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Coral-sol: ICMBio retira mais de 2,5 mil quilos desde o início de 2022

Tamoios News

Espécie agressiva representa o maior risco para a biodiversidade do Arquipélago de Alcatrazes

O ICMBio Alcatrazes realiza monitoramento contínuo das espécies exóticas e organismos como o coral-sol, considerado até o momento o que representa maior risco para a biodiversidade de Alcatrazes, espécie bastante agressiva, ocupando com facilidade os ambientes recifais nativos.

Durante o mês de abril, foram realizadas três expedições para manejo de coral-sol, sendo retirados cerca de 972 kg. Os esforços em 2022 já ultrapassaram a quantidade retirada em 2021, totalizando cerca de 2.549 kg. Esse esforço se dá a uma equipe composta de aproximadamente 14 pessoas mergulhando.

O ICMBio Alcatrazes conta com o trabalho de diversos pesquisadores que atualmente estão realizando um estudo para a detecção e monitoramento das espécies exóticas, com ênfase no ofiuroide Ophiothela mirabilis, no bivalve perfurador Leiosolenus aristatus e no coral-sol, considerado até o momento o organismo que representa maior risco para a biodiversidade de Alcatrazes.

Este monitoramento ajuda encontrar novos pontos de ocorrência e focos de invasão de coral-sol. Com base nessas informações, as equipes de mergulho do ICMBio realizam o manejo nos focos identificados, visando a remoção total das colônias, com atenção especial para a remoção de sobras de esqueletos com tecido. A metodologia de remoção do coral-sol se dá de duas formas, por retirada manual, através de talhadeira e marreta e através do martelete pneumático.

Segundo o ICMBio, as colônias, pólipos e restos de tecidos são integralmente coletados em samburás para serem encaminhados à embarcação de apoio pelos mergulhadores. Para cada ponto, são registrados o peso total e o número de colônias retiradas é estimado pela contagem de 10% do peso total.

As colônias removidas, após serem contadas e pesadas, são ensacadas em sacos de lixo reforçados, preenchidos com água do mar e lacrados com abraçadeiras de nylon, são lançados no mar em um ponto já determinado e demarcado. Após 15 dias, a equipe de mergulhadores do ICMBio retorna ao ponto, abre os sacos de lixo e devolve as colônias já mortas para o mar, contribuindo com o retorno do carbonato de cálcio para o ambiente.

“O coral-sol foi descoberto em alcatrazes em 2011 durante as expedições de levantamento de dados para elaboração do plano de manejo. Desde o início foi uma grande preocupação para a gestão devido ao potencial invasor da espécie, que é bastante agressiva e ocupa com facilidade os ambientes recifais nativos.

Começamos o levantamento dos pontos de infestação em 2013. Passamos por um processo de capacitação da equipe e ampliação do conhecimento da espécie com apoio do Prof. Marcelo Kitahara da UNIFESP e do Cebimar/USP, e nos últimos anos temos conseguido frear a expansão da bioinvasão no arquipélago retirando cerca de 6.090 kg de coral sol.

Hoje, a invasão por coral-sol é a principal ameaça à conservação marinha de Alcatrazes e a continuidade do trabalho é fundamental para minimizar os impactos, visto que ainda não temos tecnologia para erradicar a espécie, apenas manter a invasão em níveis mínimos”, enfatiza Kelen Luciana Leite, analista ambiental e chefe do ICMBio Alcatrazes.

Sobre o coral-sol
Os primeiros registros de coral-sol em território brasileiro ocorreram em meados de 1980, correspondendo à observação de colônias em plataformas de petróleo na Bacia de Campos (RJ). Atualmente, o coral-sol é encontrado em mais de 20 municípios, ao longo de mais de três mil quilômetros da costa brasileira, além de ter sido registrado em 23 vetores, desde Santa Catarina até o Ceará. No litoral norte do Estado de São Paulo, são encontrados tanto em substratos naturais quanto em artificiais.

Fonte: ICMBio

Fotos: Kelen Leite / Carolina Ferreira e Leo Francini