Toda a população a partir de 9 meses de idade deve ser vacinada
As cidades do Litoral Norte começam hoje (25), a campanha de vacinação contra a febre amarela. Nesta quinta-feira (25), os municípios da região estão prontos no trabalho de imunização contra o vírus em suas unidades básicas de saúde.
As cidades estão entre as 52 cidades do Estado de São Paulo que participam da campanha de vacinação.
Ubatuba – Os técnicos da Vigilância em Saúde de Ubatuba participaram de reunião de capacitação e preparação da estratégia em São José dos Campos. A campanha de vacinação fracionada contra a febre amarela terá ainda o dia “D” de vacinação – no sábados do dia 3 de fevereiro. A vacinação será ofertada em duas modalidades: dose fracionada ou padrão.
Ubatuba entrou na lista de cidades onde a campanha será feita por estar em região com muita mata, que possibilita a introdução da doença por meio da circulação de primatas. Mas segundo Patricia Machado Sanches, supervisora da Vigilância em Saúde, não há motivo para alarde.
“Tivemos somente três casos suspeitos e confirmados da doença no início de 2017, todos importados, de pessoas que estiveram nas áreas atingidas em Minas Gerais. Os três foram tratados conforme o protocolo do Ministério da Saúde, se recuperaram e passam bem. Não tivemos outros casos suspeitos depois de janeiro do ano passado”, explica. “Também monitoramos os primatas que aparecem mortos e não houve casos de contaminação”.
Em dezembro houve capacitação à equipe da Atenção Básica e dos Pronto-Atendimentos sobre o protocolo para manejo das arboviroses e a equipe está atualizada de acordo com o que preconiza o Ministério da Saúde.
A Vigilância em Saúde agora prepara a logística da campanha de vacinação junto com o GVE. “Estamos montando um cronograma de vacinação e dialogando com o GVE sobre a quantidade de doses a enviar e em quais momentos elas serão disponibilizadas”, agrega. Enquanto isso, a vacinação continua a ser aplicada conforme agendamento prévio para as pessoas que viajam para áreas endêmicas da doença.
Ilhabela – O aviso sobre a campanha foi dado pelo Governo do Estado no dia 11, em que representantes de diversos municípios do Vale do Paraíba e Litoral Norte participaram de reunião com dirigentes regionais. “A doença é grave e seguiremos a orientação da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo para imunizar toda a nossa população”, decla o prefeito Márcio Tenório.
Para o secretário de saúde de Ilhabela, Marco Antônio Gênova, a campanha tem como objetivo a prevenção, mas ressalta ainda que no arquipélago não foram registrados casos reais ou suspeitos da doença. “Apesar de morarmos em uma região cercada pela mata e com presença de primatas (hospedeiro da doença), não registramos nenhum caso da doença. A imunização será realizada em toda a população, de acordo com a faixa etária divulgada pelo estado”.
Gênova ainda diz que “só devem procurar as UBS’s, antes da campanha, apenas a população que necessita viajar para as áreas de risco, nestes casos a aplicação da vacina será realizada”. A aplicação deve ocorrer com, no mínimo, 10 dias antes da viagem. A OMS indica que seja tomada apenas uma dose e o reforço após 10 anos.
Caraguá – Em Caraguatatuba no primeiro e no último dia da campanha, as UBSs estarão abertas a partir das 8h e farão a aplicação da vacina até às 17h, num grande mutirão de imunização para a população.
A vacina pode ser aplicada em qualquer pessoa que tenha mais de nove meses de idade, exceto gestantes, mulheres em período de amamentação, menores de seis meses e pessoas alérgicas a ovo. A aplicação em idosos será realizada mediante autorização médica.
Segundo a coordenadora de Vigilância Epidemiológica de Caraguá, Helienne Santos, a vacina em dose fracionada tem a mesma eficácia que a dose integral. “A dose fracionada é uma forma de imunizar mais pessoas. Uma dose será dividida para cinco pessoas. O que muda é o período de proteção. Enquanto a dose integral imuniza por toda a vida, a dose fracionada imuniza por oito anos, sendo necessário realizar um reforço após esse tempo”, afirmou.
Em seu ciclo silvestre, em áreas florestais, o vetor da febre amarela é principalmente o mosquito Haemagogus. Já no meio urbano, a transmissão se dá através do mosquito Aedes aegypti, o mesmo transmissor da dengue. Por isso Helienne Santos alerta a população em relação aos cuidados necessários para evitar a proliferação da espécie.
“Os mosquitos criam-se na água e proliferam-se dentro dos domicílios. Qualquer recipiente como caixas d’água, latas e pneus contendo água são ambientes ideais para que a fêmea do mosquito ponha seus ovos. Portanto, deve-se evitar o acúmulo de água parada em recipientes destampados”, disse Helienne Santos. Caraguatatuba também não tem registro de caso de febre amarela.
São Sebastião – A Prefeitura sebastianense decidiu ampliar a área de vacinação. A decisão tem a orientação do Ministério da Saúde. De acordo com a Secretaria de Saúde (Sesau), será feito o fracionamento de uma vacina, de 0,5ml (considerada padrão) para 0,1ml (o que representa 1/5 da dose padrão).
“Estudos apontam que a dose fracionada da vacina de febre amarela é eficaz por, pelo menos oito anos”, disse o chefe da Divisão Epidemiológica, Maurílio Bianchi.
A vacina contra a febre amarela é contraindicada para pacientes em tratamento de câncer, pessoas com imunossupressão e pessoas com reação alérgica grave à proteína do ovo. “Esta foi uma decisão muito acertada do Ministério em fazer a imunização já que é a melhor forma de prevenção contra a doença. Até o momento São Sebastião não tem nenhum caso confirmado da febre amarela nem em seres humanos nem em macacos”, acrescentou Bianchi.
Ainda de acordo com a recomendação do Ministério da Saúde, a vacinação com a dose integral (0,5ml) será mantida em alguns casos como nas regiões que hoje são consideradas áreas de risco para doença, para pessoas que se destinam a países onde é exigido o certificado da vacina contra febre amarela, para pessoas com o vírus HIV, que terminaram o tratamento de quimioterapia e crianças entre 9 meses e 2 anos de idade. As pessoas que foram imunizadas há menos de 10 anos não precisam ser revacinadas.
O que é ? A febre amarela é uma doença infecciosa febril causada por um vírus transmitido pela picada dos mosquitos contaminados com a doença. Na mata, pelo Haemagogus e Sabethes e, na cidade, a transmissão pode ocorrer com a picada do Aedes aegypti. A doença é de alta gravidade e tem potencial de disseminação em áreas urbanas.
Quem contrai este vírus não chega a apresentar sintomas ou os mesmos são muito fracos. As primeiras manifestações da doença são repentinas: febre alta, calafrios, cansaço, dor de cabeça, dor muscular, náuseas e vômitos por cerca de três dias.
A forma mais grave da doença é rara e costuma aparecer após um breve período de bem-estar (até dois dias), quando podem ocorrer insuficiências hepática e renal, icterícia (olhos e pele amarelados), manifestações hemorrágicas e cansaço intenso. A maioria dos infectados se recupera bem e adquire imunização permanente contra a febre amarela.