Uma nota técnica divulgada, quarta-feira(13), pela Anvisa(Agência Nacional de Vigilância Sanitária) informa que não existe, no momento, nenhuma evidência científica sobre a eficácia do uso de cabines de desinfecção, como as que foram instaladas em São Sebastião, com o objetivo de prevenir infecções pelo novo coronavírus((Sars-CoV-2).
A Nota Técnica 51/2020, com esclarecimentos e alertas sobre o assunto, destaca que, além de não existir, no momento, nenhuma evidência científica sobre a eficácia e a segurança desse tipo de procedimento, tecnicamente, a duração de 20 a 30 segundos para o procedimento não seria suficiente para garantir o processo de desinfecção.
Segundo a nota da Anvisa, a adoção desse mecanismo não inativaria o vírus dentro do corpo humano, além de poder causar danos à saúde de quem se submetesse à desinfecção com saneantes aplicados diretamente na pele e nas roupas.
A Prefeitura de São Sebastião instalou duas cabines de desinfecção, uma no centro, próximo as agências bancárias e, uma outra, em Boiçucanga, na costa sul. As cabines teriam sido instaladas em parceria com a empresa Neobrax, sem nenhum custo para a administração, segundo a prefeitura.
As cabines foram instaladas no dia 27 de abril. Os equipamentos funcionam 24 horas por dia, durante 3 meses, seguindo recomendações do Plano Municipal de Contingência.
Segundo a prefeitura, ao passar pelo corredor de desinfecção, acontece a pulverização com um desinfetante sanitizante, eficaz contra bactérias, fungos, algas e alguns tipos de vírus, incluindo a COVID-19.
Referências internacionais
As conclusões são de uma revisão de documentos, estudos e artigos internacionais realizada pela Agência, que não encontrou recomendações ou exemplos sobre a possível eficácia de desinfecção de pessoas com uso de câmaras, cabines e túneis.
A revisão incluiu informações de fontes como a Organização Mundial da Saúde (World Health Organization –OMS), a Agência de Medicamentos e Alimentos dos Estados Unidos (Food and Drug Administration –FDA), o Centro de Controle e Prevenção de Doenças/EUA (Centers for Disease Control and Prevention –CDC) e a Agência Europeia de Substâncias Químicas (European Chemicals Agency – ECHA).
Hospitais e laboratórios
Além de abordar a ineficácia da desinfecção de cidadãos por meio de câmaras, cabines e túneis, a Anvisa esclarece sobre as particularidades dos procedimentos adotados para evitar a introdução e a disseminação de vírus em hospitais e laboratórios de alta segurança, que são ambientes controlados.
Embora tenham esta característica comum, ambientes hospitalares e de laboratórios não são iguais e exigem regras e protocolos diferentes, uso de produtos e procedimentos seguros, práticas rígidas de higienização das mãos, corpo, roupas, salas e utensílios, além de adotarem equipamentos de proteção individual (EPIs) muito específicos, entre outras características.
Risco dos produtos saneantes
Os produtos químicos usados em saneantes aprovados pela Anvisa são destinados à limpeza e higienização de superfícies, móveis, bancadas, pisos, objetos e paredes, entre outros. Em contato com a pele ou aplicados diretamente sobre ela, podem causar danos e efeitos adversos.
Saiba quais são alguns desses produtos e veja exemplos de suas reações no corpo humano:
- Hipoclorito de sódio: produto corrosivo que pode causar lesões severas dérmicas e nas células, além de produzir irritação nas vias respiratórias. Não deve ser misturado com outros produtos.
- Peróxido de hidrogênio: a inalação aguda pode causar irritação no nariz, garganta e vias respiratórias. Em altas concentrações, pode provocar bronquite ou problemas no pulmão (edema pulmonar).
- Quaternários de amônio: podem causar irritação na pele e nas vias respiratórias. Pessoas expostas podem desenvolver reações alérgicas.
- Ozônio: a exposição de leve a moderada ao gás ozônio produz problemas nas vias respiratórias e irritação nos olhos. Dependendo do tipo de exposição, pode causar desconforto respiratório e outros danos, podendo levar a óbito.