Emília Furtado de Freitas, nascida em São Pedro, sul da Ilhabela, tem mais de 100 anos de uma vida de histórias, fé e boas ações no Litoral Norte. Em 29 de setembro dona Emília completou 101 anos. Ao observar os relatos sobre os seus anos de juventude é possível observar a falta de infraestrutura que ela presenciou na região e a dedicação aos moradores e devotos da Capela de São Pedro realizados por ela e seu companheiro de vida, Rodrigo, conhecido como Senhor Santinho em referência às boas ações que realizava na comunidade.
Dona Emília e o Senhor Santinho tinham uma venda de secos e molhados em uma época em que não havia água encanada ou energia elétrica e o transporte utilizado eram as canoas e barcos. Foi preciso buscar soluções diante dos poucos recursos da comunidade, eles conseguiram trazer água de uma nascente do morro com uso de bambu. As boas ações do casal iam desde ajuda com pomadas para as picadas de borrachudos, entrega de remédios homeopáticos e costura de roupas para as pessoas do bairro, que agradeciam com frutas e alimentos de cultivo próprio.
O casal era responsável por zelar pela Capela de São Pedro, realizar o culto aos domingos e as festividades litúrgicas. Dona Emília conta que havia naquele bairro um espírito comunitário muito forte e isso marca a sua lembrança dos anos em que viveu em São Pedro.
Ao se mudar para São Sebastião o casal desejava continuar fazendo a diferença para a comunidade, então entrou para a Sociedade São Vicente de Paula para ajudar os mais necessitados. Eles faziam visitas aos asilos e arrecadavam dinheiro e mantimentos para as pessoas carentes do município. “Eu sei que nós tivemos a ajuda de Deus. Ele disse que devemos amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos”, relata Emília. Tanto amou que aprendeu a tocar violão para animar o grupo de oração que se reunia uma vez por semana na Igreja Matriz de São Sebastião.
Dona Emília, tem 8 filhos, 9 netos e 5 bisnetos. Sua filha Fátima conta que “a saúde dela em geral é boa, a única coisa que dificulta um pouco dela são as crises de Parkinson, mas quando está bem ela é lúcida e gosta de assistir palestras e as missas pela internet, tem até Facebook e muitos amigos”, relata. Emília acredita que “a fé e as boas ações para com a comunidade são muito importantes”. Seu centenário nos lembra da essência do povo e da história caiçara, marcados pela fé e espírito de comunidade.