryde foi rebocada até a Praia Grande, na região central de São Sebastião e amarrada a uma poita para que hoje (23) fosse enterrada pela Municipalidade. Devido as más condições climáticas, como chuva intensa no canal, ventos fortes e maré agitada, não foi possível o reboque para mar aberto. Foi levado em consideração também o estado de decomposição do animal, que em uma primeira avaliação dos biólogos aparentava estar morta há quatro ou cinco dias.
Conforme especialistas, a rede estava no mar há tempos, devido às provas encontradas: havia lepas (crustáceos marinhos) enraizados no material de pesca. Os ambientalistas alertam que as redes podem prejudicar os peixes e diversas espécies marinhas, lavando os mesmos à morte.
Riscos – Uma baleia em decomposição pode trazer riscos à saúde pública. Houve casos ao redor do mundo que os animais explodiram naturalmente com gases que se acumularam por dentro. O oceanógrafo Hugo Gallo Neto explica outros perigos que o mamífero pode causar.
“Baleias à deriva podem ser um grande risco à navegação em especial para barcos que trafegam à noite. Desta forma, toda vez que ancoramos uma baleia numa costeira e avisamos a Marinha, além de uma correta destinação ao corpo do animal, podemos estar evitando acidentes no local.”
Outros casos – No mês passado, uma baleia da espécie Jubarte foi encontrada morta e já em decomposição no canal entre Ubatuba e Caraguatatuba. Também em outubro, uma baleia foi encontrada sem vida e encalhada em Caraguatatuba, na Praia Aruan. As mortes não são apenas de baleias. Isso porque um golfinho foi encontrado morto na Praia Massaguaçu.
Segundo o Projeto Baleia Jubarte, mais de 100 espécies foram encontradas encalhadas e mortas pelo Brasil – principalmente na Bahia e Espírito Santo. Estima-se que haja mais de 17 mil jubartes espalhadas pelo país; diferente da década de 80, que eram apenas mil.