Educação

Contra reorganização do Estado, alunos ocupam escola estadual em Ubatuba

Tamoios News
Raell Nunes
Raell Nunes

Desde o início da ocupação o acesso à escola tem sido restrito

Essa é a segunda ocupação de escolas no litoral norte em menos de uma semana; alunos afirmam que não sairão da escola sem respostas

Por Raell Nunes

A escola estadual Professora Aurelina Ferreira, localizada na Estufa 2, em Ubatuba, foi ocupada por alunos na última segunda-feira (1). Os jovens afirmam ser contra a reorganização das escolas, proposta pelo governo do Estado.

Dezenas de estudantes, com idades entre 15 e 17 anos permanecem na unidade. Eles mantêm os portões fechados e fazem a vigilância dos acessos. Quem não for convidado ou autorizado a entrar, não têm acessado as dependências da escola.

Diversos cartazes foram produzidos pelos alunos com mensagens de protesto. “Não é guerra, são apenas nossos direitos; Somos todos escola, Força Alunos; Somos contra a desorganização escolar”, diziam alguns deles.

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De acordo com os alunos, no local haviam pessoas que madrugaram na escola – chegaram às 6h. Segundo um dos organizadores, a ocupação não vai parar, enquanto não se obtiver uma resposta aceitável dos responsáveis pela educação.

Os ocupantes afirmaram que não há nenhum professor ou responsável por eles na unidade de ensino. Conforme relataram, tudo tem sido decidido por meios democráticos, com votação em assembleia. “Esse é um meio para todos votarem e participarem. Aqui não tem líder, somos todos um só”, afirmou um integrante.

Os estudantes e a ocupação

Desde o início da ocupação, não há registros de atos de vandalismo na escola estadual. Durante a reportagem do Tamoios News, vários jovens subiram no muro da escola, onde batiam palmas e repetiam o grito de guerra “aha, uhu, a escola é nossa”.

A estudante Brenda Pereira dos santos de Jesus,16 anos, disse que o movimento não está sendo só por causa do município, mas por todas as escolas de São Paulo. “Vamos dormir aqui, fazer o que for preciso, para permanecer firmes com nosso objetivo. Meus pais me apoiam e já trouxeram até comida para o pessoal”.

Outra moça de 16 anos, Aline Graziele Henrique de Souza Olímpio, afirmou que em Ubatuba não haverá reorganização, mas é preciso se precaver. “Temos que prevenir e ficar espertos, pois futuramente, talvez já no próximo ano, possa ter mudanças. Precisamos parar o governo agora, pois depois pode ser tarde”, completou.

Outra manifestante, Ester Vitória da Silva Nascimento,16 anos, também é contra a reorganização. “Se isso que está acontecendo em outras cidades um dia acontecer aqui, vai atrapalhar nossas famílias e a comunidade inteira. Eu só queria que as pessoas entendessem que nós não estamos vandalizando, apenas lutando pelos nossos direitos”, afirmou.

O outro lado

Alguns pais tentaram procurar os responsáveis da manifestação, para tomarem satisfação da ação. Muitos deles levaram os seus filhos à escola e encontraram os portões fechados. Frustrados, foram embora reclamando dos diretores.

Também houve alunos que, apesar de estarem na rua da escola não quiseram participar da ocupação. Eles preferiram voltar para casa logo após a divulgação do protesto.

Uma mãe de aluno, ao saber que não teria aula, xingou os ocupantes que estavam nas imediações. “Isso é uma palhaçada. Onde vou deixar meu filho agora? Esse povo não tem o que fazer”, disse.

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Alguns moradores do bairro, que estavam no local, declararam que a manifestação é prejudicial para quem quer realmente estudar e ser alguém na vida.

De acordo com informações da Diretoria de Ensino – Região de Caraguatatuba, que também é responsável pela educação em Ubatuba, um documento em relação ao que vem acontecido na região foi elaborado e encaminhado para o Estado. A unidade aguarda um direcionamento da Secretaria Estadual para tomar qualquer decisão sobre o caso.

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