São Sebastião

Campanha “Quebrando o silêncio” reúne moradores e fiéis para alertar sobre a violência contra a mulher em São Sebastião

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Rafael César

Rafael César

O evento teve louvores, depoimentos, estatísticas, distribuição de gibis e revistas sobre o tema, apresentação de vídeos e sorteio de prêmios

Por Rafael César, de São Sebastião

A campanha “Quebrando o silêncio” ocorreu neste sábado (27), no Anfiteatro do Complexo Turístico da Rua da Praia, no Centro Histórico de São Sebastião. Cerca de 70 pessoas acompanharam os louvores, depoimentos, estatísticas, vídeos e receberam gibis e revistas sobre o tema da violência doméstica familiar contra a mulher, que acontecem principalmente pelo uso de álcool e drogas. Além disso, houve sorteios de prêmios como, DVDs, CDs e livros.

A ação foi realizada pelo Ministério das Mulheres da Igreja Adventista do Sétimo Dia, e contou com a parceria da Coordenadoria da Mulher de São Sebastião, Conselho Municipal da Condição Feminina e AAMS (Associação de Amparo da Mulher Sebastianense). O evento estava previsto para começar às 16h,  mas teve um atraso de 40 minutos e se prolongou até às 19h.

“O programa já está no décimo segundo ano e vem crescendo cada vez mais, pois sempre procuramos fazer novas parcerias para disseminar a ideia para o maior número possível de pessoas. No ano passado, tratamos sobre a questão da pedofilia e ano retrasado falamos da violência contra o idoso. Sempre buscamos temas atuais”, explicou o pastor distrital da igreja adventista em São Sebastião e Ilhabela, Rodrigo Vieira.

Ele diz que a sociedade atual se denomina desenvolvida, mas tem em sua essência preconceitos de sociedades passadas. Para Vieira, a principal crise do Brasil é a social e não a financeira. Para o pastor, a campanha busca dar incentivo para as pessoas que não recorrem a lei por medo e outros motivos.

Um dos discursos de representantes de entidades foi feito pela advogada e responsável pela coordenadoria da mulher de São Sebastião, Geisa Friedrich, que mesmo com uma perna quebrada foi prestigiar a campanha. “A causa é boa e a união faz a força! Queremos dar voz a muitas pessoas, através da aproximação das instituições. Essa aproximação trará um melhor amparo as vítimas”, completou.

A presidente da AAMS, Elizabeth Chagas, que também é advogada, diz que a ação vai ampliar os agentes que trabalham com esse tipo de trabalho. “Temos uma estrutura que vai ser fortificada com essa aliança entre as associações. A AAMS e a Igreja Adventista estão trabalhando juntos há algum tempo e com essa conjuntura os resultados começam a crescer. A AMSS completou no dia 14, 38 anos. Começamos com o trabalho na zona de prostituição, agora estamos com um  projeto social com várias causas”, concluiu.

Houve a apresentação do Clube dos Desbravadores da Igreja Adventista, com 150 crianças, com idade de 10 a 15 anos, participando nas quatro cidades do Litoral Norte. O grupo de desbravadores de São Sebastião cantou e foi aplaudido pela plateia presente. 

Quem participa do clube recebe ensinamentos de como ter cuidado com a parte física e espiritual no decorrer de um curso. Não é necessário ser adventista para inscrever o filho no programa. O agente de trânsito, Wanderley Thiesen, 43, afimrou ter gostado da apresentação dos jovens e de todo o evento.

“Creio que a sensação de paz e a mensagem de alerta foi transmitida. Gostei muito, acho que é de total utilidade pública esse tipo de mobilização. Fiz questão de estar acompanhando”, contou Wanderley.

Segundo a jornalista e escritora, Priscila Siqueira, que já abordou em seus livros temas como tráfico humano, afirma que as pessoa precisam ter atitude de humanidade. “Não adianta a pessoa orar a Deus e não estender a mão para irmão caído ao lado. A lei Maria da Penha é um aparato de direito da mulher e deve ser usado, apesar de apresentar falhas. A violência contra a mulher, ao idoso e a criança são temas considerados tabus em nossa sociedade. Para mulher é mais ainda, porque ela muitas vezes sente vergonha de denunciar ou tem medo”, complementou.

A escritora também fez um discurso com muitas estatísticas e algumas delas chocaram um determinado número de pessoas no anfiteatro. Ele falou, por exemplo, que a cada 15 minutos uma mulher é espancada no país. Na região, a cada semana aparece entre quatro e cinco mulheres procurando ajuda no AAMS. Ela disse que 13 mulheres morrem por dia no Brasil. Só em 2013 morreram 300 mulheres em Pernambuco e houve uma condenação, além de que 80% dos casos de tráfico humano são mulheres.

“A violência doméstica familiar contra a mulher constitui uma das formas de violação dos Direitos Humanos”, aponta o artigo sexto da Lei Maria da Penha (lei 11.340) que completou 10 anos no dia sete de agosto. Na opinião do pastor, a conscientização dos males do álcool e das drogas tem que vir desde a fase da infância nos colégios, para quando essas crianças crescerem, saberem o que um gole pode causar.

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