Projeto de revitalização anima comunidade e deve contar as tradições da região
Por Leonardo Rodrigues, de São Sebastião
Um lugar escuro, úmido e sujo. Essa é uma descrição que nunca se pensaria para uma capela. Não é o caso no bairro da Enseada, Costa Norte da cidade, que tem em sua orla uma capela que por anos fora esquecida pelo Poder Público. No entanto, um projeto de revitalização da Capela da Enseada anima a população que anseia por ver vida no lugar.
A Prefeitura pretende criar ali o Centro Cultural de Memória da Enseada, que deve reunir a história da população local. Como um memorial, que irá contar a história e tradições da região. O projeto do restauro está em fase final de conclusão e em breve será encaminhado para a licitação.
Marcus Vinicius, que trabalha próximo a Capela da Enseada, lamenta o abandono. “Dá pena. Eu penso que isso tem potencial para mostrar que nosso bairro também tem valor turístico. Mas o que temos no momento são expectativas e promessas”, fala. Umas moradora do bairro, Thereza do Carmo, avalia que toda a orla da Praia da Enseada está esquecida. “Vem aqui na Capela a noite para ver. Mesmo que a praia não seja de uso, a orla é uma paisagem bonita e que deveria ter investimentos. Mas estamos esquecidos”, desabafa.
“Desde a época que estudava nós falávamos da Capelinha. Está abandonada e a noite é muito escura”, comenta a senhora Ginalva Vieira. Segundo ela, o cair da tarde propicia o consumo de droga no entorno. “Falta iluminação. É bom dar uso, é bom fazerem algo”, anseia.
A expectativa de revitalização do local permeia gerações. A jovem Bianca Aparecida Dias se mostra surpresa ao ser informada pela reportagem que há intenções de recuperação do lugar. “Isso é muito legal. É bom ter um espaço cultural, e ter utilidade”, comenta. Contudo tanto Bianca, como Ginalva, desconheciam que a Capela já não pertencia mais a Igreja Católica. Fato esse que é a preocupação de outra pessoa, do Padre Marcos Vinicius Rosa, da Paróquia Santa Rosa de Lima, do bairro do Jaraguá.
O padre aguarda documentação do tombamento histórico da Capela da Enseada que comprove a responsabilidade do município sobre o local.
Na espera – Há dois anos o padre apura sobre a origem e história do local. “Era uma preocupação nossa. Mas descobrimos que não é da igreja. É um tombamento, um patrimônio histórico”, comenta. Ainda sim, Pe. Marcos aguarda a Prefeitura enviar tanto a documentação que atesta o tombamento, como iniciar intervenção no local para recuperação da estrutura.
Contudo, o padre ouviu junto com a comunidade da Costa Norte, a promessa do próprio prefeito, Felipe Augusto (PSDB) de uma “intervenção rápida” no lugar. Ambos estiveram em reunião com a população para prestação de conta das ações do Poder Executivo na região, no último dia 22. De acordo com Felipe Augusto, há conversas com o padre Marcos desde o ano passado, sobre a preocupação com a Capela.
Segundo o prefeito, o padre chegou a cogitar a remoção da estrutura em razão do mal estado. “O padre tinha a preocupação em isso trazer uma má imagem à igreja”, comentou. Porém, Felipe Augusto revela estar realizando estudos para recuperação na Capela que tem tombamento municipal. “Vamos iniciar ali, um processo de restauração”.

Foto: Divulgação
Kitsurf – A revitalização da Capela da Enseada fará parte de um Complexo Cultural da Orla da Enseada e que segundo a Prefeitura, será todo interligado.
Porém, apesar das intenções, não há ainda um cronograma de obras, tendo em vista que a Praça do Kitesurfe ainda se encontra em processo de perícia judicial, uma vez que a empresa responsável pela obra abandonou o empreendimento. Assim, a Prefeitura limita-se a informar que os prazos dependem dos trâmites legais exigidos pela Justiça.
O projeto da Capela da Enseada faz parte de um projeto em desenvolvimento, no departamento de Urbanismo, da Secretaria de Habitação (Sehab), para revitalização do patrimônio histórico e cultural de São Sebastião. Segundo o departamento de Urbanismo, o cuidado estético da capela é um símbolo da comunidade caiçara, que na torre, posterior a construção, colocou enfeites de conchas. A igreja foi construída entre as décadas de 20 e 50 por esforço da comunidade da Enseada, em área de uma família tradicional do bairro.
Em maio, a Capela da Enseada recebeu mutirão de limpeza que retirou do local colchões velhos, roupas, alimentos e sujeira. As equipes da Regional Norte reforçaram os serviços de roçada e limpeza interna e externa. Segundo a administração municipal, o local estava servindo como abrigo para pessoas em situação de rua.
A equipe da Regional também providenciou uma lavagem completa da capela e já realizou pintura na parte externa, bem como isolamento da porta de entrada da igreja.
A equipe da Tamoios News poderia fazer uma nova matéria pra saber em “que pé” está esse tal restauro.
A comunidade da Enseada ficaria bem feliz!