Sebastianense conquistou 500 medalhas em quatro décadas, em competições no Brasil e no exterior. A primeira delas foi conquistada em 1976, no basquete
Por Graciana Feitosa
Aos 55 anos de idade, a funcionária pública aposentada Márcia Tamasiro tem uma vida dedicada ao esporte de tirar o fôlego. A inspiração veio da ginasta russa Nádia Comaneci, que nos anos 1970 encantava o mundo com uma técnica jamais vista e que lhe rendeu a primeira nota dez na história da ginástica artística. “Nessa época, sentava em frente à televisão e ficava admirada com a performance dela. Até cheguei a participar de um desfile local como baliza”, relembra Tamasiro.
Ainda adolescente, a sebastianense acabou indo parar no basquete, já que não havia aulas de ginástica olímpica na cidade. E a primeira medalha veio cedo, em 1976, de segunda colocação. Do basquete, ela fez uma passagem pelo Karatê, onde conquistou sua segunda medalha, em 1981, de bronze.
No início dos anos 1990, Tamasiro começou a se dedicar à natação e à corrida, modalidades que acabou se identificou mais e que, anos depois, a fizeram ganhar centenas de pódios ao longo da vida. “Iniciei a prática de corrida por conta de um concurso público que prestei na época. Passada a prova, continuei treinando, era próximo do dia 7 de setembro e havia um torneio famoso em São Sebastião. Meu filho me incentivou a participar e, como eu já estava treinando, decidi arriscar. Foi o primeiro ouro de muitos outros que viriam depois. Com o prêmio em dinheiro, comemoramos tomando sorvete na Rua da Praia”, conta.
Quem vê Tamashiro andando pelas ruas com seus 53 kg e 1,58 de altura, percebe sua estrutura atlética, mas não consegue imaginar a competitividade e a força que ela tem. Maratona (42km), meia maratona (21km) e torneios mistos, que envolvem mais de uma modalidade esportiva, são fichinha para ela. “Já cheguei a ganhar três troféus em um único fim de semana”, comenta. Em natação, ela encara todo tipo de água: rios, represas, lagoas, mar e piscina.
Com excelente desempenho, as disputas passaram a ser de norte a sul do Brasil e fora, também. Japão, Estados Unidos, Espanha e Canadá são alguns dos países que viram a sebastianense mostrar sua garra. “Tenho passagem pelos eventos esportivos mais famosos no mundo. Me recordo de uma medalha de ouro que ganhei em Orlando durante uma meia maratona. Como a contagem era em milhas, me atrapalhei e, quando dei por mim, já estava chegando”, relembra. Foi lá, inclusive, que ela mais subiu ao pódio em um único torneio internacional, conquistando nove ouros e seis pratas entre natação e meia maratona.
Outra modalidade que Tamasiro se tornou fera é a marcha atlética – meio-termo entre a caminhada e a corrida, que muita gente desconhece, mas que tem um estilo inusitado, marcado por passadas curtas e rápidas que geram um rebolado.
As regras são duras, é obrigatório, por exemplo, manter sempre um dos pés sempre no chão, e o joelho da perna que dá a passada não pode ser flexionado até que o movimento seja realizado por completo. Não são movimentos fáceis. Mas, como para Tamasiro missão dada é missão cumprida, a marcha atlética está no hall de seus esportes preferidos.
Com tantos talentos já desbravados, ela ainda está descobrindo novos. Aposentada há um ano e meio, a sebastianense passou a adicionar no seu dia a dia aulas de remo e de canoa havaiana, inclusive, amanhã (29), participa do evento esportivo Kopa (The King of Paddle), em Ilhabela. E não para por aí, Tamasiro também divide os seus dias com aulas de teoria musical, violão e teclado. “A gente está sempre aprendendo, né”, avalia.
Com mais de 500 pódios ao longo de quatro décadas, a atleta não consegue imaginar sua vida de outra maneira. “Não sei o que seria de mim sem o esporte, ele me traz vida”, define. Mesmo sem patrocínio, Tamasiro dá um jeito de participar das competições e segue firme servindo de inspiração para muita gente.