O inverno traz consigo não só as baixas temperaturas, mas também o aparecimento e piora de doenças respiratórias. Crises de asma e outras doenças pulmonares crônicas, além de rinites e sinusites ficam mais evidentes nessa época do ano. Há também o aumento de infecções respiratórias, como resfriados e gripe.
Isso ocorre devido à oscilação climática, o tempo seca e baixa a umidade, favorecendo a alta concentração de poluentes no ar. “Esses poluentes podem irritar as vias respiratórias, permitindo que doenças alérgicas como a rinite, asma e sinusite, piorem. As baixas temperaturas também causam redução da produção diária de secreção das vias respiratórias, diminuindo a proteção natural da mucosa e facilitando com que vírus e bactérias agridam as células e tecidos, favorecendo o aparecimento de infecções”, explica a pneumologista Joyce Valadão Borges.
Segundo a médica, outro motivo se deve a tendência nesse período das pessoas se manterem mais tempo em ambientes fechados e mais próximos uns dos outros, o que aumenta a circulação e passagem de vírus e bactérias entre os indivíduos. O sedentarismo, a má alimentação e o tabagismo também prejudicam a resposta de defesa do organismo.
Com as crianças não é diferente, e segundo o pediatra Alfredo Rosmaninho, este ano está ainda mais evidente devido ao isolamento durante a pandemia. “Nós tivemos o agravamento nos últimos dois anos com a pandemia do Covid. O que observamos também é que as crianças ficaram mais isoladas no início da pandemia, e agora, com a volta da vida normal, começaram a ter mais contato e transmitir umas para as outras. Elas estão também estimulando o sistema imune delas, as defesas, e estão aparecendo mais doenças.”

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O pediatra faz uma ressalva sobre bronquiolite. “Muito comum na criança menor de dois anos, é uma gripe que desencadeia a inflamação de uma parte que conduz o ar até os pulmões, o bronquíolo, e dá uma crise de chiado, com tosse e falta de ar. Temos tido bastante casos agora no período do inverno, o que é bem comum.”
Segundo Rosmaninho, sempre haverá as doenças de inverno: “com a friagem, o movimento dos cílios, que fazem uma faxina no aparelho respiratório, ficam um pouco mais inativos, e o ar frio favorece o acúmulo de muco”, diz. O muco paralisa esses pelinhos, facilitando a entrada dos micro-organismos no corpo humano.
Para prevenir e aumentar a imunidade das crianças, o médico orienta: “a ideia é que exista um xarope, um remédio que melhore a imunidade da criança, porém, o resultado que nós temos visto é pequeno, não vamos conseguir um remédio que resolva isso rápido. Então, o que observamos que deixa a criança mais resistente, é ter uma alimentação natural e saudável, comer frutas e evitar industrializados. As crianças que mamaram no peito no início da vida também tem uma proteção maior, uma imunidade melhor”, completa.
Estar em contato com a natureza e tomar sol diariamente também são ótimas formas de melhorar a saúde. “A pessoa que fica muito restrita, trancada o dia inteiro em casa, é aquela pessoa que qualquer coisa vai ficar mais vulnerável. Ter contato com o sol, a vitamina D, melhora também”.
Outro fator importante é estar atento ao ambiente em que se encontra. “Nós moramos no litoral, e por estar perto de cachoeira, da mata ou do mar, há muito problema de mofo, de umidade, e isso é um facilitador também da criança estar sempre com problema respiratório”.
O pediatra ainda orienta os responsáveis a fazer acompanhamento dos filhos com um único médico, pois passar cada hora com um profissional e receber receitas com diferentes medicamentos, acaba complicando.
Em alguns casos, é importante estar atento ao momento em que a criança precisa ficar um tempo afastada da escola. “Colocar a criança em creche, logo cedo, é ótimo, melhora o desenvolvimento, a criança fica mais esperta, mais sociável, porém ela também pega doença. Talvez afastar um pouco a criança por um período, para ela conseguir se recuperar um pouco melhor, também vai ter um resultado legal”, completa Rosmaninho.
Para os adultos as orientações são praticamente as mesmas. “Alimentação saudável, manter-se hidratado, boa noite de sono, prática regular de atividade física e não fumar são práticas que todos nós devemos ter para garantir um sistema imunológico eficaz no combate aos vírus e bactérias”, diz a pneumologista.
“Pacientes com doenças crônicas respiratórias devem manter seu tratamento regular e seguimento médico. Em caso de piora de sintomas, o ideal é procurar atendimento médico para avaliação. As vacinas contra Influenza, Pneumococo e Covid-19 devem ser realizadas respeitando as indicações do Ministério da Saúde e períodos de campanhas”, reforça a médica.
Sobre a Covid, Rosmaninho diz que o pior já passou, mas que a doença está longe de ser erradicada. “Aquele Covid de dois anos atrás, que todos têm histórias trágicas para contar, graças à vacina, e aos cuidados que andamos tomando, não é mais o mesmo. No hospital aqui de Ilhabela não temos internação pelo Covid há bastante tempo, mesmo os adultos, vimos que diminuiu muito a internação. Apesar do aumento no número de casos, a doença não é mais a mesma, está mais branda, não é mais tão preocupante como era no início”.
Como os sintomas causados pela infecção do Covid-19 são iguais a de um resfriado ou gripe comuns, em caso de suspeita, a pneumologista orienta que seja realizado o teste de pesquisa do material genético ou antígeno do vírus Covid-19, feitos através de Swab nasal ou cotonete nasal, nos primeiros dias de doença.
A Prefeitura de Caraguatatuba, por meio da Secretaria de Saúde, reforça que as pessoas mantenham o calendário de vacinas atualizado, usem máscaras, principalmente se estiver com sintoma gripal, em hospitais ou clínicas de saúde, e evitem aglomerações.
Além de uma atenção e cuidado maior com os grupos prioritários mais vulneráveis para contaminação, como idosos, gestantes, puérperas, pessoas com comorbidades e crianças de seis meses a cinco anos.
Por Cynthia Louzada / Redação Tamoios News