A chegada do outono pode reduzir os índices de casos de dengue no Litoral Norte. No entanto, para alguns especialistas, a dengue não seria mais sazonal, ou seja, uma doença que explode no período do verão, devido as chuvas e o calor, Existem informações de que a dengue poderá continuar atingindo as cidades da região ao longo do ano. Por isso, é importante que a população colabore, evitando os criadouros. O secretário de Saúde de Caraguá faz um alerta: a região poderá enfrentar epidemia de Chikungunya em 2020
Por Salim Burihan
A dengue é sazonal ou não? Nos períodos de grandes epidemia na região, como em 2015, quando em Caraguá, por exemplo, registrou-se mais de 5 mil casos, entendia-se, que a dengue explode durante o verão por causa das chuvas e do calor.
Para alguns secretários de saúde da região, a dengue aparece com maior intensidade de quatro em quatro anos. O porquê, ninguém soube explicar.
Atualmente, já não se pode afirmar isso. Passado o verão e os casos de dengue se alastram por toda a região. Nos primeiros seis meses deste ano, o número de casos é assustador: 2.627. Ao longo de todo o ano passado foram contabilizados 103 casos no Litoral Norte.
Vamos checar como anda a dengue cidade por cidade. Ouvimos os secretários de saúde de Caraguá, Ubatuba e Ilhabela.
Caraguá
A cidade lidera o número de casos na região. São 1.445 pessoas com dengue. Três pessoas já morreram por dengue na cidade. No ano passado, foram registrados apenas 10 casos da doença.
Os bairros mais atingidos ficam na região Sul, entre eles, Perequê-Mirim, Barranco Alto e Morro do Algodão, mas a dengue tem aparecido em bairros do centro e da região Norte.
A prefeitura tem feito de tudo: visita casa a casa, limpeza de terrenos baldios, palestras em escolas, aplicação de inseticida nos bairros, distribuição de repelente, aumentou o número de médicos, contratou uma carreta para atender os casos suspeitos nos bairros, enfim, tudo o que poderia fazer.
O secretário Amauri Toledo disse acreditar que a dengue é sazonal aparecendo de quatro em quatro anos. Segundo ele, não houve registro de nenhum caso de Zika ou Chikungunya na cidade.
“A tendência é reduzir o número de casos, mas a população tem que continuar mantendo a casa limpa, pois não podemos parar de ter cuidados com a dengue. Tudo indica que no ano que vem, poderemos ter uma epidemia de Chikungunya”, alertou.
Segundo o secretário, a dengue deixa a pessoa debilitada e com dores por sete ou oito dias, mas a Chikungunya, segundo ele, as complicações podem durar até um ano.
Ubatuba
Os casos de dengue dispararam em Ubatuba. Hoje, são 704 casos confirmados. No ano passado todo, foram 14 casos. A situação em Ubatuba preocupa muito pois além da dengue já aparecem casos suspeitos de Zika e Chikungunya.
Com relação a dengue, os bairros com maior número de casos são: Centro, Estufa I, Estufa II, Itaguá, Ipiranguinha, Enseada e Lázaro.
Ubatuba também já tem um caso confirmado de chikungunya, de um morador do bairro da Barra Seca e outros 19 suspeitos, que aguardam resultado de exame. O município também registra um caso suspeito de febre amarela.
A cidade também tem dez casos suspeitos de Zika: Silop(2), Perequê-Mirim(2), Toninhas, Estufa II, Perequê-Açu, Corcovado, Jardim Carolina e Itaguá. Todos aguardando o resultado dos exames.
A secretária de Saúde, Diley de Brito Nascimento, disse que a cidade convive com a dengue desde 2001, mas que os períodos mais críticos foram em 2007, 2013 e 2015.
“O tipo 2 apareceu pela primeira vez em 2013 e reapareceu agora, é mais grave. Apesar do grande número de casos, tivemos apenas uma morte por dengue na cidade e dois casos de internação”, contou.
Segundo Diley, a prefeitura tem feito sua parte, realizando mutirões de combate aos criadouros e prestando atendimento nas unidades de saúde e hospital. Ela disse ainda, que a população tem colaborado, mantendo as casas livres dos criadouros.
São Sebastião
Não falamos com o secretário de Saúde, Carlos Alberto Pinto, mas a assessoria de imprensa da Prefeitura encaminhou as informações solicitadas referentes aos casos de dengue, Chikungunya, Zica e Febre Amarela.
São Sebastião tem 355 casos confirmados. No ano passado foram 35 casos. A Prefeitura de São Sebastião informa que até o momento não há casos de Chikungunya, Zika ou febre amarela.
Segundo a prefeitura, o número de casos de dengue, insere o município em vínculo epidemiológico – um cálculo baseado no número de habitantes versus número de casos, não sendo o caso ainda de decretar epidemia.
A prefeitura informou que é preciso ressaltar ainda que a partir da 20ª semana do ano, a tendência do número de casos de dengue é diminuir. Em todo caso, a cidade segue adotando diferentes estratégias no combate a proliferação do mosquito Aedes aegypti, com as medidas de controle casa a casa, nebulização e sempre seguindo a movimentação do vírus no município.
O município tem o registro de dois casos de óbito, sendo um de um morador de Caraguatatuba, de 45 anos, que acabou falecendo no Hospital das Clínicas (HCSS) e, outro, que era morador da cidade, de 86 anos, residente do bairro do Arrastão, na região central, que foi internado no dia 28 de março, com patologia de base grave – linfoma. De acordo com a Vigilância foi coletada amostra do sangue e enviada para o Instituto Adolfo Lutz para confirmação.
Diariamente equipes de combates a endemias acompanham a movimentação do vírus no município. A partir de notificações recebidas nas unidades de saúde é identificado o ponto principal das ações de combate à proliferação do mosquito. Além disso, vistorias em imóveis para identificação e remoção de criadouros estão sendo realizadas para aplicação de inseticida para eliminação dos mosquitos adultos em um raio de 150 metros do local onde foi encontrado o caso positivo.
Ilhabela
A Vigilância Epidemiológica de Ilhabela informa que em 2019 foram registrados 123 casos confirmados de Dengue. Não há registro de morte pela doença e nem em investigação. A prefeitura informou ainda que não há registro de casos de Zika, Chikungunya e Febre Amarela.
Os bairros com mais criadouros e caos de dengue são: Reino, Água Branca e Barra Velha. No ano passado, a cidade registrou 44 casos de dengue.
O secretário de Saúde de Ilhabela, Gustavo Barboni, disse que a dengue não é mais uma doença sazonal. “A dengue não é uma doença apenas de verão ou inverno, a dengue acontece o ano todo, por isso, temos que manter constantemente o combate aos criadouros e de orientação à população”, disse.
O secretário afirmou ainda que a população tem colaborado, mas que é importante colaborar mais ainda, justamente, pelo fato da dengue não ser mais uma doença sazonal.