Entre 2015 e 2018 , em nossa região, foram encontradas mortas, 3805 tartarugas, a metade dessas mortes foram causadas pelas pessoas que pescam ou frequentam nossas praias
Por Salim Burihan
O número é realmente assustador, 3.805 tartarugas foram encontradas mortas em nossa região nos últimos três anos, segundo informou o presidente do Instituto Argonauta, o oceanógrafo Hugo Gallo.
Nas últimas duas semanas, dez delas apareceram mortas nas praias da região. A última delas, encontrada, na última quarta(29), na praia do Arrastão, em São Sebastião, pesava cerca de 120 quilos. Foi recolhida para avaliação das causas de sua morte.
Segundo Gallo, o levantamento foi feito pelo instituto, através do PMP(Projeto de Monitoramento das Praias), desenvolvido há dois anos pela entidade, como contrapartida da exploração do pré sal, em nossa região, pela Petrobrás.
O instituto monitora as praias, diariamente, na busca de tartarugas e outros animais marinhos, mortos, doentes ou trazidos pela maré. Cerca de 80 pessoas atuam nesse monitoramento, que ocorre em praias de Ubatuba, Caraguá, São Sebastião e Ilhabela.
Segundo Gallo, 50% das tartarugas foram mortas devido à ação do homem, 25% na captura acidental (captura de tartaruga nas redes de pesca) e 25% mortas pelo lixo que é lançado ao mar ou deixado nas praias.
É importante destacar que os animais marinhos confundem o plástico com alimentos e ao ingerirem esses materiais, podem chegar à morte.
“Podemos garantir, que 10% delas morreram por atropelamento de embarcações. O restante (40%) das mortes, ocorreu devido a doença ou causas naturais”, detalhou.
Com relação à pesca acidental de tartarugas, o Projeto Tamar, cuja sede é em Ubatuba, tem feito um trabalho dos mais importantes, há muitos anos, conscientizando as comunidades de pesca sobre os riscos da captura acidental.
Segundo Berenice Gallo, do Tamar, há 29 anos o projeto trabalha com os pescadores, em Ubatuba, orientando sobre a pesca acidental. O número de mortes de tartaruga, por captura acidental nas redes reduziu muito a partir dessa iniciativa.
Os pescadores, hoje, são parceiros do Tamar, ajudando no salvamento e resgate das tartarugas, que ficam enroscadas em suas redes.
Lixo
Além do número impressionante de tartarugas encontradas mortas nas praias da região, entre 2015 e 2018, Hugo Gallo tem outra informação bastante interessante.
Segundo ele, a maioria do lixo encontrado nas praias é resultado da falta de cuidado dos moradores da região. “O turista tem sua parcela de culpa, mas nossos moradores, precisam se conscientizar mais e evitar abandonar o lixo nos córregos e nas margens dos rios. Com a chuva, isso tudo, vai parar nas praias”, afirmou.
Para Gallo, a conscientização dos moradores e o trabalho de educação ambiental nas escolas precisam continuar. “A população tem que entender que precisa colaborar, pois só assim, evitaremos a poluição das praias, do mar e a morte de animais marinhos”, finalizou.