Famílias são obrigadas a gastar muito dinheiro para velar parentes na região central
Por Raell Nunes
Os moradores da região central que precisaram velar parentes nesses últimos tempos dizem que é muito caro o serviço funerário na cidade. É que só existem velórios comunitários nos bairros do Ipiranguinha e Maranduba.
Na região central, não existe velório público, só particulares. E, os preços cobrados são para poucos. As famílias mais carentes passam dificuldades para velar e enterrar seus parentes.
O velório do Ipiranguinha já levantou polêmica na semana passada, quando a população cobrou manutenção no espaço.
Segundo a Planstel, único funerário e velório de Ubatuba, um serviço completo incluindo urna mortuária (caixão), ornamentação da urna com flores naturais, higienização, tanatopraxia, necromaquiagem custa, em média, de R$ 1 a 3,5 mil.
Entretanto, há planos luxuosos que chegam a gerar um gasto de até R$ 20 mil. Para homenagear amigos e familiares, a coroa de flores fica entre R$ 250 a R$ 500.
A mãe de Lucas Pereira morreu no mês passado. No serviço completo, ele pagou R$ 3,5 mil. “Queria dar um descanso digno à minha mãe. Fizemos um ‘rateio’ entre os parentes para pagar. Todos acharam caro. Mas queria que ela fosse enterrada aqui”, afirma.
Já Patrícia Dias, moradora da comunidade do Ipiranguinha, não teve a mesma condição de Lucas. Foi preciso recorrer à assistência social, que arcou com as despesas, após comprovação de baixa renda. Todo o serviço custou R$ 1,5.
“Não é fácil passar por essa situação. Eu tenho duas nenéns em casa, meu marido não está trabalhando e minha mãe faz faxina. Não tem como tirar esse dinheiro do bolso. É triste dizer isso. Meu pai merecia mais”, lamenta.
Cemitérios
Nos cinco cemitérios existentes em Ubatuba, cerca de mil pessoas são sepultadas por ano, segundo dados da Gerência de Cemitérios da Prefeitura.
Os cemitérios do Camburi e Ubatumirim são os que têm menos pessoas sepultadas. A soma dos dois resulta em cerca de 950 sepultamentos.
No Camburi estão os restos mortais de pessoas das comunidades quilombolas. Já no Ubatumirim, é onde são enterrados após a morte os indígenas.
A Caçandoca também possui um local destinado aos sepultamentos e reúne 1,5 mil túmulos. Apesar disso, os locais que mais recebem sepultamentos no município são os cemitérios do Ipiranguinha e Centro.
No cemitério do Ipiranguinha, que atualmente está com mais de 6,5 mil túmulos.
O recinto de jazigos do Centro tem mais de 7,1 mil sepultados e já foi considerado o lugar dos “mortos ricos” de Ubatuba.
Lá estão enterrados personalidades da cidadeCidade, tais como o Capitão Deolindo, Altimira Silva Abirached, Aurelina Ferreira, Dona Maria Alves e Ciccillo Matarazzo. O espaço também preserva ataúdes do século 19.