Muitas iniciativas estão sendo realizadas em parcerias com sociedade civil, governo e institutos de pesquisas para fortalecer a prática da agroecologia no litoral norte. Essas práticas mudam a visão de uso e ocupação do solo pois integra o manejo da agricultura aproveitando o potencial da paisagem.
Ao invés de desmatar para plantar, o agricultor utiliza o potencial ecológico das suas roças. Este manejo promove a proteção das águas, pois evita o uso de agrotóxicos que contaminam o solo e também preservam as nascentes, pois protege as matas ciliares.
Tendo como prioridade o fortalecimento da agroecologia para a gestão das águas, o Comitê de Bacias Hidrográficas do Litoral Norte (CBH-LN) em parceria com outras oito instituições lança o Relatório de Situação da Agroecologia no Litoral Norte do Estado de São Paulo, fruto do Projeto Ecoagriculturas: práticas da agroecologia na proteção das águas.
A publicação é um documento inédito que integra experiências agroecológicas com estratégias de boas práticas de manejo das atividades agropecuárias para aproveitamento racional e proteção dos recursos hídricos. “O Relatório também mostra iniciativas para a comercialização, atividades culturais e turísticas, considerando o potencial que estas agregam ao desenvolvimento sustentável local, como o turismo rural, cultural, histórico e pedagógico”, ressalta Andrée de Ridder Vieira, diretora do Instituto Supereco, responsável pelo projeto Ecoagriculturas.
Ao todo, foram mapeadas 383 unidades produtivas nos quatro municípios ( São Sebastião, Ilhabela, Caraguatatuba e Ubatuba). Em Ubatuba, por exemplo, 81% das unidades mapeadas são da agricultura familiar, seguido de São Sebastião 64%, Ilhabela 61% e Caraguatatuba 58%.
Jussara Fernanda dos Santos, do IPESA – Instituto de Projetos e Pesquisas Socioambientais, responsável pela pesquisa, diz que mesmo com dificuldades da coleta de dados em campo por conta da pandemia foi possível verificar o potencial agroecológico e de transição agroecológica na agricultura do litoral norte.
Sobre a perspectiva da proteção dos recursos hídricos, o relatório mostra que Caraguatatuba tem a maior área de agricultura convencional e, como consequência, possui maior percentual de utilização de água para irrigação e lidera o uso e as despesas com agrotóxicos. “Este cenário se mostra muito relevante para a adoção de práticas e produção mais seguras e sustentáveis, uma vez que o município engloba a maior área territorial da Bacia Hidrográfica do Rio Juqueriquerê, uma das bacias mais prioritárias para abastecimento público” declara Silas Barsotti Barrozo, coordenador da Câmara Técnica de Agroecologia do Comitê de Bacias.
No Relatório também podem ser encontradas informações sobre tipos de alimentos produzidos, eventos disponíveis na área da agroecologia, pesquisas e ações com organizações sociais e universidades.
Tendo o Comitê de Bacias do Litoral Norte (CBH-LN) como apoiador e financiado pelo Fehidro – Fundo Estadual de Recursos Hídricos, o documento envolveu diferentes instituições na sua elaboração, como Instituto Supereco, Instituto de Projetos e Pesquisas Socioambientais – IPESA, Instituto Educa Brasil, Câmara Técnica de Agroecologia e Sistema Agroflorestais do Comitê de Bacias, Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios – APTA Ubatuba, Rede de Sementes do Litoral Norte de São Paulo, Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Ubatuba e Região – STTR, Coordenadoria de Assistência Técnica Integral CATI e Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo.
O Relatório estará disponível para download a partir do dia 22 de setembro no site do IPESA http://www.ipesa.org.br
Por Ana Patrícia Arantes / Assessoria de Imprensa CBHLN