
Diversas atividades foram realizadas durante o evento esportivo no Ipiranguinha
Para professor de artes marciais, intenção do esporte e dessas práticas é tirar crianças do mundo das drogas
Raell Nunes
“A intenção das artes marciais é ensinar o correto para os pequenos moradores dessa comunidade, pois as drogas não são o melhor caminho”. É com essa frase que o professor de artes marciais, José Caetano Lourenço, 46 anos, define o objetivo da modalidade esportiva.
A afirmação foi feita durante a 1ª Copa de supino e artes marciais mistas, realizado no bairro Ipiranguinha, em Ubatuba no último domingo.
Conhecido como Fofão, o professor aproveitou a ocasião para compartilhar algumas experiências que confirmam esse lado social da luta e contou a história de um jovem que saiu do crime por meio do esporte. Ele se emocionou ao falar que a mãe do menino era soropositivo e morreu nos braços dele.
“O pai do garoto era dependente químico e tinha acabado de sair da cadeia. Ele chegou a minha academia atordoado. Eu o acolhi dentro das minhas condições e hoje ele não trilhou o caminho errado. Isso é vitória pra mim”, completou.
O campeonato
As atividades no Ipiranguinha começaram com diversas apresentações, entre elas, jiu jitsu, kung fu e boxe tailandês. Na sequencia foi realizada a copa de supino. Centenas de pessoas estavam presentes no local. A maioria dos participantes eram crianças e adolescentes.
Segundo Milton Francisco Ferreira da silva, 46 anos, professor e organizador do evento, a intenção é preparar os garotos para o campeonato paulista, o regional, o brasileiro e até mesmo o Pan-Americano.
“Temos que dar oportunidades para essa meninada, formar bons cidadãos. A qualidade de nossas vidas só vai melhorar, quando nós nos respeitarmos. Precisamos de mais iniciativas como estas, mas poucos guerreiros conseguem investir e encarar aquilo ninguém dá crédito”, disse.
Os campeões na competição de artes marciais na categoria masculino foram: Gustavo Moraes, Cleber Rodrigues, Renato Santiago e Rafael Lima. Também lavaram a medalha de ouro na categoria feminina: Adália, Alessandra Regina e Lara Silva. Já na copa de supino, obtiveram os melhores resultados: Luis Martins, Milton Francisco, Alex Pereira, Fabrício Amaral, Davi Martins e o Buda.
Desafios
De acordo com os organizadores, esse evento e outros que virão não têm como objetivo fins lucrativos, apesar da falta de capital ser um problema. O prefeito Mauricio Moromizato (PT), que compareceu ao evento falou das dificuldades, por exemplo, em investir em uniformes para essas crianças.
“A prefeitura, infelizmente, não tem condições de ajudar todo projeto como esse. Existe uma limitação de orçamento, mas nós viabilizamos contatos com patrocinadores e incentivamos doações”.
Os mentores do projeto explicam que é impossível contar com algum patrocínio que supra todas as despesas. Outro problema apontado por eles é a falta de divulgação e até mesmo atenção da mídia nesse tipo de realização.
Eles contam que existem pessoas que apoiam o projeto, porém, não o suficiente para cobrir todos os custos. Por conta disso, os organizadores acabam tendo que também investir dinheiro próprio para que a atividade aconteça. O grupo afirma que até pode representar prejuízo financeiro, mas humano, nunca.
Eles reivindicam um lugar apropriado para que as competições possam acontecer. Para eles, quando se tem mais estrutura é menos complicado trabalhar o social. Com um local maior, mais participantes poderiam desfrutar do esporte e, consequentemente, mais vidas seriam salvas.