Plano Diretor, instrumentos de fiscalização e monitoramento tecnológico são alguns dos avanços apontados por especialista
Por Josiane Bittencourt, de Caraguatatuba
No último dia 15 de março muita gente foi pega de surpresa em Caraguatatuba e acordada por volta das 2h30 da madrugada com o barulho e a intensidade de uma forte chuva que atingiu a cidade. Ao todo foram 160 milímetros de água em um espaço de tempo de apenas uma hora.
A força como a água chegou e os estragos que ela causou logo nos primeiros momentos da chuva levantou um alerta e fez muita gente fazer a inevitável comparação com o dia 18, também de março, mas, do ano de 1967.
No fim da década de 60, a cidade também foi atingida por uma tromba d’água que deixou muitas vítimas e atingiu praticamente toda a cidade. Na época, Caraguá ficou isolada e muita gente, até hoje, lembra-se daquele dia como o pior já vivido pela cidade.
Diante de tudo isso e do que se viu na noite de 2017 muitos se perguntaram: e hoje, como está preparada a cidade para uma tragédia?
O arquiteto Fábio Gouvêa acredita que a catástrofe de 1967 foi uma tragédia sem precedentes, mas certamente nos dias atuais, uma ocorrência similar teria um resultado muito diferente. “Estamos falando de um hiato de 50 anos no tempo. Na época, tínhamos uma pequena cidade de 15 mil habitantes e atualmente, segundo o IBGE, são 115 mil. Muitos investimentos foram feitos desde então, grandes obras de infraestrutura e desenvolvimento urbano”, comentou.
Gouvêa lembra que a tragédia teve proporções tão grandes que fez com que o Governo do Estado criasse a Defesa Civil estadual. “Na época, as principais dificuldades foram a total impossibilidade de acessar a cidade por terra e a falta de pessoal para poder lidar com a emergência. Com isso, a criação da Defesa Civil do Estado foi necessária por conta da falta de coordenação dos órgãos públicos em lidar com situações como aquela”.
O arquiteto ressalta ainda que atualmente há muitas formas de se fazer o monitoramento para tentar evitar tragédias. “A tecnologia evoluiu muito, temos bons sistemas de previsão de meteorologia e formas de monitoramento de ocorrências muito mais eficazes”.
Para finalizar, Gouvêa destaca ainda as legislações em relação ao urbanismo que existem nos municípios e servem de instrumentos para regulamentar o planejamento de uma cidade. “O problema dos dias atuais é que a política é imediatista. Os políticos estão preocupados na reeleição, não pensam no planejamento em longo prazo. Tivemos muitos avanços com relação ao urbanismo. Temos instrumentos urbanísticos que são fundamentais para promover o crescimento ordenado das nossas cidades, um deles é o Plano Diretor”, finaliza.
Em Caraguatatuba, segundo a Assessoria de Imprensa da Prefeitura, há um Plano Diretor em vigência desde 2011. “Após cinco anos é realizada a primeira revisão, porém, esta é facultativa sendo a de 10 anos obrigatória. A revisão é executada pelo Grupo de Gestão dos trabalhos de implantação do Plano Diretor Municipal”, explicou a Assessoria em nota.