São Sebastião

Em meio à desafios, mãe cria sozinha dois filhos com a venda de hot dogs

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Os filhos hoje já estão adultos e cuidam da mãe e do negócio da família

 Hoje em dia, ela luta contra a depressão e se aposentou da profissão; filhos continuaram tocando o negócio da família 

Por Rafael César, de São Sebastião

A ex-ambulante, Odete Araújo Figueiredo, 54, já enfrentou inúmeras situações difíceis, principalmente para sustentar e educar seus dois filhos, tarefa que realizou praticamente sozinha. Natural da Paraíba, ela vive em São Sebastião há 30 anos, onde reside no bairro Maresias. Ela teve seu primeiro filho aos 29 e a segunda aos 37 anos.

Segundo Odete, desde que foi mãe pela primeira vez, ela teve que batalhar contra as dificuldades impostas vida. O marido estava com medo de ser pai, eles tinham más condições financeiras e ainda estavam em outro Estado, sem nenhum familiar próximo para oferecer qualquer tipo de apoio.

“Está situação com meu ex, me deixava muito insegura em relação ao futuro do meu filho. Não parava de pensar em como sustentar o meu bebê. Sempre trabalhava como doméstica, o salário era pouco e tinha que arrumar alguém para tomar conta dele. Eu não tinha essa pessoa para me ajudar, foi quando decidi voltar para a Paraíba, lá eu receberia ajuda da minha mãe. Porém, eu só fiquei seis meses e voltei para o Litoral Norte”, explica.

Odete conta que quando voltou do nordeste recebeu um pouco mais de apoio do marido e eles conseguiram um trabalho que aceitou a família inteira. Mas ela não estava muito feliz nesse emprego e decidiu criar seu próprio negócio, em 1993.

“Meu ex-marido e eu tivemos muitas idas e vindas, isso gerou vários problemas para nossa família. Eu também não aguentava mais a vida de doméstica, era difícil na época trabalhar nesse ramo. Queria algo que fosse meu, quando surgiu um amigo me oferecendo um carrinho de hot dog. Nem pensei muito e topei a oferta”, contou.

A ex-ambulante falou que não tinha fornecedores e dependia de um amigo para conseguir comprar as mercadorias. Além disso, o marido não lhe deu muito apoio para seguir com a ideia empreendedora.

“No início, foi meio complicado. Não tinha experiência nenhuma como empreendedora e pensei que tudo poderia dar errado. Mas já nas primeiras vezes que montei o carrinho consegui perceber que o lucro era bom e que o negócio compensava. Cheguei a faturar em um carnaval o que ganhava no ano de caseira”, acrescentou.

Neste momento da vida, Odete tinha que pagar aluguel, trabalhar e tomar conta do filho (já que novamente ela estava separada). Para ela, o mais difícil era quando tinha que deixar o filho na casa de amigos para conseguir trabalhar a noite com o carrinho de hot dog.

Apesar das dificuldades ela alcançou alguns objetivos como uma casa própria e conseguiu dar uma boa educação aos seus filhos. Mas nem tudo seria fácil, mesmo depois desta boa fase.

O que mais abalou a mãe foi a noticia que recebeu em 2013, de que estava com um tumor cerebral. Após o laudo médico ela teve que ser submetida a três cirurgias na cabeça, o que também gerou a depressão que já dura há dois anos e meio. 

Sua filha, Amanda Cristina Figueiredo Barros, 18, que administra hoje o carrinho, acha sua mãe uma verdadeira guerreira.

“Minha mãe é uma guerreira, pois ela já enfrentou muitas dificuldades na vida. O fato dela ter depressão me fez evoluir e tomar conta dela. Nossos papéis praticamente se inverteram nos dias de hoje e sou eu que tenho que tomar conta dela. Temos alguns atritos, por eu ser muito nova e ter que conviver com essa doença que é de difícil compreensão. Mas eu sei que mãe igual a ela não existe em lugar nenhum e me orgulho muito do nosso negócio de família”, completa.

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