Centros de acolhimento e referência podem ser acessados pelas pessoas que não têm onde morar e enfrentam o clima frio da estação
Por Ricardo Hiar, de Caraguatatuba
O inverno chegou e as baixas temperaturas atingiram muitas regiões do país. Isso não foi diferente no Litoral Norte, onde os termômetros chegaram a marcar menos de 10 graus em noites da semana passada. Se a situação é complicada para quem tem um lar, é ainda mais difícil para quem vive nas ruas. Para amenizar esse problema, além de campanhas por pela sociedade civil e setor privado, também há ações do Poder Público, como o trabalho dos centros de acolhida.
Em Ubatuba, desde agosto de 2014 há o serviço de acolhimento institucional a pessoas em situação de rua e atendimento emergencial diário, que oferece banho e alimentação à andarilhos, itinerantes ou “trecheiros”. Conhecido como Casa de Passagem e Acolhimento, o espaço fica na Rua Hans Staden, 58, no Centro.
O local conta com área de triagem dos atendimentos aos itinerantes, que ocorrem das 8 às 10h30 e das 15 às 17h. A equipe da Casa de Passagem é composta de sete funcionários da Impactar – instituto que administra o serviço em parceria com a Secretaria de Cidadania e Desenvolvimento Social – e um cedido pela prefeitura. Somente em 2015 eles atenderam 2468 pessoas que buscaram o serviço para banhos e 1867 para refeições.
Além disso, entre agosto de 2014 e março de 2016, a Casa de Passagem atendeu 89 pessoas com o serviço de acolhimento, das quais sete resgataram sua cidadania e dignidade, optando por uma mudança de vida e deixando as ruas.
A estrutura não permite o acolhimento de pessoas em situação de risco pessoal, de idosos ou egressos de internação hospitalar que necessitem de cuidados especiais ou que não possuam plena mobilidade para as atividades da vida diária e outros que não se encaixem no perfil de atendimento da casa.
No município de Caraguatatuba também há um serviço semelhante. Por meio do Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social), são realizadas rondas e abordagens diárias noturnas, com equipe técnica composta por assistente social e educador social, sendo que nestas abordagens são ofertados a população de rua, um pernoite ou abrigo provisório na Casa do Caminho.
Em decorrência das baixas temperaturas, para a população de rua que não aceita o acolhimento, é ofertado cobertor. Os pontos de concentração da população em situação de rua são a rodoviária, praças centrais, praça da Igreja do Divino (Indaiá), calçada da loja JBike (Indaiá) e Telefônica (Centro).
A reinserção familiar é feita após o acolhimento provisório na Casa do Caminho, onde é possível ao indivíduo retomar o contato com a família e obter uma passagem de volta para casa.
A Casa do Caminho oferta serviço de acolhimento temporário e provisório para a população em situação de rua, oferecendo alimentação, assepsia e pernoite, quando necessário. Os usuários só poderão ser acolhidos no espaço se forem encaminhados pelo CREAS ou pela equipe de abordagem social do município, após triagem inicial. A Casa do Caminho fica na Rua Banco Itaú, 202, bairro Porto Novo.
Em São Sebastião a prefeitura dispõe do Centro de Referencia Especializado da Assistência Social (CREAS), onde é ofertado o serviço de atendimento a essa população. É executada a abordagem social e o atendimento dos que procuram o serviço. O referido atendimento busca a resolução das necessidades imediatas desses usuários, tais como: cadastramento, tentativa de localização de familiares, locais de referência, provisão de documentação civil, higiene pessoal e fornecimento de passagem de retorno quando for o caso.
Não há albergue em São Sebastião. Segundo informou a prefeitura, o motivo é que maior parte dessa população na cidade são os conhecidos “trecheiros”(pessoas que transitam de uma cidade a outra, na maioria das vezes, caminhando a pé pelas estradas, pedindo carona ou se deslocando com passes de viagem concedidos por outros municípios).
Ainda de acordo com a prefeitura sebastianense, a maior dificuldade encontrada nas abordagens realizadas é o convencimento dessa população a aceitar atendimento, já que a Constituição Brasileira concede aos cidadãos o direito de ir e vir, sendo assim, se essa população não quiser receber atendimento não se pode obrigá-los.
Nas cidades ouvidas pela reportagem, não houve registros de problemas de saúde ocasionados à população de rua em decorrência das baixas temperaturas, nem óbitos. A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Ilhabela, mas não obteve retorno até o fechamento da edição.
Solidariedade – Com a chegada do inverno, colaboradores da Construtora Queiroz Galvão S/A, empresa responsável pelas obras dos lotes 3 e 4 da Nova Tamoios Contornos, deram início à Campanha do Agasalho. O objetivo é arrecadar roupas (especialmente masculina) e cobertores, que serão destinados aos moradores de rua e instituições assistenciais. Foram colocadas caixas de coletas em todas as frentes de trabalho e no canteiro.