Professor foi o primeiro na história da cidade a receber o prêmio, conquistado com o projeto “Vias de Imagem”
Por Marcello Veríssimo
O professor Fernando Ricardo Canindé Rufino, de São Sebastião, foi um dos vencedores da 18º edição do Prêmio Educador Nota 10, realizado pela Fundação Victor Civita e pelo Grupo Abril, em parceria com a Globo e a Fundação Roberto Marinho.
Rufino é formado em artes pela Universidade Federal de Ouro Preto, em Minas Gerais, estado onde nasceu, e atua como professor da Escola Municipal da Topolândia, em São Sebastião.
Fernando foi premiado com o projeto “Vias de Imagem”, realizado com estudantes do 7º ano e do EJA (Educação de Jovens e Adultos). A proposta é usar o smartphone como ferramenta pedagógica, contribuindo com o ensino e estimulando a criatividade. “O telefone celular é um problema hoje para todos os professores, está nas mãos dos alunos o tempo inteiro”, explicou Fernando, citando a forte presença dos aparelhos em sala de aula, que acabam sendo usados para fins pouco produtivos, como navegar nas redes sociais e até tirar selfies.
Rufino conta que seu projeto é dividido em duas etapas: fotografia e vídeo. Primeiro, ensinou a base teórica da fotografia aos alunos, como ângulo, perspectiva e luz. Os alunos foram instigados a registrar imagens que fugissem do lugar-comum. Na segunda etapa, a turma aprendeu conceitos de vídeo, como sinopse, storyboard e ficha técnica, além de produção de roteiro e modos de filmagem. “Experimentamos tudo na sala de aula, depois nós saímos pela área da escola para eles praticarem tudo com o celular. O resultado foi impressionante”, comemora. O curta Presságio, concebido, produzido e encenado pelos próprios alunos, foi o resultado final da iniciativa do professor Fernando.
“Vias de Imagem” foi premiado em uma disputa que contou com mais de 3 mil trabalhos inscritos, de professores de todo o Brasil. “Eles selecionam 10 vencedores de todo país. Nós estamos entre esses 10”, disse Fernando, que é o primeiro educador do município a figurar na lista de vencedores do “Educador Nota 10”.
De acordo com o professor, o projeto não foi criado para ganhar prêmios. Ele conta que a ideia surgiu da necessidade, como educador, de introduzir o celular nas aulas para deixá-las mais atrativas, com ares de intervenção artística. “Dou aula de artes, talvez na minha disciplina seja mais fácil de inserir o aparelho do que numa aula de matemática”, ponderou Rufino, que também dá aulas de teatro no município.
Os premiados ganharam vale presente de R$ 15 mil e assinatura da Revista Nova Escola Digital – os trabalhos serão publicados em uma edição especial da revista. “Todo mundo na escola ficou muito feliz, está tudo muito recente”, diz Rufino, que soube do resultado na última terça-feira, 1.
O professor acredita que a educação pode ser o melhor caminho para mudar os rumos do país nas próximas gerações, desde que ocorra cada vez mais entrosamento entre escola e família.