Para comemorar o Dia Internacional da Mulher a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo dá início a uma série de relatos de mulheres que trabalham nas principais instituições da pasta. Profissionais das diversas áreas de atuação da Polícia Militar, Polícia Civil e Superintendência da Polícia Técnico-Científica foram entrevistadas e contaram um pouco das experiências e trajetórias vividas por elas nestas funções.
Ivalda Aleixo é delegada do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e vê a participação da mulher na carreira policial como corajosa, com muito trabalho, superação e dedicação. Dra Ivalda é a segunda mulher a assumir o comando do DHPP.
O que chamou a atenção na carreira policial?
O dinamismo. A possibilidade de trabalhar em vários cenários e pensar em várias possibilidades para um mesmo problema. Sou curiosa e tenho uma mente inquieta, mas posso ter romantizado um pouco (ou bastante), porém não escolheria outra profissão na minha vida. Sou feliz, orgulhosa da carreira e realizada.
Conte a trajetória profissional
Iniciei nos plantões policiais da capital e em seguida passei um período no Departamento de Inteligência da Polícia Civil e depois atuei nas unidades de inteligência da Corregedoria da Polícia Civil, Academia de Polícia, Departamento de Polícia Judiciária da Região Metropolitana – Demacro. Após a realização do Curso Superior de Polícia passei a trabalhar na Divisão de Capturas do Departamento de Operações Policiais Estratégicas – DOPE, onde permaneci por 4 anos e 6 meses e desde o início de 2023 estou no Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa – DHPP.
Qual foi o caso mais marcante na sua carreira?
Não tem um caso em especial. O período que estive na Divisão de Capturas, nos últimos 4 anos, foi muito marcante. Cumpriríamos mandados de prisão de crimes em todo o estado e de crimes graves. Contava com uma equipe dedicada e sempre que nos indagavam o que nos motivava? A resposta sempre era: a vítima. Fazíamos pelas vítimas. Isso é marcante.
Qual foi o caso que mais te emocionou?
Sou emotiva. A dor de uma mãe que perde a sua filha, vítima de um feminicídio, por exemplo, é inimaginável. Os crimes contra a dignidade sexual, em vulneráveis também me deixam inconformada. Porém, sempre lembro, com emoção, da prisão de um pai que havia abusado sexualmente dos 3 filhos (duas meninas e um menino) e da esposa, além das agressões físicas que deixaram cicatrizes em todos e levou uma das filhas abusada por anos à morte por anorexia após uma severa depressão. Lembro do momento em que vi as cicatrizes profundas deixadas no corpo da sua ex-mulher e em um dos filhos e como me senti impotente diante de tanto sofrimento.
Como você vê a participação da mulher na carreira?
Uma participação corajosa, com muito trabalho, superação e dedicação. A participação feminina na carreira aumentou nos últimos anos o que reforça aquela frase que a mulher pode ser o que ela quiser.
A senhora sente algum machismo por parte de colegas ou pela população?
O machismo é cultural em nossa sociedade. É histórico. Até 1932 as mulheres não tinham direito ao voto. Hoje, ainda que de forma tímida, já participamos da política brasileira. Então o machismo existe, mas as mulheres estão buscando cada vez mais sua independência e espaço na sociedade e será preciso uma atuação contínua para provocar uma mudança nessa cultura e até mesmo na educação formal que busque incorporar a igualdade entre os gêneros.
Fonte: Assessoria do Governo do Estado de São Paulo