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Comércio em São Sebastião sofre reflexos da crise econômica do Brasil

Tamoios News
Marcello Veríssimo
Marcello Veríssimo

Efeitos da crise fizeram alguns comerciantes fecharem as portas

Comerciantes dizem que clientes “sumiram”; faltam turistas; e a população local tem pesquisado antes de compra “por impulso”

Por Marcello Veríssimo

Lojas fechando, movimento estagnado, vendedores de braços cruzados. Em São Sebastião, nesta quinta, 16, Dia do Comerciante, principalmente na região do Centro Histórico – onde se concentra a maior parte dos estabelecimentos comerciais do município – os comerciantes estão sem motivos para comemorar. Levantamento obtido com exclusividade pelo portal Tamoios News mostra que, do ano passado até agora, cerca de 12 estabelecimentos, entre lojas, restaurantes e farmácias, fecharam suas portas no centro de São Sebastião e em shoppings como o Villa Mares, no Arrastão.

Nem promoções, facilidades no pagamento e descontos que deixam produtos pela metade do preço parecem ser suficientes para o consumidor gastar. Segundo uma pesquisa divulgada esta semana, 40% da população adulta está inadimplente no Brasil com o nome no Serviço de Proteção ao Crédito.

Em diferentes setores de serviços, cada comerciante aposta em uma estratégia para conquistar clientes e, assim, conseguir gerar receita para manter as empresas abertas. “Estamos passando por um momento difícil, muita gente vem, só olha, pergunta o preço e acaba não levando”, conta a lojista Glaucia Pires, estabelecida na Rua da Praia há mais de 10 anos.

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Quem também considerou o movimento previsto para o feriado estadual da Revolução Constitucionalista de 1932 “mega fraco” foi a empresária Denise Damico, proprietária do hotel Guarda Mor, no Porto Grande, região central de São Sebastião.

Para a encarregada da recepção do Hotel Recanto dos Pássaros, Kelly Vieira, “o ponto negativo” é que muitos turistas chegam perguntando sobre indicação de “lojas, passeios, bons restaurantes e na cidade está tudo fechado”. No último fim de semana, o hotel, que possui 64 apartamentos, permaneceu com taxa de ocupação de cerca de 70% (aproximadamente 30 quartos), fazendo com que cobrassem “o preço normal do fim de semana”. “Desistimos de fazer pacote. Nossa esperança são os shows do Arraiá Caiçara”, disse ela, que agradece a parceria feita com empresas que prestam serviço ao Porto de São Sebastião, por exemplo, que mandam seus trabalhadores para o hotel.

A prefeitura de São Sebastião não comentou o assunto.

Fronteiras

Mas a crise econômica não está somente restrita a São Sebastião. É o que considera o assessor de turismo José Carlos de Souza, do Sinhores (Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares) do Litoral Norte. “A realidade no setor de hotelaria e restaurantes é que não tem movimento suficiente em razão do controle de despesas feito pelas famílias. Vimos na televisão que Campos do Jordão ficou com muito trânsito. Mas muitos são aqueles turistas de um dia, que vão só para sentir o frio da serra, usar aquele casaco de frio que estava no armário, depois o turista volta para casa”, acredita José Carlos. “Mas ao mesmo tempo não sabemos qual o impacto deste feriado na economia de lá [Campos do Jordão]. O problema na hotelaria e no setor de serviços não é o preço, e sim demanda. É uma característica do setor”, completa.

José Carlos disse ainda que as férias de julho “não estão garantindo o movimento esperado pelos hotéis do Litoral Norte, sendo detectado apenas em casos pontuais como a Semana de Vela, em Ilhabela, que trouxe velejadores, equipes e profissionais da imprensa para Ilhabela. Agora o público foi o mesmo de sempre para o setor”.

Por falta de parâmetros as Associações Comerciais da região informaram que não “fazem pesquisas”, apenas registram reclamações dos associados. Em Caraguatatuba, o gerente administrativo da ACE (Associação Comercial e Empresarial), Idesio Kashiura, disse que são 700 estabelecimentos comerciais associados. “As pessoas estão descendo só quando podem, cortando gastos, é um reflexo da economia do país”. Como forma de atrair turistas na baixa temporada, Caraguatatuba iniciará o Festival do Camarão e, no próximo mês, o Caraguá A Gosto, festival gastronômico que envolve os principais restaurantes do município.

O presidente da Associação Comercial de São Sebastião, Eduardo Cimino, não foi localizado.

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