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Com auxílio emergencial negado, ambulante vende cafezinho a um real na fila da Caixa

Tamoios News
O movimento diário da fila da Caixa Econômica Federal, no centro de São Sebastião, tem sido o local de trabalho de Antônio.

O cearense, Antônio de Sousa Nogueira, de 55 anos, que está sem um emprego com carteira registrada há três anos, teve a ideia de vender cafezinho por um real o copinho (também tem de dois reais) e salgados assados a quatro reais, na fila da Caixa Econômica Federal, no centro de São Sebastião.

O ambulante teve o Auxílio Emergencial negado. “Eu creio que muitas pessoas que precisam, assim como eu, tiveram o Auxílio negado, mas Deus não me desamparou, tive que pensar em algo, pois os bicos que eu fazia desapareceram com a pandemia e eu precisava uma forma de pagar minhas despesas e sobreviver dignamente”, explica. Ao ver que a fila do banco se formava muito cedo, Antônio teve a ideia de vender café ao pessoal que provavelmente sai de casa correndo, por um valor acessível a grande parte das pessoas.

Ao longo do dia a venda de salgados, café, sucos e refrigerantes gera em torno de 100 reais de lucro para Antônio.

Antônio que já foi vendedor de laticínios de porta em porta e também de roupa de cama decidiu retornar para as ruas pelo fato do movimento estar voltando aos poucos ao normal. “Dessa vez eu quis fazer tudo certinho! Já trabalhei na rua e tinha que ficar fugindo dos fiscais”, revela.

Ele procurou a prefeitura de São Sebastião e depois de desembolsar quase mil reais teve a tão sonhada licença para o trabalho de ambulante. “Eu não tinha o dinheiro e tive que pegar emprestado, mas creio que em breve vou recuperar esse investimento”, espera.

Segundo ele a renovação da licença (que tem prazo de um ano) custará cerca de 400 reais. “Vou continuar a vender meus produtos na rua mesmo após a pandemia. Quero recuperar meu investimento e continuar trabalhando honestamente”, planeja.

Ao todo Antônio gastou quase 1000 reais com a licença de ambulante para poder vender seus produtos na rua.

Antônio mora com a esposa na Vila Amélia, bairro próximo do centro da cidade. “Trago apenas uma garrafa de café, que tem quase dois litros, quando acaba eu vou em casa e faço um novo café fresquinho e volto para a fila. No início eu trazia salgados fritos, mas sobravam muitos e agora eu só trago salgados assados. Preparo a massa na noite anterior e asso ainda de madrugada, por volta das 4h da manhã. Tudo para ficar o mais fresquinho possível”, explica o vendedor.

Allana Ayla, que mora em Boiçucanga, saiu de casa por volta das 5h da manhã e comprou um salgado para aguentar até ser atendida pela CEF.

Jerusa Rodrigues da Silva, que mora no bairro Topolândia, já havia tomado café em casa, mas não resistiu ao salgado e cafezinho. “Está muito bom! Recomendo! ”. Allana Ayla, que saiu de Boiçucanga, por volta das 5h da manhã já veio preparada. “Já trouxe o dinheiro para o salgado! ”. E assim como Jerusa, aprovou o salgado.

Jerusa Rodrigues da Silva, mora no bairro Topolândia, já havia tomado café em casa, mas não resistiu ao salgado e cafezinho do sr. Antônio.

Em dias mais rentáveis Antônio chega a faturar cerca de 120 reais de lucro. “Nos dias mais fracos consigo tirar uns 50 reais, o que para mim é melhor que nada! ”, comemora. Alguns clientes chegam a comprar de quatro a cinco cafezinhos no período que estão na fila.